Turismo literário: a palavra enquanto viagem
Leia aqui a opinião de Fabrizio Boscaglia, professor auxiliar convidado na Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração da Universidade Lusófona, investigador em Fernando Pessoa, cultura portuguesa e diálogo intercultural e formador no Curso de Turismo Literário do Turismo de Portugal.
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O turismo literário tem vindo a destacar-se em Portugal, nos debates, nos investimentos e sobretudo enquanto fenómeno observável. Por um lado, a literatura portuguesa atrai turistas, principalmente graças a autores de referência como Pessoa e Saramago. Por outro, o turismo adquire uma dimensão específica e fascinante pela literatura, que permite descobrir mais sobre Portugal. Ao fascínio casa-se a erudição, à paisagem a palavra. À viagem exterior, o périplo interior.
Seja ou não subcategoria do turismo cultural, patrimonial ou criativo, o turismo literário tem na literatura a sua causa, o seu legado mais importante, que gera uma experiência autêntica, marcante. Pode-se viajar para um sítio literário conhecido “só” pela leitura (a Rua dos Douradores do Livro do Desassossego) ou para “tocar” nos lugares de um poeta. Pode-se chegar a um sítio sem conhecer a sua literatura e descobri-la como viagem dentro da viagem. As palavras transformam o olhar sobre natureza e cidades.
Quanto à oferta turística, o turismo literário implica visitas guiadas, inclusivamente a “lugares da literatura” (livrarias, casas de escritores, etc.), roteiros em papel ou digitais, eventos, instalações temáticas de alojamento e restauração. É um setor em devir, com aspetos híbridos, em que a criatividade abre para inovação e ulteriores produtos.
O público-alvo é vário: desde o leitor culto apaixonado até ao curioso seduzido pela novidade, passando por estudantes; não faltam artistas, bloggers, jornalistas. Nacional ou internacional, sozinho, em casal ou grupo, o turista literário tem mente e coração abertos. O turista quer, cada vez mais, uma verdadeira experiência de vida, ao invés de cair no estereótipo do consumidor. O turismo literário veicula tal experiência e o próprio turista “comum” pode tornar-se, na viagem, em turista literário.
Em todas as regiões de Portugal existe grande literatura e há mercado para turismo literário. Conforme dito, autores como Pessoa e Saramago atraem turistas. Outros cada vez mais traduzidos, desde o “clássico” Camões (recentemente traduzido para árabe) até aos “contemporâneos” como Sophia de Mello Breyner Andresen, despertam interesse internacional e chamam visitantes nacionais.
O investimento no turismo literário compensa, se valorizar património autêntico, trabalhado com paixão, método e sabedoria, em interligação com outros segmentos. Por exemplo, o projeto Óbidos Vila Literária é motor de valorização das atrações do Oeste, e vice-versa.
Neste país, o turismo literário tem, portanto, potencial relevante e ainda muito por explorar. Onde haja uma forte e atrativa oferta turística e cultural, a literatura vai ao encontro do turista global e holístico, que quer ou descobre viajar pela palavra, a intuição, o pensamento e a provocação que a literatura suscita. Cada viajante traz consigo «todos os sonhos do mundo», e se for Pessoa (neste caso) ou outro escritor luso a facultar esta experiência, o turista ficará, com isso, mais rico, e Portugal também.
Fabrizio Boscaglia, professor auxiliar convidado na Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração da Universidade Lusófona, investigador em Fernando Pessoa, cultura portuguesa e diálogo intercultural e formador no Curso de Turismo Literário do Turismo de Portugal.
*Opinião publicada na edição de maio 2022 da Publituris Hotelaria