“A participação de empresas do canal Horeca é fundamental para a Lisbon Food Affair”
As empresas do setor Horeca representam cerca de 30% do espaço expositivo da 2ª edição.
Carla Nunes
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Texto: Carla Nunes | Fotografia: DR
A Lisbon Food Affair (LFA) regressa este ano à Feira Internacional de Lisboa (FIL) para uma segunda edição. Após a estreia do evento no ano passado, no qual participaram cerca de 200 empresas, Marina Calheiros, gestora coordenadora da Lisbon Food Affair, dá conta dos números deste ano e das perspetivas para a feira que decorre de 4 a 6 de fevereiro.
A primeira edição da Lisbon Food Affair teve lugar o ano passado. Que balanço fazem deste evento?
A Lisbon Food Affair realizou a sua primeira edição em fevereiro de 2023 com um balanço positivo. A participação das cerca de 200 empresas, nacionais e internacionais, traduziu-se numa taxa de concretização de negócios acima dos 80% e uma intenção de retorno de participação para a 2ª edição acima dos 75%.
Já por parte dos visitantes profissionais, 73,3% deslocou-se à feira com intenção de fazer negócio e 92% tenciona repetir a visita nesta edição de 2024.
O objetivo proposto para a internacionalização, um dos eixos estratégicos do evento, realizou-se igualmente com sucesso, através do programa de Hosted Buyers, que permitiu a realização de mais de 200 reuniões entre compradores internacionais e empresas participantes, que resultaram em negócios efectivos, realizáveis a curto prazo, para a maioria dos participantes.
Quantos expositores vão ter este ano? O número aumentou em relação ao ano passado?
O evento está ainda em fase de comercialização, pelo que não é possível avançar já com o número total de empresas participantes, mas podemos afirmar que a resposta que estamos a registar por parte de empresas e entidades ligadas ao setor nos tem deixado satisfeitos.
De salientar que, sendo a inovação um dos principais pilares da LFA, é com satisfação que verificamos que neste momento 48% das empresas inscritas participam pela primeira vez nos vários setores.
Quais os principais segmentos do setor presentes nesta edição?
A Lisbon Food Affair tem como objetivo representar toda a fileira do agroalimentar, pelo que se apresenta em três salões: Food & Beverage, Horeca e Technology.
O Food & Beverage reúne a oferta alimentar e bebidas onde vão estar presentes produtos regionais, a indústria e distribuição de alimentos e bebidas, investigação e polos académicos, entidades oficiais, setoriais e regionais, implantados em áreas de exposição como o Multi Food, o LFA Food Lab, o Regiões.pt, o Deli Foods, o Vini.pt, Tendências e a Área Internacional, onde se reúnem as participações oficiais de países, regiões e entidades estrangeiras que participem de forma direta ou agrupada em representação de empresas e produtos internacionais.
O salão Horeca, agrega a oferta para os setores da hotelaria e restauração, com a participação de fabricantes e distribuidores de máquinas e equipamentos para hotéis, restaurantes, cafés, pastelarias e bares.
No Technology encontramos a oferta de tecnologia máquinas e equipamentos para a indústria e distribuição alimentar. De caráter transversal, esta área cobre todas as necessidades tecnológicas presentes na cadeia alimentar, desde os ingredientes até à embalagem, passando pela manipulação, transformação, logística e distribuição comercial.
Assim, teremos a participação de várias tipologias de empresas e entidades na Lisbon Food Affair, desde start-ups a empresas de grande, média e pequena dimensão, escolas profissionais e tecnológicas e empresas com projetos I&D.
E quanto ao número de visitantes, quantos esperam este ano?
Se na parte da exposição o objetivo é ter uma representação de toda a fileira, também na vertente dos visitantes esse objectivo se mantém, esperando o interesse e intenção de visita de profissionais ligados a cada área e sectores que compõem a LFA.
Sendo um evento exclusivo a profissionais do sector, nacionais e internacionais, ambicionamos acolher cerca de 10.000 visitantes.
Quantas empresas internacionais estarão presentes neste evento?
A participação de empresas internacionais representa neste momento cerca 23% do total de empresas inscritas, quer participando de forma direta, quer através de participação agrupada ou como participação de determinado país. Neste momento já podemos confirmar a participação de empresas provenientes do Brasil, Eslováquia, Espanha, França, Itália, Peru, Tunísia, Uruguai, Letónia e Índia.
A edição deste ano vai contar com buyers internacionais?
Neste momento já são mais de 30 os mercados emissores internacionais inscritos para a edição de 2024, com compradores de países como Alemanha, Angola, Arábia Saudita, Argentina, Bahrain, Bélgica, Brasil, Canadá, China, Chipre, Colômbia, Espanha, Emirados Árabes Unidos, Equador, França, Grécia, Hong Kong, Índia, Irlanda, Itália, Lituânia, Marrocos, México, Omã, Países Baixos, Polónia, Reino Unido, Roménia, Tunísia, Turquia, USA, Uruguai.
De salientar que o programa de hosted buyers desenvolvido pela LFA é destinado a todas as empresas e compradores das várias áreas do evento.
Que percentagem assume o canal Horeca na Lisbon Food Affair de 2024?
O canal Horeca assume uma área com uma representação na ordem dos 30%, com uma mostra transversal aos vários produtos e serviços para este setor. A participação de empresas do canal Horeca é fundamental para um evento como a LFA, sendo Portugal um país onde a forte componente turística é relevante para a economia.
O evento vai ter programação paralela além dos expositores? Que atividades têm confirmadas?
Sim. A Lisbon Food Affair é uma feira de experienciação e por isso as atividades paralelas ocupam um lugar fundamental, como os workshops, talks, espaços e ações temáticas. Vão também ser realizadas ações específicas de apresentações de produtos, dinamizadas pelas próprias empresas e showcookings.
Haverá um lugar destacado – LFA Innovation – para a montra da inovação com exposição permanente de produtos inovadores lançados no mercado em 2023/24. A abordagem aos temas da sustentabilidade, fatores ESG, gestão de desperdício no setor alimentar têm-se tornado cada vez mais relevante devido à crescente conscientização global sobre questões ambientais e sociais, [razão pela qual serão debatidos] assuntos como a redução do desperdício alimentar, a gestão da cadeia de abastecimento, a sustentabilidade e o uso de novas tecnologias na produção, certificações sustentáveis, redução do uso de materiais nocivos e sua substituição por embalagens sustentáveis e recicláveis.
Nos últimos tempos, o setor parece ser unânime ao apontar que as principais tendências prendem-se com a preocupação pela saúde, bem-estar e sustentabilidade. Acredita que estas tendências vão transitar para 2024, ou vamos assistir ao surgimento de outras tendências nesta área?
Acredito que essas tendências se vão manter. São tendências ou áreas de negócio que vão ao encontro da exigência do mercado e necessidades crescentes dos diferentes negócios. Estamos perante uma nova realidade de consumo, desde logo pelas alterações nos hábitos, pela maior consciência ambiental ou pelo maior grau de exigência dos consumidores nos aspetos da saúde e bem-estar. Todos estes fatores trazem mudanças significativas ao mercado, o que exige que as empresas pensem de forma diferente, ajam e se adaptem a este novo paradigma.
A questão do aumento de preços na alimentação agudizou-se em relação aos anos anteriores, fruto da crescente inflação. Neste contexto, que futuro traça para o setor?
O setor agroalimentar português é o maior setor industrial do país, tanto ao nível da criação de riqueza, como de emprego, e conta com uma elevada notoriedade nos mercados externos, sendo reconhecido internacionalmente pela qualidade e inovação dos seus produtos. É um setor que tem feito um percurso de desenvolvimento notável ao longo dos últimos anos, tornando-se mais organizado, profissional, inovador e orientado para o mercado. As empresas têm conseguido adaptar-se aos novos padrões de consumo, às novas tendências e apostado no desenvolvimento de produtos que são cada vez mais valorizados nos mercados externos. É, assim, um setor muito competitivo em todo o mundo.
A Lisbon Food Affair será um instrumento para potenciar, ainda mais, a relevância deste sector e, assim, contribuir para o robustecimento da economia e competitividade do nosso país.
Quais são as perspetivas para a edição deste ano?
Positivas, dado que o evento está a ter uma boa recetividade do mercado, nomeadamente junto de novas empresas que ainda não exploraram este marketplace para a realização dos seus negócios. Também pela importância que a Lisbon Food Affair tem na dinamização transversal do setor, mas sobretudo pela estratégia adotada, mais focada na realidade do mercado e mais orientada para a concretização de negócios.
Esta segunda edição da Lisbon Food Affair ocorre num momento muito desafiante para toda a fileira do agroalimentar, marcada pelas alterações nos hábitos de consumo registados no pós-pandemia, pela guerra na Europa, pelas dificuldades relacionadas com a logística e com o preço dos transportes, bem como pelo aumento da procura de produtos diferenciados, por oposição a uma oferta massificada.
Como sabemos, onde há mudança, há oportunidades. Por isso, temos como expectativas que o evento se afirme como o palco onde as empresas se podem posicionar proactivamente e mostrar aos mercados as suas soluções, a sua inovação, estratégia, as suas marcas. Ser um espaço de experienciação, onde em tempo real, é possível perceber a reação e aceitação do mercado nacional e internacional à oferta apresentada.