“Situação da hotelaria é muito grave e os apoios insuficientes”
Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) considera que os mais recentes dados do INE confirmam as suas piores projeções e mostram que o setor vive uma crise sem precedentes.
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A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) volta a pedir medidas especificas para o setor do alojamento, uma vez que a “situação da hotelaria é muito grave e os apoios insuficientes”, defende a associação em comunicado, onde considera que os mais recentes dados do INE vieram confirmar as suas piores projeções, mostrando que o setor vive uma crise sem precedentes.
“2020 foi um péssimo ano, recuámos a valores de dormidas de não residentes de 1984. Mas 2021 não será melhor. A situação da Hotelaria é muito grave e os apoios insuficientes, é importante que se perceba isso”, alerta Raul Martins, presidente da associação, citado no comunicado divulgado pela AHP esta quinta-feira, 18 de fevereiro.
A AHP diz que os dados do INE “não surpreendem o setor hoteleiro e vão, infelizmente, ao encontro do que a associação já antevia”, e lembra que tem vindo a monitorizar o impacto da COVID-19 na Hotelaria e nos Hostels desde o início da pandemia, tendo desde logo alertado para o profundo impacto do novo coronavírus no setor.
“Logo em março de 2020, tinha projetado uma perda de 7,3 milhões de dormidas e 800 milhões de euros, até junho. Mas já no final do ano passado o cenário apontado, tendo como base os resultados de 2019, era ainda mais catastrófico: quebra de 70% nas dormidas (menos 40 milhões de noites) e de 80% nas receitas, alojamento e outras, o que equivale a menos 3,6 mil milhões de euros. Isto só considerando a Hotelaria (Hotéis, ApartHotéis e Pousadas)”, recorda a associação.
A AHP salienta ainda que, entre as várias formas de alojamento turístico, os dados do INE mostram que “a Hotelaria e os Hostels se destacaram dos demais pelas ainda mais brutais quebras, com reduções de 64,5%, e 66,4%, respetivamente”, que foram “muito superiores às registadas pelo alojamento local e pelo turismo no espaço rural e de habitação”.
A associação está ainda preocupada com o impacto na pandemia nos vários destinos nacionais e, mais uma vez, os dados do INE vêm confirmar as previsões que a AHP tinha já apresentado, mostrando que “as maiores quebras são e serão nos destinos urbanos e o especial impacto no principal destino religioso”.
“Mais uma vez os números do INE revelam que Lisboa teve uma quebra de 76%; o Porto de 72% e Fátima ainda sofreu uma maior hecatombe, com uma redução de 78% nas dormidas, que se deveu principalmente ao colapso das dormidas de não residentes: menos 88%”, destaca a associação.
“As empresas hoteleiras estão há um ano com quebras enormes, e neste momento não conseguem honrar os seus compromissos com os ordenados, os fornecedores e os impostos”, acrescenta Raul Martins, salientando que as empresas hoteleiras empregam cerca de 90 mil profissionais, o que corresponde a 30% de todos os profissionais do setor do alojamento e restauração.
Devido à situação delicada em que muitas empresas já se encontram, a AHP volta a insistir na urgência dos apoios específicos para o setor do alojamento, como a criação de uma linha específica de apoio para a hotelaria e medidas financeiras e fiscais exclusivas para estas empresas, além da isenção da TSU e da prorrogação urgente das moratórias dos reembolsos de capital e juros das linhas de financiamento “COVID-19” e dos demais créditos bancários.
“Se não existirem apoios urgentes, não será ‘apenas’ o setor hoteleiro, empresas, trabalhadores e famílias que sofrerão, mas toda a economia”, sintetiza Raul Martins.