ADHP: “A profissão tem de ter uma nova visão para as pessoas que trabalham no setor”
No passado dia 22 de março, a ADHP reuniu as associações congéneres de Espanha, Itália e Alemanha no seu XX congresso para debater a importância da formação executiva no contexto de trabalho internacional. Se, por um lado, foi debatida a questão salarial e as condições de trabalho do setor, um dos pontos que dominou a sessão passou pela necessidade de dar uma nova imagem de valorização da profissão.
Carla Nunes
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No passado dia 22 de março, a ADHP – Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal reuniu as associações congéneres de Espanha, Itália e Alemanha no seu XX congresso para debater a importância da formação executiva no contexto de trabalho internacional. Se, por um lado, foi debatida a questão salarial e as condições de trabalho do setor, um dos pontos que dominou a sessão passou pela necessidade de dar uma nova imagem de valorização da profissão.
Num primeiro momento, Carlos Diez de la Lastra, CEO da Les Roches, lembrou que os países que vão recrutar mais talento nos próximos anos localizam-se na região Ásia Pacífico, sendo que estes vão recorrer aos países europeus para captar talento – resultando em algo que o profissional prevê como uma “guerra de talento”. Por essa razão, deixa o aviso de que “se há planos de captação de clientes,
deveriam existir campanhas de captação de talento”.
Manuel Vegas, presidente da Asociación Española de Directores de Hotel (AEDH) é da opinião de que o facto de o setor ter utilizado como “mantra” que as más condições fazem parte da indústria levou à atual falta de mão-de-obra. Neste contexto, como as equipas não são suficientes para prestar o serviço, “aceita-se o primeiro que vier”, com o dirigente da associação a apontar o dedo à formação prestada em Espanha no setor.
“Temos um problema com os cursos de formação em Espanha: são lentos e não são eficazes. A última atualização profissional foi nos anos 90 do século XX. O que tem isso a ver com os dias de hoje? Também temos professores que não estão qualificados. Há um momento em que vamos ter de reunir todos os atores deste filme e dar um passo em frente”, afirma Manuel Vegas.
Ir ao encontro dos objetivos dos colaboradores
Passando para o panorama português, e apesar de dar conta de que “houve um desenvolvimento na formação [no setor] e um grande envolvimento de várias empresas”, Fernando Garrido, presidente da ADHP, refere um problema já antigo, semelhante à realidade espanhola relatada por Manuel Vegas: “Ainda estamos a contratar pessoas para quadros profissionais que ainda não existem”.
O presidente da ADHP aporta também para a necessidade de o setor criar um novo caminho para a profissão, conferindo uma nova imagem e perceção aos vários cargos desempenhados em hotelaria.
“A profissão tem de ter uma nova visão para as pessoas que trabalham no setor. Houve uma evolução na área da cozinha, por exemplo, os chefs agora são estrelas. Temos de trazer isso para as outras profissões. Os programas de televisão tornaram a profissão de cozinheiro muito atrativa para os novos talentos. Temos de nos juntar todos e criar um verdadeiro desenvolvimento das profissões”, refere Fernando Garrido.
Sobre este ponto, Jürgen Gangl, presidente a associação congénere alemã HDV, dá conta de que na Alemanha têm de investir três a cinco vezes mais dinheiro para adquirir um novo colaborador, numa indústria onde nota que “alguns dos profissionais não vêm com formação inicial de base hoteleira, mas sim de mudanças de carreira”. Para “cuidar” destas pessoas, Jürgen Gangl é da opinião de que “temos de ensinar os nossos líderes a criar bons ambientes de trabalho”, já que é para eles que os colaboradores trabalham maioritariamente.
No caso português, Fernando Garrido refere que “as empresas estão a pagar melhor”, apontando também para a existência “de outro tipo de remunerações além do dinheiro”.
“Há muitas empresas que ouvem os empregados, ouvem os seus objetivos e tentam compreender como podem ajudá-los a concretizá-los. Supondo que o que gostaria muito de fazer seria ser Revenue Management. As empresas já começam a tentar ir ao encontro destas necessidades e ajudar os colaboradores a chegar a estes objetivos”, afirma o presidente da ADHP.
O XX Congresso da ADHP decorreu no Centro de Congressos de Aveiro de 21 a 22 de março, no qual participaram 743 congressistas.