Dom Roger: Petiscos portugueses e comida de conforto é a nova aposta de Vítor Sobral
O restaurante inaugurou em junho na Avenida da República, em Lisboa. Há sabores portugueses que regressam à mesa.
Rute Simão
AHRESP exige ter voz ativa sobre taxas turísticas e pede reposição dos valores de IVA
Lagoa e região Porto e Norte vão receber os próximos congressos da AHRESP
Hotéis Octant em Ponta Delgada e Furnas promovem atividades vínicas
Pedro Machado prefere aumento do IVA turístico para evitar novas taxas
AHP: Açores e Madeira lideram taxa de ocupação hoteleira no verão de 2024
Depois dos desafiantes meses que teceram o início desde 2020, do confinamento, do isolamento social e de todas as restrições que se somaram na lista, ansiávamos por uma lufada de ar fresco e uma boa petiscada com os amigos. Com a chegada do sol de junho veio também a inauguração do Dom Roger, que é, por outras palavras, a materialização da nossa vontade pelas mãos do chef Vítor Sobral e do sócio Rogério Pereira.
O projeto, que escolheu a Avenida da República como casa, tinha a data de nascimento prevista para mais cedo mas, pelos motivos óbvios, acabou por ver o parto adiado. A inauguração coincidiu com o período desta nova liberdade em que o desconfinamento trouxe com ele a fome, a saudade e a vontade de partilhar comida à mesa.
A fachada do n.º 47 E/F anuncia limpidamente o mote: “realmente português”, lê-se. O aviso é deixado não só para salvaguardar a genuinidade da experiência que vai ser oferecida dentro de portas mas, também, para limpar qualquer associação feita com o antigo restaurante italiano que ali morou anteriormente.
O espaço é elegante, arejado e descontraído. Saltam à vista elementos com a calçada portuguesa, as mesas de mármore e parede de tijoleira. Em cima do balcão descansam os pastéis de nata e um vasto leque de salgados. Há cadeiras almofadadas e sofás de pele preta, que oferecem o conforto necessário para um almoço rápido ou para uma tarde longa à mesa.
A sustentabilidade foi a madrinha deste projeto. Na cozinha, aproveitam-se todas as partes dos animais, que dão lugar tanto a pratos principais como a petiscos típicos, daqueles que já não se encontram amiúde. As moelas fritas , as lâminas de língua de vaca, as iscas de porco de coentrada ou a salada de entremeada de porco são algumas das propostas. Podem servir de entrada ao almoço ou jantar, ou podem ser a estrela principal de uma tarde de petiscos – o restaurante não encerra após o almoço.
O choco frito com limão e coentros é um ‘must have’ desta lista para os apreciadores da iguaria mas o atum corado, curgete e orégãos é a aposta incontornável na lista de peixe. As fatias vêm finamente cortadas, com uma textura amanteigada que se desfaz de imediato na boca. No fim, é obrigatório embeber o pão biológico – fornecido pela Padaria da Esquina – no molho até que se veja novamente a cor à travessa.
Num espaço de que se assume como casa de petiscos portugueses, não podem faltar os salgados. Há bifanas, empadas, pregos, sandes de vitela, croquetes de novilho e farinheira e rissóis de camarão e bacalhau. Da carta de pratos principais faz parte o bacalhau que é apresentado em quatro versões. O bacalhau à Brás, receita tão simples quanto portuguesa, é obrigatório pela sua cremosidade e fidelidade ao conceito. Do outro lado, há uma lista de bifes de carne e atum.
Fora do menu fixo, os pratos do dia são outra opção a não descurar, com preços bastante democráticos para o produto servido (média de 11 euros o prato). De segunda-feira a domingo são oferecidos dois pratos e uma sopa. Arroz de galo à antiga, joaquinzinhos fritos, açorda de tomate e coentros, pataniscas de bacalhau, cozido de grão e ensopado de borrego à alentejana são o conforto diário para quem passa por esta artéria da capital.
A carta de sobremesas ampara o final da refeição, acariciando o palato com sabores tradicionais. Pudim de ovos, mousse de chocolate e compota de alperces, leite creme queimado com açúcar de cana, farófias com creme de leite e baunilha e baba de camelo trazem à mesa a indecisão sobre qual escolher. O melhor é fazer como os petiscos e arriscar em várias, para partilhar à colherada.
O Dom Roger tem bem alinhado o conceito, o produto e o espaço. Numa altura em que a restauração vive dias de incerteza, abrir novas portas é um desafio. Por mais diversificada que seja a oferta gastronómica na capital, com uma riqueza de diferentes conceitos, há sempre lugar para a comida de conforto tipicamente portuguesa, pronta a partilhar.
*Leia a entrevista ao chef Vítor Sobral na próxima edição da Publituris Hotelaria