Tornar a hotelaria mais sexy
Leia a opinião de Luís Ferreira, docente do ISAG – European Business School.
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Défice de competências digitais e falta de mão-de-obra em qualidade e quantidade. Estes são dois dos maiores desafios que o setor hoteleiro enfrenta. A solução para ambos cruza-se num ponto fundamental: a capacidade de atrair e reter o talento das gerações mais jovens.
Algo desencantados com o contexto laboral ou com a progressão na carreira, os jovens já no mercado ou ainda a frequentar o ensino na área procuram novos fatores atrativos que os fixem neste setor e que se juntem à sua motivação e competências. É inegável a necessidade de rever de forma positiva as condições que o mercado oferece, mas há outros fatores que devem ser trabalhados para motivar as novas gerações. Neste ponto, o digital pode ser decisivo.
Estamos perante uma geração nativa digital, apta a identificar, implementar e utilizar novas tecnologias com um à-vontade sem precedentes. Capacidades que, numa área que precisa de aprofundar a relação com o digital, têm todo o potencial para ser particularmente apreciadas e contribuir para uma alteração do perfil competitivo deste setor estratégico para a economia nacional.
Neste sentido, o ensino da hotelaria e do turismo deve apostar na digitalização como uma alternativa para os mais jovens se apresentarem no mercado com ideias inovadoras, empreendedoras e capazes de apoiar o desenvolvimento do setor.
Recentemente, no âmbito da iniciativa Hotel 4.0 da AHRESP, foi lançado um concurso que reuniu dezenas de ideias de estudantes do ensino superior. Sem surpresas, os jovens mostraram ser capazes de apresentar soluções para os desafios setoriais através da aplicação de ferramentas digitais. Do ISAG – European Business School, dois projetos ligados à experiência do consumidor e à sustentabilidade chegaram à fase final, ganhando o privilégio de apresentação no evento internacional Hotel 4.0 Portugal Summit.
“Carta de Room Service em Emojis” (Gonçalo Monteiro, João Rodrigo Lima e Mariana Teixeira) transpôs a linguagem das pequenas figurinhas para o contacto entre hotel e cliente, na apresentação e requisição de serviços. A ideia – já aplicada a nível internacional – tem capacidade para gerar maior interesse nos serviços pela forma descontraída e próxima como são apresentados. Esta aproximação origina, por um lado, maior probabilidade de compra e, portanto, maior receita. Por outro lado, o contacto com o consumidor é mais interativo e personalizado, o que torna a experiência mais memorável.
Já o projeto “ECOTEL – Soluções Sustentáveis” (Constança Cunha, Daniel Pereira, Francisco Lobato, Nuno Magalhães e Pedro Lima) propõe uma aplicação de telemóvel e a colocação, nos quartos, de sensores que permitam ao cliente perceber os gastos de água e energia. Como resultado, o consumo responsável é premiado com pontos convertíveis em descontos ou vouchers para serviços do hotel. O objetivo não passa por comprometer o conforto da estadia, mas por envolver o hóspede na gestão da sustentabilidade, recorrendo a mecanismos de gamificação que promovem também a fidelização do cliente.
São dois exemplos que tão bem ilustram o potencial das novas gerações. Articulando a hotelaria com o mundo digital, traçam novas avenidas para o futuro do setor.
Luís Ferreira
Docente do ISAG – European Business School
*Artigo de opinião publicado na edição de junho da Publituris Hotelaria.