“Tivemos todos de tirar um doutoramento na incerteza”
Com os resultados a ditarem uma “franca melhoria” em 2021, José Theotónio, CEO do Pestana Hotel Group, reconhece que as maiores dificuldades estão, atualmente, no recrutamento. E salienta que “quando existe uma recuperação económica, é o turismo que puxa”.
Victor Jorge
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“Tivemos todos de tirar um doutoramento na incerteza”. Foi desta maneira que José Theotónio, CEO do Pestana Hotel Group (PHG), se referiu ao período vivido depois de março de 2020, com a chegada da COVID-19 e agora com a guerra na Ucrânia.
Com os resultados de 2021 a ditarem já uma recuperação “lenta” do turismo, o maior grupo hoteleiro português estima, para 2022, um resultado ” semelhante ou mesmo superior a 2019”, segundo avançou José Theotónio.
Com a (re)abertura no mês de março de 2022, o CEO do grupo salientou que abril foi “o primeiro mês que ficámos acima de 2019”, admitindo que “fomos surpreendidos pela positiva, com a taxa de crescimento das reservas a ficar muito acima do que esperávamos”, embora reconheça que “em janeiro e fevereiro esteve tudo fechado”.
Contudo, frisou que “hoje, as reservas são muito em cima da hora, last-minute, e muitas vezes estamos a falar de 15 dias de antecedência”.
Para 2022, o grupo possui dois projetos em construção em Lisboa (Rua Augusta e Alfama), admitindo, o CEO que “dificilmente abrirão este ano”, existindo mais dois projetos em aprovação na Madeira, outro em Newark (EUA), embora este último não seja investimento Pestana, ficando o grupo somente com a gestão, e, ainda, um Pestana CR7 em Paris (França) que já está aprovado.
No que toca ao imobiliário, segmento que, em 2021, representou cerca de 40%, e depois de ter vendido o Pestana Blue Alvor ao grupo Azora European Hotel & Lodging, José Teotónio utilizou linguagem futebolística para indicar que “se alguém bater a ‘cláusula de rescisão’, estaremos abertos a analisar uma possível operação”, não estando, no entanto, nos planos do grupo Pestana desfazer-se de mais ativos.
De qualquer maneira, o grupo espera que o mercado imobiliário possa representar cerca de 20% a 30% da faturação do grupo.
Já em termos de mercados, o CEO do PHG adiantou que “voltámos a ter os mercados habituais”, como Reino Unido, Alemanha, além do mercado nacional, que perspetiva, “baixe ligeiramente, já que as pessoas em Portuga também estão ávidas de viajar”. Outros mercados destacados foram a Irlanda, Benelux, França, reconhecendo o responsável que “os transatlânticos são os que irão demorar mais um pouco a recuperar”.
Ajustamento de preço e o desafio do recrutamento
Ainda a viver uma fase pandémica, José Teotónio considerou a guerra ainda como um fator que contribui com uma “grande incerteza” para a realidade turística atual, embora reconheça que “a Ibéria poderá ser beneficiada, tratando-se da região mais afastada do conflito”.
Devido ao fator “guerra”, José Teotónio acredita que poderá haver um “ajustamento” nos preços, embora “não seja relevante para o consumidor”. “Os preços podem aumentar em função da intermediação existente que é demasiada”, mas o CEO reconhece que será na “energia e no alimentar” que poderão registar-se maiores aumentos, devido, até, “às quebras nas cadeias de logística e abastecimento”.
Problema também a afetar o setor da hotelaria é o dos recursos humanos, salientando que, para a operação de verão, o grupo necessite de “1.000 pessoas”, contabilizando-se já 480 contratações, números bem distantes dos 4.000 funcionários que o grupo possui neste período, mas antes da pandemia.
“Estamos a recrutar, mas reconhecemos as dificuldades”, disse Teotónio, referindo ainda que o grupo tem uma “política de regalias além dos salários e que passam por seguro de saúde, Pestana Academy, a possibilidade de mobilidade nos 16 países onde nos encontramos”.
Neste capítulo, José Theotónio destacou a “desvalorização ao longo dos anos do ensino profissional. O que era bom era ter um curso superior, ir para a universidade, mas hoje em dia, um eletricista, por exemplo, encontra trabalho onde quer”, admitiu.
“Não existe uma adequação às necessidades do mercado”, concluiu.
Quanto à realidade económica do país, o CEO do PHG salientou que, “quando existe uma recuperação económica, é o turismo que puxa”, criticando aqueles que durante a pandemia referiam que se “tinha apostado demasiado no setor do turismo. Ora a realidade vem desmentir isso mesmo”, reconheceu.