Perfil | Senhor hoteleiro
Nesta rubrica da Revista Publituris Hotelaria, damos a conhecer o perfil dos profissionais do sector hoteleiro. Na edição de Outubro, falámos com Manuel Pinto, director-geral do Hotel Mundial e do Portugal Boutique Hotel.
Patricia Afonso
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A reputação precede-o. É um exemplo na hotelaria reconhecido pelos seus pares. Começou a trabalhar aos 10 anos e, quatro anos depois, entrava na casa onde se fez homem, pai e avô. Manuel Pinto é o director-geral do Hotel Mundial, que prepara a construção de uma terceira unidade. Um ‘self made man’ na verdadeira acepção da palavra.
Oriundo de uma família humilde, tinha apenas 10 anos quando veio para Lisboa trabalhar, numa mercearia de um tio. Um ano depois, após breves experiências numa leitaria e num cabeleireiro, trabalhava na Cervejaria Moderna, ainda hoje em funcionamento, quando a proprietária do então Hotel Internacional – agora o Internacional Design Hotel – lhe ofereceu um trabalho como mandarete. A hotelaria surgiu por acaso, mas a paixão foi avassaladora. Mudou-se para o Hotel Mundial em Abril de 1964, igualmente para desempenhar as funções de mandarete. Foi controlador de comidas e bebidas e esteve na recepção. Foi nesta sua casa que se entusiasmou “seriamente para crescer profissionalmente na hotelaria” e investiu em diversas formações: o primeiro curso em Portugal na área do F&B, em 1974; e cursos de aperfeiçoamento de Recepção e outro de Controlo de Comidas e Bebidas, na altura sob a égide do Sindicato de Hotelaria.
Em 1980 muda-se para o Hotel Equador, na Pampilheira, em Cascais, onde foi sub-director e director. Esta foi a única incursão de Manuel Pinto fora de sua ‘casa’, mas que lhe permitiu ter a experiência que precisava para chegar onde está. Aqui, aprendeu a gerir uma unidade, desta feita tipo resort, o que o leva a uma grande empatia com os directores deste género de unidades, sejam no Algarve ou Costa do Estoril. Antes da sua primeira viagem de trabalho aos EUA e Canadá, onde já vai há 35 anos, demitiu-se de funções. Não porque não gostasse, mas não se identificava com aquele ritmo. Uma carta selada da administração fez com que mudasse de ideias. Afinal, já ia no terceiro filho e precisava de estabilidade.
Ficou no Hotel Equador 13 anos, levou a unidade ao máximo esplendor, fê-la pioneira na animação turística. Pelo meio, ainda esteve para ingressar no Hotel Lutécia. Uma questão de princípios opunha-se à sua continuação. A parte humana é a “mais difícil” de gerir, mas tem de ser respeitada, advoga. Os problemas foram sanados e manteve-se por Cascais.
Regressou ao Hotel Mundial em 1993 e assumiu o objectivo de o colocar como uma referência na área. “Sabia que não era fácil, passei muito nos primeiros três anos. Primeiro, vim dirigir pessoas que tinham sido minhas chefes; depois, pessoas muito enraizadas com hábitos ultrapassados e uma grande resistência à mudança”. Mas conseguiu. Curioso, ambicioso, determinado e persistente. Responsável, honesto e organizado. São estas algumas das características que lhe são conhecidas e que fizeram de Manuel Pinto um nome a reter.
O Hotel Mundial é, desde os últimos anos, uma referência na hotelaria nacional. Desde 1996, foi alvo de duas expansões e, em 2014, ganhou um ‘irmão mais novo’, o Hotel Portugal. Em 2018 deverá ‘nascer’ o novo membro da família, na Travessa Nova de São Domingos, também em Lisboa.
Manuel Pinto conduz esta família e não se imagina noutra. Conta com o apoio da mulher, filhos e netos nesta aventura e o seu hobbie preferido é ler… sobre Turismo. Está a desenvolver um ensaio sobre como tornar uma unidade hoteleira competitiva e rentável. No fundo, a transpor para o papel o que tem aprendido numa vida inteira.