O grupo Torel Boutiques Hotels, que até agora contava com cinco hotéis no portefólio, localizados em Lisboa, no Porto e no Douro, passa a contar com mais três hotéis, após um investimento de 1,6 milhões de euros.
O valor foi utilizado na remodelação dos três edifícios já existentes dos futuros Torel Saboaria, Torel Royal Court e Torel Terra Brava, que integram o conjunto de hotéis do grupo através de contratos de arrendamento de longa duração, como explica João Pedro Tavares, fundador e sócio maioritário do Torel Boutiques Hotels, em entrevista à Publituris Hotelaria.
No Torel Saboaria, que abre portas em abril no Porto, o grupo investiu 200 mil euros na renovação de uma unidade hoteleira já existente situada junto à antiga Fábrica de Sabão do Bolhão. Apenas a área de spa não foi visada nesta remodelação, que pretendeu estabelecer um conceito para este hotel, agora focado nos sabões. Com uma loja própria para venda de sabonetes, o hotel pretende prestar homenagem no artesanato local, característica que transparece no design de interiores, a cargo do estúdio portuense NANO Design.
Já em Guimarães, o hotel Conquistador Palace, do antigo tenista João Sousa, foi alvo de um investimento de outros 200 mil euros para a sua reconversão no Torel Royal Court, de cinco estrelas. A remodelação do hotel visa o acrescento de quatro quartos, spa e um ginásio, sendo que o hotel passará a totalizar 18 unidades de alojamento.
O maior investimento foi realizado no futuro Torel Terra Brava, em Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira. Instalado num antigo solar que já tinha funcionado como hotel, o projeto será posicionado “como um produto de experiência”, de acordo com João Pedro Tavares. Inspirada nos quatro elementos – água, fogo, terra e ar – a unidade hoteleira vai contar com 44 quartos, spa, restaurante e um cocktail lab.
Com todos os hotéis Torel a contarem com restaurantes, dois dos quais com estrelas Michelin, João Pedro Tavares aponta que pretendem “continuar a investir na experiência gastronómica distintiva”.
Como afirma, “queremos que os nossos hóspedes sintam muita qualidade, inovação e criatividade”.
Para estes hotéis, o grupo espera atrair mercados com os quais já trabalha habitualmente, como é o caso do nacional e do europeu, entre França, Alemanha e Espanha. Nos Açores, “pela proximidade que tem com os Estados Unidos”, o mercado norte-americano é antecipado como “natural”.
Mais três hotéis a caminho no Norte
Sobre a escolha destas localizações para os três novos hotéis do grupo, João Pedro Tavares explica que o facto de Angra do Heroísmo e Guimarães serem consideradas Património da Humanidade pela UNESCO, a par das características históricas dos edifícios, tomaram peso na decisão.
“Não foi nada planeado, apareceu. Temos tido muitos contactos, muita dinâmica de procura [dos hotéis] para se associarem com a nossa marca. Mas obviamente que nem tudo encaixa nas linhas que definimos e que queremos continuar a desenvolver”, refere.
Sem se reportar a pormenores, o fundador do Torel Boutiques Hotels afirma que o grupo terá “mais três hotéis ainda este ano”, que deverão situar-se na região norte.
“Sentimos que é o momento de começarmos a ocupar espaços que não sejam apenas Lisboa e Porto, porque estamos à procura de locais distintivos que ainda não tenham uma oferta que se possa equiparar ao que nos propomos oferecer”, afirma João Pedro Tavares.
Os resultados de 2024
O ano de 2024 foi “fabuloso” para o grupo, segundo o fundador, que aponta para receitas de 16 milhões de euros auferidas apenas na vertente de alojamento, com os restaurantes a acrescentar “um contributo muito expressivo” a este valor.
Com a tarifa média diária (ADR, na sua sigla em inglês) a crescer 7,5% em 2024, face a 2023, a taxa de ocupação média situou-se nos 82% no ano passado.
Findo o primeiro semestre de 2025, João Pedro Tavares indica que já estão a crescer 17% em ADR em relação ao primeiro trimestre de 2024, com o preço médio acima dos 400 euros.
“Embora não esteja assim tão otimista, vamos ter mais hotéis [este ano]. O pick up está mais em cima, mais à última da hora, e temos estado a trabalhar muitos mercados que não trabalhávamos”, refere o fundador, que antecipa um crescimento da equipa para cerca de 200 trabalhadores.
Continuidade nas remodelações
O ano passado ficou também marcado pela remodelação do Torel Palace Lisbon. Após 13 anos de operação, o grupo sentiu a necessidade de renovar um dos edifícios que integra o hotel, para igualar a oferta de quartos em toda a unidade. Desta forma, foram investidos 200 mil euros, que permitiram incluir suítes com 70 metros quadrados, através da eliminação de dois quartos, além de piscinas exteriores.
Também no Torel Quinta da Vacaria estão em vista obras de expansão a cargo do proprietário da unidade, com mais espaço de spa e um terceiro restaurante.
Com menos de um ano de atividade, esta unidade hoteleira de 33 quartos no Douro tem captado mercados como o nacional, brasileiro, norte-americano e britânico, segundo Paulo Silva, assistente de direção no Torel Quinta da Vacaria.
Com os fins-de-semana a registarem taxas de ocupação de 60% e os dias de semana a situarem-se entre os 40% a 50% de ocupação – taxas consideradas “ótimas” por Paulo Silva “para esta altura do ano [março] no Douro” – o objetivo será que estas se situem nos 75% a partir de maio. De momento, o preço médio é de cerca de 400 euros, sendo que o objetivo passa por atingir entre os 500 e os 600 euros na época alta.