Novos públicos e hábitos de consumo: as tendências para o canal Horeca em destaque na Ambiente
Pierre Nierhaus, consultor para a indústria hoteleira, marcou presença na feira Ambiente para dar a conhecer aquelas que considera as principais tendências no canal Horeca para 2025 e 2026. Novos hábitos de consumo, especialmente à hora de almoço, a necessidade de criar ofertas para várias gerações e a digitalização foram alguns dos pontos referidos pelo profissional, que enfatiza o papel da experiência do cliente neste segmento.

Carla Nunes
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A feira Ambiente, que este ano decorre de 7 a 11 de fevereiro na Messe Frankfurt, arrancou com uma programação fortemente apostada no canal Horeca, a par da oferta de expositores.
As principais tendências para o setor no próximo ano foram o foco da palestra de Pierre Nierhaus, consultor para a indústria hoteleira e autor do Gastro-trendreport 2025/2026.
No que diz respeito ao panorama gastronómico, o profissional argumenta que a cozinha de fusão “deixou de ser confusa” para estar agora bem sedimentada e afirmada, dando como exemplo a cozinha Nikkei, que reúne a cozinha japonesa com ingredientes e influências da gastronomia de países da América do Sul.
Já a cozinha saudável é indicada como a principal tendência, com as vertentes vegan e vegetariana a aumentar, “especialmente nos jovens”, que mostram também apetência para o flexitarianismo, com a redução do consumo de carne.
No entanto, além desta tendência nas faixas mais jovens, Pierre Nierhaus aponta para a importância de criar propostas para gerações como os baby boomers, que têm agora “bastante tempo livre – mais do que as gerações que ainda estão a trabalhar – e que também gostam de viajar e ir a novos locais”.
Além da oferta gastronómica, o profissional aporta para a importância da experiência que é prestada nos estabelecimentos do canal Horeca, numa altura em que os consumidores, “pela primeira vez, gastam mais dinheiro em experiências do que em bens materiais”.
“Há dez anos, as pessoas iam de férias e traziam bens materiais do destino. Hoje, trazem fotografias, publicam-nas no Instagram. Partilham a sua experiência. Ao jantar num restaurante, partilham fotografias com os amigos, da comida. Por isso, esta é também uma boa oportunidade para os destinos turísticos partilharem a sua história”, refere Pierre Nierhaus.
A indústria dos snacks
O profissional argumenta também que o consumo está a mudar, principalmente ao almoço, com os consumidores a preferirem snacks – como uma sandes, fallafel ou pequenas pizzas, por exemplo – em detrimento de uma refeição completa, com prato principal. Como refere, “as padarias estão a substituir os restaurantes ao almoço”, e a oferta que começou por pequenos pontos de venda na rua passou a estar disponível em restaurantes próprios.
Nesta que apelida como “a indústria dos snacks”, a digitalização mostra-se como uma ferramenta natural, com o profissional a prever que os restaurantes se tornem cada vez mais digitais.
Opções de digitalização na cozinha, para organizar procedimentos e horários, mas também virados para o cliente, com a opção de reservar mesa e consultar menus online, são preconizados por Pierre Nierhaus como um movimento cada vez mais crescente na restauração, onde o QR Code se mantém como “o grande vencedor”, a par dos terminais de pagamento sem contacto com os trabalhadores.
Sobre a possibilidade de se poder perder o contacto com o cliente que caracteriza o setor, Pierre Nierhaus lembra que apesar do atendimento digital, “a experiência deve ser sempre analógica”. Nos momentos em que há efetivamente contacto com o cliente, a atenção deve ser redobrada e, apesar de no futuro poder ser possível ter refeições elaboradas por robots, o profissional admite que prefere que esta continue a ser confeccionada por profissionais.
“[Equilibrar o digital e o analógico] é um grande compromisso. Pessoalmente, prefiro que [o setor] não se torne demasiado digital, mas a mudança vai chegar automaticamente”, termina.
*A Publituris Hotelaria viajou até Frankfurt, na Alemanha, a convite da Messe Frankfurt.