Universidade Europeia debate como reunir quatro gerações no atual mundo do trabalho
A Universidade Europeia dinamizou uma mesa redonda onde estiveram em debate temas como as diferenças geracionais entre os trabalhadores do setor, mas principalmente o que pode ser feito para aproximar dois aparentes polos no seio das empresas, as gerações X e baby boomers, dos millenials e geração Z.
Carla Nunes
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A Universidade Europeia dinamizou esta quinta-feira, 29 de fevereiro, na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), uma mesa-redonda dedicada ao tema “Do acolhimento à experiência: a humanização na Hotelaria”, centrada na falta de recursos na hotelaria e na valorização das profissões do setor.
Em debate estiveram temas como as diferenças geracionais entre os trabalhadores do setor, mas principalmente o que pode ser feito para aproximar dois aparentes polos no seio das empresas, as gerações X e baby boomers, dos millenials e geração Z.
O painel que juntou Adélia Carvalho, diretora-geral do grupo Valverde e mentora da Academia Valverde; Jaime Sarmento, do Grupo UIP YHotel, Porto; Isabel Moço, professora de Recursos Humanos e coordenadora da Universidade Europeia; Christelle Rodrigues, da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, e Leonardo Simões, presidente da ADHP Junior.
No entender de Leonardo Simões “não estamos numa crise real de recursos humanos, acho que estamos a criar essa crise”. Para o presidente da ADHP Junior, o que acontece é que, de um lado, existem “jovens com muitas aspirações” e, do outro, “pessoas com 30 anos de casa”, algo que não apela estes jovens.
“[Na ADHP Junior] tentamos servir como mediador, estar com os jovens nas universidades e tentar perceber o que podemos fazer nas empresas. Explicar aos jovens quais são as expetativas de um lado, e vice-versa”, referiu Leonardo Simões.
Já para Jaime Sarmento, “hoje estamos a discutir uma questão que as pessoas colocam a responsabilidade nos ombros da COVID-19, quando ela já vinha de trás”, referindo-se à falta de atratividade do setor para captar mão-de-obra nacional, uma tendência que verificou mesmo em países estrangeiros, como em Inglaterra.
“Hoje acresce que estamos a viver uma fase em que temos quatro gerações diferentes a trabalhar nas mesmas equipas nas mesmas organizações, [além de] uma evolução tecnológica extraordinária”, afirma o profissional, que é da opinião de que o foco deve estar em aproximar as gerações que hoje lideram as empresas, ou seja, os baby boomers e a geração X, das gerações que estão agora a entrar no mercado de trabalho hoteleiro e que vão liderar as empresas no futuro.
“Normalmente nas organizações promovemos as pessoas porque são fantásticos executantes. Nunca os preparamos para que, amanhã, liderem quem vai executar por eles. Nas organizações não posso ter medo de arriscar de preparar as próximas gerações para liderar. Vai isto criar alguma atratividade? Eu acredito que sim”, assegura.
Hotelaria, um negócio de venda de emoções
Da sua experiência na Academia Valverde, Adélia Carvalho refere já ter notado que os jovens consideram determinadas áreas “mais interessantes, como cozinha e barman”, além das áreas mais comerciais, ligadas à comunicação e a competências digitais.
Também Jaime Sarmento é da opinião de que “funções de cozinha têm um marketing próprio que as valoriza, mas para empregados de mesa e housekeeping, além da questão social e da forma como são vistas, há tarefas nestas funções que não acrescentam valor à função”. E é para essas funções que o profissional considera que seria benéfica a introdução de tecnologia, com robôs a executarem tarefas que possam ser simplificadas.
“Um empregado de mesa pode ter a sua função valorizada pela sua capacidade de venda, de storytelling do que está a vender, sem ter de trazer sempre pratos para trás e para frente na cozinha. Os robôs podem fazer essa tarefa, tornando o empregado de mesa como um comercial da experiência que vendem”, defende Jaime Sarmento, acrescentando que “a malta continua a achar que o hotel é um negócio de venda de quartos, [quando] a hotelaria é um negócio de venda de emoções”.
Numa nota final, quando questionado sobre que conselhos deixa para os alunos de gestão hoteleira, Leonardo Simões aporta para a necessidade de “ter calma”.
“Também já me disseram muito isso. Isto é muito mais uma maratona do que um sprint. [É também necessário] começar a investir na empatia e na reciprocidade. Já que somos da área de saber servir e da hospitalidade, saber fazer para os nossos o que fazemos aos hóspedes”, termina.