Brexit é um dos principais constrangimentos em 2019 para os hoteleiros
A AHP divulgou os dados do Hotel Monitor revelando o balanço e as perspectivas na hotelaria nacional.
Rute Simão
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Os hoteleiros estão menos optimistas com o ano que se avizinha e o Brexit é um dos motivos de maior preocupação para o sector. A taxa de ocupação deverá manter-se estável à semelhança deste ano. O mercado nacional está a ganhar força e o golfe foi o pior segmento.
A hotelaria nacional está a caminhar a um passo mais lento. Apenas 43% dos hoteleiros do país considera que a a taxa de ocupação foi melhor este ano, de acordo com os dados de um inquérito realizado pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), divulgados esta segunda-feira.
Para 75% dos inquiridos, o preço médio por quarto ocupado (ARR) foi superior este ano, face a 2017. Entre Janeiro e Outubro de 2018, verificou-se um aumento do preço médio por quarto disponível (RevPar) para 71 euros (+5%) e uma melhor performance do ARR para 97 euros (+7%), revelam os dados consolidados da AHP.
Sem surpresas, a taxa de ocupação caiu 1,3 p.p. confirmando a análise dos inquiridos e a estada média manteve-se igual para 72% dos participantes, sendo que 43% dos hoteleiros registou uma estada média de duas a três noites.
O mercado nacional está em destaque nestes resultados assumindo um peso de 19% na hotelaria nacional, seguindo-se Espanha (14%) e Alemanha (12%). Portugal mantém-se como principal mercado no Norte, Centro, Alentejo e Açores e passa a ser o mercado principal no Algarve.
As dormidas de nacionais representam 28% (+2 p.p) e os hóspedes 38%(+2p.p). No mercado externo, os estrangeiros assumem 72% das dormidas e 62% dos hóspedes.
Setembro foi o mês mais quente do Verão hoteleiro
Setembro foi o mês de Verão com melhor desempenho para 27% dos hoteleiros, seguindo-se Agosto (23%) e Julho (17%). Os resultados justificam-se, sobretudo, pelo bom tempo que se fez sentir e pelas temperaturas elevadas pouco habituais a esta época, destaca a presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira.
Entre Julho e Setembro, a taxa de ocupação caiu 84% (-2,2 p.p) e a estada média recuou para 2,03 dias (-0,5%). O ARR e o RevPar mantiveram-se em terreno positivo com crescimentos de 7% para 115 euros e 4% para 97 euros respectivamente.
Em destaque estiveram as Beiras e o Alentejo com um crescimento da taxa de ocupação de mais 3,3 p.p e mais 1,6 p.p respectivamente. Os Açores (+15%) e a Madeira (+11%) evidenciam-se pelo crescimento do preço médio por quarto ocupado. Na estada média o Algarve e o Grande Porto subiram 2%.
O lazer continua a liderar os principais segmentos, com 31%. O MICE (Meetings, Incentives, Conferencing, Exhibitions) que registou 12% foi destronado pelos city/short breaks (19%). O golfe foi apontado por 24% dos hoteleiros como o pior segmento. A questão do IVA na modalidade é apontado como um dos factores desta performance, na opinião de Cristina Siza Vieira. Mas não só. “É preciso um investimento na estrutura hoteleira para acompanhar o produto golfe. Temos campos de golfe de luxo mas depois não há hotéis que acompanhem.” refere a presidente executiva da AHP.
Sobre a Web Summit, na Área Metropolitana de Lisboa a taxa de ocupação quarto foi de 86%, com 158 euros de preço médio e em Lisboa foi de 93% com 172 euros de preço médio por quarto. “Embora tenhamos uma boa taxa de ocupação não batemos no tecto nem chegamos perto dos 100%. Não é o que se ouve dizer, que a Web Summit enche hotéis”, destaca Cristina Siza Vieira.
Natal e Réveillon
As perspectivas para o Natal e Réveillon é de que o ARR e RevPar sejam melhores para 61% e 57% dos hoteleiros, respectivamente. Para 51% a taxa de ocupação será idêntica ao mesmo período do ano anterior. Prevê-se que os principais mercados para esta época do ano, a nível nacional, sejam Portugal e Espanha. De destacar a quebra do Reino Unido que era até aqui o terceiro principal mercado e passa este ano para quinta posição, dando lugar ao Brasil na terceira posição.
Perspectivas para 2019
Para o próximo ano a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) é apontado como uma das maiores ameaças para 18% dos hoteleiros, um aumento significativo face aos 6% de 2017. Os participantes do inquérito da AHP mostram-se menos optimistas com o ano que se avizinha do que há um ano.
Os constrangimentos do aeroporto de Lisboa e do Porto e a falta de recursos humanos no sector são também outros dos factores que toldam as preocupações da hotelaria nacional.
Ainda assim, 2019 deverá registar uma melhor performance em todos os indicadores, excepto na taxa de ocupação quarto e na estada média, que deverá ser idêntica à deste ano. Os Estados Unidos, a China e o Brasil são apontados como os mercados mais promissores.
O inquérito referido foi realizado entre 20 de Novembro e 11 de Dezembro junto dos empreendimentos turísticos associados da AHP.
Das respostas obtidas, 74% pertencem a Hotéis, 8% a Hotéis Apartamentos, 10% a Pousadas, 2% a Aldeamentos Turísticos, 2% a Turismo no espaço rural e 3% a alojamento local.