Estudo Fórum Turismo: 69% dos estudantes de turismo pretende emigrar
A percentagem resulta de um inquérito aplicado pela Associação Fórum Turismo a 189 estudantes, que justificaram a sua expetativa de trabalhar no estrangeiro com a maior oferta de emprego e melhores condições de trabalho, salários e qualidade de vida.

Carla Nunes
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Um estudo realizado pela Associação Fórum Turismo, que contou com uma amostra de 189 alunos de cursos de turismo em Portugal, conclui que 69% dos estudantes pretende emigrar.
A questão lançada pela associação era se estes tencionavam, “nos próximos cinco anos, ir trabalhar para o estrangeiro”. Apenas 31% respondeu que não pretendia trabalhar fora do país, sendo que, dos 69% que responderam positivamente, 17% indicou que esperam vir a trabalhar “fora da Europa”, em regiões como a Ásia, Emirados Árabes Unidos ou Estados Unidos.
A Suíça segue-se como o destino de preferência dos estudantes que querem trabalhar no estrangeiro, tendo sido indicada por 16% dos inquiridos que responderam afirmativamente à questão, a par do Reino Unido (indicado por 13% dos inquiridos).
Quando questionados sobre os motivos para quererem trabalhar no estrangeiro, os estudantes indicaram razões como o enriquecimento pessoal, o gosto por explorar mais destinos, a maior oferta de emprego, a expectativa de melhorar línguas estrangeiras, as melhores condições de trabalho, os melhores salários e qualidade de vida, o desejo por novas experiências, a proximidade com familiares emigrados e as questões culturais.
Apesar da melhoria de línguas estrangeiras ser indicada como um dos motivos para trabalhar no estrangeiro, note-se que, do total de estudantes inquiridos, 48% indicou falar três idiomas. Na linha de percentagens seguem-se os estudantes que apontaram falar dois idiomas (29%) e quatro idiomas (13%).
Apenas 6% dos inquiridos apontou só falar um idioma, com 4% a indicar mais de cinco idiomas.
63% dos estudantes antecipam primeiro salário entre os 800 e os 1.200 euros
No mesmo estudo, 33% dos inquiridos afirmam que ambicionam receber entre 800 a 1.000 euros no primeiro emprego, enquanto 30% aponta para os 1.000 a 1.200 euros de salário para a primeira experiência laboral.
Apenas 6% dos estudantes espera receber até 600 euros no seu primeiro trabalho na área, com 5% a indicar uma expetativa de 1.400 a 1.600 euros para o mesmo tipo de emprego.
A Associação Fórum Turismo apurou ainda que 61% dos estudantes inquiridos pretende prosseguir os estudos, com 32% a indicar a área de Gestão, seja turística ou hoteleira, como o curso preferencial.
Seguem-se a área de Turismo (19%), Food & Beverage (15%) e Marketing e Comunicação (14%). Nos cursos que reúnem a menor percentagem de preferência para prosseguir estudos encontram-se aqueles que não estão relacionados com o turismo (7%) e a área de Recursos Humanos (5%).
Apesar de 79% dos inquiridos assegurar que se sente preparado para entrar no mercado de trabalho, 87% afirma que os conteúdos do seu curso não são relevantes para as tendências atuais da indústria. Para Ivan Ferreira, secretário-geral da Associação Fórum Turismo, apesar de “o ensino turístico português ter bastante qualidade”, existe a necessidade de se apostar em abordagens mais práticas.
“Deve-se apostar mais em abordagens práticas e contínuas e permitir a possibilidade de personalização dos currículos académicos face aos interesses pessoais, mas as dificuldades na transição da fase académica para o mercado de trabalho são evidentes, com dois em cada três estudantes a admitirem emigrar durante os próximos cinco anos”, refere Ivan Ferreira em nota de imprensa.
O profissional explica ainda que “entre os vários fatores apontados, as condições de trabalho incompatíveis com os níveis de qualificação possuídos são a principal causa de ansiedade nos futuros profissionais do setor, algo que está inclusive a colocar em causa a sustentabilidade do Turismo em Portugal, com a queda da cultura da ‘arte de bem receber’, que sempre foi considerada uma distinção de valor acrescentado face a destinos concorrentes de Portugal”.
Por essa razão, aponta como “necessárias e urgentes ações que valorizem e retenham os recursos humanos qualificados, para continuar a incrementar a qualidade do serviço prestado aos turistas que nos visitam”.
O inquérito da Associação Fórum Turismo, do qual resultam os presentes dados, foi aplicado durante os meses de novembro e dezembro de 2023. Da amostra de estudantes inquiridos, 71% frequenta atualmente uma licenciatura e 16% Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP).
Na nota metodológica é referido que o estudo continua em aberto para “seguir a perspectiva dos estudantes ao longo do tempo” e averiguar “como esta altera face a determinados fatores externos”.
Os resultados atuais do inquérito podem ser consultados na íntegra a partir do website da Associação Fórum Turismo.