Ana Sofia Antunes: “O setor tem todas as características para que a inclusão funcione bem”
A deputada na Assembleia da República Portuguesa, e antiga Secretária de Estado da Inclusão, identifica a indústria hoteleira como um setor “que tem todas as características para que a inclusão funcione bem”. A necessidade de avaliar perfis para melhor integrar pessoas com deficiência nas empresas, a percentagem de sucesso nos processos de integração, mas também o reforço de laços de cooperação dentro das equipas foram alguns dos pontos abordados nesta sessão integrada no XXI Congresso da ADHP – Associação dos Directores de Hotéis de Portugal.

Carla Nunes
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Num painel dedicado à inclusão na hotelaria, o XXI Congresso da ADHP deu palco a Ana Sofia Antunes, deputada na Assembleia da República Portuguesa e antiga Secretária de Estado da Inclusão, a par de Teresa Cópio, diretora de recursos humanos no Dom Pedro Lisboa.
Identificando a indústria hoteleira como “um setor que tem todas as características para que a inclusão funcione bem”, Ana Sofia Antunes afirma que um dos pilares que condiciona a entrada de pessoas com deficiência no mercado de trabalho passa pelo desconhecimento, seguido pelo “receio da solidão no processo de recrutamento”, sem contarem com apoio especializado.
Nesse sentido, a profissional aponta para a necessidade de analisar em primeiro lugar o perfil da pessoa com deficiência, decidindo posteriormente em que cargo esta pode ser integrada tendo em conta as suas capacidades. Ao fazer esta integração, e admitindo que “a empresa terá de se adaptar”, seja ao garantir adaptações físicas do espaço de trabalho ou novos programas tecnológicos, Ana Sofia Antunes afirma que o hotel fica também mais preparado para receber hóspedes com deficiência.
“Quando um hotel se prepara para receber um colaborador com deficiência, o próprio colaborador consegue dar indicações à empresa de como pode melhorar para receber um cliente com deficiência”, refere.
Indica ainda que, de momento “há um desconhecimento das medidas estatais de apoios para empregabilidade nesta área”, considerando que as entidades públicas “deveriam comunicar esses apoios e não o fazem como deve ser”.
Reforço da cooperação
Da sua experiência, Ana Sofia Antunes refere que quando devidamente acompanhados, os processos de colocação acabam por ter sucesso em mais de 80% das colocações.
“A mensagem que recebemos é que se constrói nas equipas um reforço de laços, de humanismo e cooperação muito maior do que o que existia antes de a pessoa com deficiência integrar a equipa”, afirma.
Aportando para a ideia de que contratar uma pessoa com deficiência “vai implicar a perda de rendimento”, a profissional defende que “a experiência que tenho é a de que estamos a falar de pessoas que aumentam a produtividade, não diminuem, porque encaram [o cargo] como a grande oportunidade da sua vida”. Como refere, “em regra já passaram por muito na vida, experiências nem sempre fáceis, apresentam um grau de maturidade elevado, não faltam com frequência e são responsáveis”.
Sobre o tema, Teresa Cópio é da opinião de que não é necessário um gabinete de inclusão para colocar estas políticas nos negócios: “A inspiração também cabe os recursos humanos para introduzir a inclusão nas empresas. Introduzi este tema na minha organização em 2002. Tive a sorte de o meu CEO me permitir trabalhar estes temas e incluí-los no negócio”, explica.
Responsável pela implementação de quotas para a contratação de pessoas com deficiência em Portugal, Ana Sofia Antunes encara o futuro de forma positiva, acreditando na crescente valorização de empresas diversas.
“Fui a responsável pela implementação de quotas e fi-lo com a absoluta convicção de que se não for assim, dificilmente vamos lá. Acreditamos que dentro de alguns anos esta lei não seja precisa. Uma empresa com uma pessoa com deficiência é diversa, e isso é cada vez mais valorizado, seja por quem trabalha na empresa, seja por quem recorre à empresa”, termina.