“Os clientes querem qualidade e pagam. O preço não é o desafio”
Elmar Derkitsch, director-geral do Lisbon Marriott Hotel acredita que 2022 trará melhores números ao setor, mas relembra que continuam a ser precisos apoios para enfrentar a época baixa até ao verão.
Rute Simão
Portugal terá mais 114 hotéis até 2026. Cidade de Lisboa é das que lidera aberturas
Melgaço será o destino da sétima unidade da espanhola Oca Hotels em Portugal
Torel Quinta da Vacaria abre portas no Douro com categoria 5 estrelas
Hotéis independentes atingem ocupação de 86% no feriado de agosto
Grupo Terras & Terroir amplia portefólio com novo 5 estrelas no Douro
Belavista da Luz – Wellness & Lifestyle Hotel apresenta-se renovado após investimento de 3M€
Me by Meliá tem Open Day para novo hotel
Grupo Jupiter investe cerca de 21M€ para abrir novo hotel no Porto
Cushman & Wakefield antecipa abertura de mais 110 hotéis até 2027
KPI Hotel tem novo COO
Depois daquele que foi “um verão fraco para os hotéis de cidade”, o início do outono trouxe algum ânimo ao Lisbon Marriott Hotel. “O nosso negócio começou bastante forte a partir de meio de setembro, outubro e novembro foi bom. Em comparação com 2019 ainda temos a ocupação 30% a baixo”, explica o director-geral do quatro estrelas lisboeta, Elmar Derkitsch.
Sobre aquele que é o balanço da operação do ano que terminou a 31 de dezembro de 2021, o director-geral diz que as receitas estiveram abaixo de 2020. “O verão foi fraco para os hotéis de cidade e agora estamos numa fase de recuperação. A ocupação e as receitas que fizemos ainda estão abaixo do ano passado, porque em 2020 os primeiros três meses foram bons”, explica.
Elmar Derkitsch refere que o desafio principal foi a ocupação e não o preço. “Os clientes pagam preços bons. Os clientes querem qualidade e pagam. O preço não é o desafio”, assegura.
Um 2022 mais otimista e o regresso do MICE
Sobre este ano de 2022, o responsável do maior hotel lisboeta acredita que “terá de ser melhor do que 2021” e confirma que o interesse pela retoma do MICE está a aquecer. “Acreditamos numa melhoria de mercado. A procura está a subir. Pensamos que as reservas individuais vão crescer nos primeiros quatro a cinco meses e vamos temos mais eventos corporativos. As empresas têm mais vontade de confirmar para o segundo trimestre de 2022. Querem fazê-los mas ainda estão um pouco reticentes”, refere, explicando que, a partir de abril a procura por eventos está “bastante forte”, nomeadamente no que diz respeito a convenções e congressos médicos, com uma capacidade de entre 80 a 300 pessoas.
Além das confirmações houve bastante procura que não foi concretizada devido à incerteza sobre a pandemia e as medidas restritivas que regressaram. “O feedback que tivemos dos clientes foi de alguma incerteza e alguns não quiseram confirmar os pedidos que fizeram. É normal. Por outro lado, todos na hotelaria temos já a experiência de 18 a 20 meses de incerteza e vamo-nos adaptar como sempre”, assegura.
“As empresas precisam da flexibilidade de contratar e despedir”
Relativamente a este ano de 2022, o diretor do Lisbon Marriott Hotel diz ser essencial que os apoios ao setor se prolonguem e alerta que, até ao verão, há um período de época baixa que é preciso enfrentar. “Relativamente ao lay off, por exemplo, precisamos de ter um pouco mais de certeza para sabermos o que vai acontecer, uma vez que ainda não estamos em recuperação. Noutros países da Europa – exemplo em Espanha ou na Alemanha – as medidas serão prolongadas até abril ou maio. E isto falta em Portugal”, acusa.
O responsável aproveita para apontar o dedo às leis laborais que considera desajustadas à realidade do setor e que podem prejudicar a retoma das empresas de turismo. “A redução dos contratos a prazo de três para dois anos mata-nos. Cada vez é mais complicado despedir funcionários e há mais dias de férias. Para nós não funciona, não faz sentido no nosso setor. Quando os funcionários têm direito de ter 50% das suas férias na nossa época alta, não faz sentido”, lamenta.
Outra das medidas que considera fundamental é o banco de horas. “A esquerda está a lutar contra esta medida. Para o nosso setor é importantíssimo. Com isso temos a flexibilidade de termos os nossos funcionários aqui quando precisamos e, depois acumulando as horas, no inverno, como sempre foi, podem gozar estes dias. Tenho a sensação de que alguns políticos pensam que a crise já passou. O aumento do salário mínimo faz sentido, mas as empresas precisam da flexibilidade de contratar e despedir e adaptar o quadro dos seus funcionários ao negócio e ao mercado para sobreviver. E as restrições que estão previstas não ajudam”, conclui.