Na Small Portuguese Hotels, julho e agosto já estão acima de 2019
Depois de um final de ano de 2021 mau, devido à variante Ómicron, o ano de 2022 é promissor para os lados da Small Portuguese Hotels. Para já a semana 8 de 2022 foi melhor que a homólogo de 2019 e os dados indicam que julho e agosto estarão acima dos níveis pré-pandémicos.
Victor Jorge
A Small Portuguese Hotels (SPH), marca agregadora que representa mais de 140 hotéis independentes em Portugal, regista, atualmente, um nível de reservas para estadias nas suas unidades, 7,4% superior ao registado em 2021, indicando Pedro Colaço, CEO da SPH, que, relativamente aos meses de julho e agosto de 2022, “esse indicador já está acima de 2019”, respetivamente 17% e 11%.
Num encontro com a imprensa, o responsável pela SPH, projeto desenvolvido pela Great Hotels of the World, adiantou ainda que o mês de dezembro “não foi muito mau”, mas notou-se o “mau-estar por causa da variante Ómicron”.
Com a ocupação a aproximar-se de 2019, os dados mostram que a média nacional está nos 84%, na semana 8 de 2022 (12 a 19 de fevereiro) face ao mesmo período de 2019, com os indicadores a revelarem que no caso das unidades da SPH essa ocupação ronda os 92% no período indicado. “Certo é que o valo das estadias na semana 8 de 2022 já foi melhor que na mesma semana em 2019, o que é promissor”, admitiu Pedro Colaço.
Salientando que o fator preço é “fundamental”, o executivo da SPH mostrou que o preço médio das estadias aumentou face a 2019, “com as nossas unidades em vantagem face ao constatado na média nacional”. “As pessoas estão dispostas a gastar mais, a ter os seus pequenos luxos, depois de dois anos de restrições e, fundamentalmente, de poupança”, avançou Pedro Colaço.
Se no caso da média nacional, os indicadores dos preços mostram uma subida de 22% para o 1.º trimestre, de 37% para o 2.º, +37% para o 3.º e, finalmente, +68% para os últimos três meses do ano, no caso da SPH, essas subidas são de 13%, 11%, 14% e 41%, respetivamente.
Mercado português subaproveitado
No que diz respeito às nacionalidades dos hóspedes das 140 unidades dos SPH, Pedro Colaço salienta a importância que o mercado interno teve durante a pandemia, “foco para manter em 2022”, admitindo que “os portugueses descobriram coisas muitos bonitas em Portugal”, e que “ainda existe um nicho para descobrir a nível interno”, dado que o mercado nacional estava e “está subaproveitado”.
Esta constatação foi corroborada por Ingrid Koeck, partner dos Torel Boutiques Hotels, confirmando que, por exemplo, o Torel Palace de Lisboa “teve o melhor mês de fevereiro de sempre”. Aproveitando a presença da imprensa, Koeck avançou que o grupo está a renovar um 3.º prédio em Lisboa para abrir no início de 2023, juntando mais 11 quartos aos existentes. Prometido está, igualmente, um “upgrade” no Porto, com a ideia de transformar a oferta em “city resorts” ou “urban resorts”, deixando a certeza de que, em breve, haverá novidades para “o Douro e Açores”.
Voltando aos turistas, Pedro Colaço avançou que as regiões do Norte e Alentejo estão acima dos níveis de 2019, notando-se uma aceleração em Lisboa, mas com o Algarve e a Madeira a registarem “algumas dificuldades”.
Mas se o mercado nacional mostra uma “boa performance, acima de 2019 desde o início do ano”, o mercado internacional “cresceu exponencialmente nas últimas semanas”, com destaque para a Alemanha, França, Dinamarca e Países Baixos, com números acima dos registados em período pré-pandemia, com Espanha e Brasil ainda abaixo de 2019.
Com taxas de cancelamento baixíssimas, tanto Pedro Colaço como Ingrid Koeck admitem que os hoteleiros “estão confiantes” e que se estão a verificar mais reservas por meio de agências, confirmando que os clientes querem “confiança e segurança”.
Pessoas, um novo luxo
Com foco no novo paradigma que se irá viver no setor da hospitalidade, a partner dos hotéis Torel, frisou que “a pandemia colocou-nos mais próximos dos clientes”, admitindo que “voltou-se às origens na comunicação com os hóspedes”.
Para Pedro Colaço, a questão dos recursos humanos é “vital” para o setor, mas reconhece que “as pessoas serão um luxo que deverão estar mais presentes nos hotéis diferenciados”. Ou seja, “a indústria vai saber funcionar com menos pessoas”, referindo que “não vai haver dificuldades em contratar pessoas qualificadas. A dificuldade vai estar em encontrar quadros médios ou baixos”.
Certeza por parte do CEO da SPH existe, igualmente, quanto aos “investimentos no setor da hotelaria que estão a ser repensados, tendo em conta este novo paradigma de necessidade, exigência e vontade de se gastar mais, mas com maior consciência e qualidade”.
Denominando esta nova realidade de “luxo consciente”, Colaço afirmou, ainda, que a sustentabilidade irá ter um papel “essencial”, muito em função das novas gerações (Millennials) e tecnologia a utilizar na hotelaria que “não irá substituir as pessoas, mas sim facilitar e ajudar. No fundo, será um ad-on”.