Hotelaria agregou 30% do volume de investimento imobiliário transacionado em 2022
O elevado número de operações de investimento imobiliário concluídas nos últimos dias do ano dão conta de um volume de investimento na ordem dos três mil milhões de euros em 2022. Neste campo, o setor hoteleiro destacou-se por agregar 30% do volume transacionado.
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A Cushman & Wakefield apresentou esta quarta-feira, 4 de janeiro, um resumo da atividade do mercado imobiliário nacional em 2022 e as suas perspetivas para o presente ano.
De acordo com a consultora, o elevado número de operações de investimento imobiliário concluídas nos últimos dias do ano – algumas delas com confirmação ainda pendente – dão conta de um volume de investimento na ordem dos três mil milhões de euros em 2022, refletindo um aumento homólogo de 39%.
A alocação de capital por setor “demonstra a contínua aposta dos investidores em setores dinâmicos”, como a consultora indica em comunicado, tendo-se destacado o setor de hotelaria, que agregou 30% do volume transacionado. Para isso contribuiu principalmente a aquisição pela DK do Portfolio Crow à ECS Capital, por um valor entre os 600 e 650 milhões de euros, excluindo a parte dos outros ativos não-hoteleiros. Seguiu-se o setor de escritórios, responsável por cerca de 27% do total investido, com 770 milhões de euros.
No que diz respeito ao setor hoteleiro, a consultora dá conta que em 2022 registou-se uma enorme recuperação da atividade turística em Portugal face ao ano anterior, com um aumento generalizado de todos os indicadores, aproximando-se dos números atingidos no período pré-pandemia.
Entre janeiro e outubro, o número de hóspedes e dormidas registou um aumento homólogo de 98% e 100%, respetivamente, ficando apenas 2% abaixo dos números de 2019. Em resultado do crescimento da procura, os indicadores de operação hoteleira refletiram subidas significativas nos proveitos totais a nível nacional, ficando 130% acima do período homólogo e, ainda, 14% acima de 2019. Ao nível dos preços praticados, o RevPAR (Revenue per Available Room) teve um crescimento na ordem dos 11% quando comparando com 2019.
Em termos de oferta hoteleira, durante 2022 foram inauguradas 44 novas unidades, com cerca de 2.600 quartos, perto de metade dos quais com classificação quatro estrelas. Entre as novas aberturas, a consultora destaca o W Algarve, o Pestana Douro Riverside, o Hyatt Regency Lisboa, de 5 estrelas, e ainda o The Editory Riverside Santa Apolónia Hotel, de 4 estrelas.
Leia também: Cushman & Wakefield Portugal aponta 115 novos projetos hoteleiros até final de 2024
Quanto à oferta futura, encontram-se em fase de projeto e/ou construção cerca de 115 novos projetos hoteleiros que totalizam 9.900 quartos, com abertura prevista para os próximos três anos.
A performance turística alavancou as iniciativas de investimento, tendo-se observado, em 2022, operações de sale & lease-back e aquisições de plataformas operativas. Dentro destas operações, a Cushman & Wakefield destaca a venda do Pestana Blue Alvor, da plataforma operativa Details Hotels & Resorts e dos hotéis Aqualuz, em Tróia.
Decisões de investimento em 2023 serão adiadas “até haver maior clareza”
No que diz respeito a previsões para 2023, Eric van Leuven, diretor-geral da Cushman & Wakefield em Portugal, comenta que “depois de um ano surpreendentemente positivo para o mercado português, considerando as circunstâncias, estamos um pouco mais cautelosos no que respeita a 2023. Portugal não ficará imune ao clima de apreensão que reina no norte da Europa, onde, aliás, são tomadas muitas das decisões relativamente a investimento no nosso país”.
O diretor-geral explica ainda que “a subida das taxas de juro e a maior dificuldade de financiamento resultam num clima de incerteza quanto ao real valor dos ativos, o que por sua vez fará adiar decisões de investimento até haver maior clareza”.
Se, por um lado, “parece óbvio que as yields irão expandir, resultando em valores de venda inferiores, por outro lado Portugal continua firmemente no radar dos investidores apresentando fundamentais positivos, o que faz com que esteja muito bem posicionado para a retoma”.
Já “no que respeita à ocupação do imobiliário, a procura mantém-se ativa, nomeadamente de escritórios e armazéns, num contexto de reduzida oferta nova, deixando antever a manutenção ou até subida de valores de renda em certos setores e localizações”, afirma Eric van Leuven.