Carlos Díez de la Lastra: “O mercado e a formação não estão à altura das oportunidades do setor”
Com a aproximação do XX Congresso da ADHP – Associação dos Directores de Hotéis de Portugal, a Publituris Hotelaria este à conversa com Carlos Díez de la Lastra, CEO da Les Roches, que marcará presença no evento para falar sobre a importância da formação executiva no contexto de trabalho internacional.
Carla Nunes
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Com a aproximação do XX Congresso da ADHP – Associação dos Directores de Hotéis de Portugal, a Publituris Hotelaria este à conversa com Carlos Díez de la Lastra, CEO da Les Roches, que marcará presença no evento para falar sobre a importância da formação executiva no contexto de trabalho internacional.
Com o setor hoteleiro a registar uma procura “muito elevada e uma oferta cada vez mais diversificada”, o profissional é da opinião de que a formação não está a conseguir acompanhar o nível das oportunidades disponíveis atualmente, defendendo por isso que é necessário transmitir aos alunos que “a exclusividade é o mais importante acima de tudo”, a par de uma formação de alta qualidade.
Que importância assume, de facto, a formação executiva no setor no contexto do mercado de trabalho internacional?
Estamos num setor com uma procura muito elevada e uma oferta cada vez mais diversificada. Neste contexto, a formação está a tornar-se uma prioridade para as empresas. Deixou de ser um complemento e passou a ser o valor das empresas turísticas. Nos últimos anos, vimos como os investidores apostaram muito fortemente no turismo, o que levou à criação de muito boas oportunidades no mercado de trabalho. O problema que vejo aqui é que este mercado e a formação não estão à altura destas oportunidades. Precisamos de promover uma formação hoteleira e turística de alta qualidade que faça o aluno ver que a exclusividade é o mais importante acima de tudo. Na minha opinião, o que vai fazer a diferença não é tanto o custo da oferta, mas o facto de os serviços serem impecáveis e de o tratamento pessoal ser requintado, diferenciado e discreto. Tudo isso junto fará com que a experiência seja excecional.
Considera que este tipo de formação está em falta na indústria hoteleira atualmente?
Sem dúvida. Considero necessária uma formação que promova a atenção ao pormenor, a comunicação intercultural, a agilidade na resolução de problemas e a atenção personalizada. São necessárias competências profissionais e pessoais para lidar com todos os tipos de perfis, sejam eles clientes ou pessoas de uma equipa. Os alunos da Les Roches saem da escola com uma vasta experiência no setor, graças a estágios, a uma rede de contactos e a competências de gestão adaptadas a cada modelo de negócio e especialização. Esta combinação de aspetos é a principal razão pela qual muitas empresas recorrem à Les Roches como a sua principal fonte de talento. Neste sentido, verificamos que as inscrições nos cursos universitários de turismo estão a diminuir, enquanto as nossas têm aumentado anualmente, até 65% mais na última década. Após a graduação, os nossos alunos recebem uma média de cinco ofertas de emprego das empresas mais relevantes do setor.
Que competências faltam atualmente aos profissionais que trabalham no setor há vários anos e que já receberam formação na área?
Perante a avalanche de novos avanços tecnológicos, também implementados no nosso setor, está a surgir uma competência muito necessária: a adaptação. Em todos os eventos em que participámos nos últimos meses vimos grandes espaços dedicados à tecnologia aplicada a hotéis ou empresas de turismo, sensibilizando para a necessidade de os executivos e gestores seniores se adaptarem à ideia de pensar “fora da caixa” e deixar que os desenvolvimentos mais disruptivos e inovadores do momento entrem no seu modelo de negócio.
Inteligência artificial, machine learning, automatização do check-in/check-out… não são tendências, são realidades que estão ao serviço do nosso setor e temos de saber implementá-las da melhor forma para que sejam, acima de tudo, eficientes e acrescentem valor. Por isso, uma das competências que considero muito necessárias hoje em dia é a correta adaptação às novas tecnologias e às suas aplicações. É fundamental num mundo em que estamos praticamente ligados todo o dia e no turismo não podemos ficar para trás.
E quais são as áreas de formação de executivos mais procuradas por este tipo de profissionais?
Os programas mais procurados por licenciados e profissionais no último ano letivo, no caso da Les Roches, foram o Mestrado em Direção Hoteleira Internacional, o MBA em Direção Hoteleira Internacional, a pós-graduação em Gestão Hoteleira, o mestrado em Direção de Marketing para o Turismo de Luxo e programas executivos. Para este novo ano letivo 2024/2025, dada a segmentação da indústria e tendo em vista um ano com números recorde nos diferentes subsectores, acreditamos que os novos programas de mestrado e pós-experiência, especializados nas áreas que mais crescem, como os cruzeiros ou o turismo desportivo, estão a gerar muito interesse.
Este perfil profissional procura, acima de tudo, uma especialização alargada e competências, tanto profissionais como pessoais, que lhe permitam ser capaz de liderar no seu campo de trabalho.
Esta formação executiva só é necessária num contexto internacional?
Não, de todo. A nossa visão na Les Roches é global, mas ao mesmo tempo local. Centramos a formação na capacidade de adaptação ao ambiente de cada marca. Ou seja, os alunos recebem ofertas dentro e fora das nossas fronteiras e têm a capacidade de adaptar a sua metodologia de trabalho à cultura de cada sítio, privilegiando sempre o respeito e a preservação do local. O turismo é uma linguagem sem barreiras, pelo que a qualidade e a exigência dos líderes do setor não devem conhecer limites.