Créditos: Gonçalo Português | Cortesia AHRESP
Profissionais do setor juntam-se para discutir a sustentabilidade nos negócios
A sessão decorreu no âmbito do Congresso da AHRESP e juntou, entre outros profissionais, o presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, e Telmo Faria, General Manager no hotel Rio do Prado.
Carla Nunes
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A sustentabilidade nos negócios deu o mote para uma das primeiras sessões do Congresso da AHRESP deste sábado, 15 de outubro.
Questões como a sustentabilidade ambiental, mas também social, bem como a necessidade futura de as empresas terem de cumprir com parâmetros de sustentabilidade para obterem investimento foram alguns pontos levantados nesta sessão.
Para Sofia Santos, Sustainability Champion in Chief na Systemic, a preocupações com a sustentabilidade por parte das empresas tornar-se-á incontornável, já que “quem não enveredar por este caminho não vai ter acesos a capital dentro de dois a três anos”.
“O acesso a capital já tem um conjunto de critérios, ou seja, qualquer projeto que seja construído vai ter de justificar que a sua atividade não contribui de forma significativa para seis fatores, nomeadamente o aumento das emissões de CO2, por exemplo”, explica.
Reportando-se à “situação conjetural difícil devido à guerra”, Sofia Santos é da opinião de que “se começarmos esta desculpa para não entrarmos na sustentabilidade daqui a 10 anos vamos ter uma situação estrutural muito mais difícil”.
Lembra que o turismo em Portugal “depende 100% da natureza”, pelo que compete às empresas de turismo estruturar o seu negócio tendo em conta a sustentabilidade – uma condição essencial para preservar o ambiente no qual ancoram a sua oferta.
“As empresas têm de começar a pensar como é que o seu projeto vai contribuir para o impacto ambiental e maximizar o impacto social. Têm de pensar como é que o seu projeto de turismo pode existir daqui a 15 anos. Sabemos que o turismo depende 100% da natureza. As pessoas vêm a Portugal pela qualidade dos locais, da natureza. Se gerarmos impactos, e o conforto de vir a Portugal deixar de existir, obviamente que o turismo vai deixar de ter a importância que tem”, defende.
Para dar um exemplo prático desta aplicação, a sessão contou com o contributo de Telmo Faria, General Manager no hotel Rio do Prado.
“O que queríamos fazer [com o hotel Rio do Prado] era um trabalho completamente diferente – ir para uma aldeia, apostar na natureza e introduzir um conjunto alargado de medidas que visassem contribuir para uma total descarbonização da oferta e do serviço turístico e, por outro lado, também fazer algum trabalho de sensibilização [juntos] dos clientes e do mercado”, explica.
Na sua intervenção, o hoteleiro mostrou-se “preocupado”, assegurando que “não há razões para sairmos daqui super otimistas de que já fizemos o trabalho de casa”.
Refere que apesar de considerar que o país “acorre rapidamente a estabelecer bem as metas, a definir os objetivos e a calendarizar e quantificar, continuamos com um grande problema: a maioria das empresas não sabe montar uma estratégia de sustentabilidade”.
É da opinião de que “faltam players no mercado que deem este auxílio”, além de considerar que “vivemos num país cheio de constrangimentos”.
“Venho preocupado porque quisemos fazer uma unidade de autoconsumo, com a crise energética que estamos a viver, mas se tivermos um fundo comunitário não podemos injetar energia na rede. Temos de pagar uma fortuna para usar uma rede que pertence à REN, que todos pagamos na nossa fatura.
Vivemos num país cheio de constrangimentos. Como vamos chegar aos objetivos concretos das políticas de sustentabilidade? Porque estamos a meio da tabela dos índices de desenvolvimento sustentável a nível internacional? Quando vamos falar deste campeonato estamos muito abaixo”, lamenta.
Dá ainda como exemplo o consumo de água da torneira, explicando que para a poder servir esta num restaurante ou hotel é preciso “que o cliente o aceite”: “Temos de ter capacidade de um empurrão institucional para fazermos isto”, defende.
A importância de equipas multidisciplinares para a sustentabilidade
Além da sustentabilidade ambiental, a sessão serviu ainda falara sobre a sustentabilidade social, com Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal a lembrar que “sem pessoas não há transição digital, não há sustentabilidade”.
“Quando pensamos num setor que representa 10% da mão-de-obra temos que mudar”, defendeu na sua intervenção enquanto chairman.
Para proceder a essa mudança, o presidente do Turismo de Portugal defendeu ser necessário: a diversidade e inclusão, dada a “falta de representação do sexo feminino no setor”; formação que tenha em conta as necessidades dos colaboradores e fidelizar os colaboradores internos com campanhas específicas, tais como as que já existem para reter clientes.
Lembrou ainda que “transição digital tem que ir a par e passo com a transição ambiental”.
“Temos que olhar para a tecnologia como forma de libertar as pessoas para aquilo que são boas”, defendeu.
Sobre este ponto, e para contribuir para a área da sustentabilidade ambiental, Sofia Santos apontou que “a grande maioria dos estudantes está muito interessada neste tema da sustentabilidade”, exortando as empresas a contratá-los, com base em salários dignos: “Nada melhor que os jovens para simplificar algo que para nós é complicado”.
Acrescentou ainda que para trabalhar esta área é necessária a existência de equipas multidisciplinares: “o grande problema é termos equipas transversais e as equipas comunicarem”, termina.
Esta primeira sessão paralela do último dia do congresso juntou Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, Sofia Santos, Sustainability Champion in Chief na Systemic, Filipe Santos, presidente do Conselho de Ambiente Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Telmo Faria, General Manager no Rio do Prado e Pedro Sampaio, Sustainability Manager na Nestlé Profissional.