Estudo da AHRESP aponta que alojamento turístico já sente impacto da guerra na Ucrânia
Das empresas de alojamento turístico inquiridas, 52% afirmaram já ter sentido o impacto da guerra. No entanto, 75% indica ter capacidade para suportar os encargos habituais em maio.
Carla Nunes
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As empresas de alojamento turístico já sentiram o impacto da situação de guerra na Ucrânia e da pressão inflacionista na sua atividade, desde o início do ano.
A conclusão é de um estudo da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), que inquiriu as empresas de restauração e similares, bem como as de alojamento turístico, sobre o impacto desta conjuntura nos seus negócios.
O inquérito decorreu de 2 a 16 de maio, do qual se obtiveram 437 respostas válidas no território nacional.
No que às empresas de alojamento turístico diz respeito, 52% dos inquiridos afirmaram já ter sentido o impacto da guerra.
Aliás, entre estas empresas de alojamento, 47% registaram aumentos até 15% nos custos operacionais em abril, nomeadamente em matérias-primas, transportes e energia.
Nesse seguimento, cerca de metade dos alojamentos turísticos inquiridos (51%) tiveram de aumentar o preço de venda aos clientes.
Na maioria destes alojamentos (84%), os preços praticados subiram até um máximo de 15%, algo que a AHRESP considera revelar “uma forte contenção por parte das empresas, que preferem esmagar margens a fazer recair o significativo aumento de custos junto dos clientes”, tal como refere em comunicado.
Por outro lado, e ao contrário do que acontece no setor da restauração, 83% dos empresários do alojamento turístico confirmam que ainda não sentiram escassez de produtos essenciais para o exercício da atividade.
Na área da restauração e similares, 73% dos empresários já sentiram escassez de matérias-primas essenciais.
Neste contexto, o setor do alojamento turístico entende que a disponibilização de apoios financeiros para a otimização de consumos e a transição energética (54%), a aplicação temporária da taxa reduzida de IVA nos serviços de alimentação e bebidas (41%) e os apoios financeiros às famílias para mitigar a perda do poder de compra (36%), são as medidas prioritárias a adotar pelo Governo para apoiar as empresas.
75% das empresas ainda têm capacidade para suportar encargos de maio
No que diz respeito às reservas, apenas 21% das empresas de alojamento inquiridas reportam uma redução de reservas por parte de clientes estrangeiros, na sequência do conflito.
Já no que concerne à faturação, 39% das entidades de alojamento inquiridas continuaram a registar quebras no 1.º quadrimestre de 2022, face ao período homólogo de 2019.
Das restantes, 18% das empresas afirmam não ter havido variação na faturação face a 2019 e 19% confirmam que a faturação aumentou até 25%.
A maioria das entidades inquiridas (75%) indica ter capacidade para suportar os encargos habituais em maio. No entanto, 9% das empresas de alojamento turístico admitem considerar a insolvência, caso não consigam suportar todos os encargos.
Mercado de trabalho e contratação no alojamento
Atualmente, 26% das empresas de alojamento turístico admitem não ter trabalhadores suficientes para assegurar a melhor qualidade do serviço. Destas, 96% referem ter necessidade de contratar entre um a três trabalhadores para o desempenho de funções regulares na empresa durante todo o ano.
Da amostra de empresários inquiridos, 43% afirmou que só precisa de contratar trabalhadores para a época alta, sendo que a maioria (89%) indica necessitar entre um a três trabalhadores para estes meses.
No entanto, à data de preenchimento do inquérito, 56% das empresas de alojamento ainda não tinham conseguido assegurar a contratação destes profissionais.
Estas acreditam que os horários de trabalho são o principal obstáculo à atração e retenção de trabalhadores (16%), sendo que algumas entidades consideram que este, não sendo o principal obstáculo, é um dos mais relevantes (36%).
Da amostra inquirida, 21% dos empresários acreditam que teriam ganhos de produtividade se o horário de trabalho diário fosse alargado por mais de oito horas, com a compensação de dias de folga adicionais. No entanto, 27% admitem não saber se esta solução traria ganhos de produtividade à empresa.
Empresas implementam pacotes de benefícios após inquérito a colaboradores
Da lista de pacotes de benefícios, 36% das entidades de alojamento inquiridas indicaram já ter oferecido benefícios além do salário aos colaboradores, nomeadamente: prémios monetários de produtividade e assiduidade (oferecido por 56% das empresas), dias de férias extra por desempenho (33%) e seguro de saúde (23%).
No seguimento do inquérito, 42% das empresas afirmaram ter implementado este tipo de benefícios após terem inquirido os trabalhadores da empresa. Já 30% decidiram consoante uma pesquisa e avaliação das condições oferecidas atualmente no mercado de trabalho.
No âmbito da contratação coletiva, os empresários de alojamento turístico consideram que as matérias mais pertinentes a regular dizem respeito aos horários de trabalho (para 45% dos inquiridos), direitos e deveres dos trabalhadores (36%) e conciliação da vida profissional com vida pessoal (34%).