Opinião: “Excesso de Inteligência Artificial ou escassez de Inteligência Natural na formação em turismo”
Leia aqui a opinião de Nuno Abranja, diretor do Departamento de Turismo no ISCE–Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo.
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A Inteligência Artificial (IA) tem sido objeto de estudo há décadas, mas só a partir de 2023 é que começou a chamar à atenção das sociedades globais. O próprio Papa Francisco afirmou que a AI “tem o potencial de contribuir de forma positiva para o futuro da humanidade”, antes de dedicar o Dia Mundial da Paz de 2023 ao uso da IA.
A IA é desenvolvida por meio de algoritmos e modelos matemáticos, baseados na capacidade de sistemas computacionais em realizar tarefas que normalmente se exigiriam à inteligência humana. Por outro lado, a Inteligência Natural (IN), ou inteligência humana, é inerente aos seres humanos e está associada à nossa capacidade de raciocínio, de aprendizagem, de compreensão, de resolução de problemas e de adaptação.
A IN é incrivelmente versátil e adaptável tendo em conta que os seres humanos têm a capacidade de aprender a lidar com situações imprevistas e fazer neuroassociações complexas entre diferentes áreas de conhecimento, recorrendo a emoções, intuição e criatividade, aspetos ainda muito limitados à IA. O problema da IN reside no facto de que a sua utilização depende muito das nossas experiências, das interações sociais, da educação formal e não formal, além da compreensão do mundo de forma holística que a geração atual, no geral, não tem, o que os limita e impede de acrescentar valor acrescentado ao serviço que se pratica no setor do turismo.
Em 2023, uma pesquisa global realizada em 34 países pela Randstad revelou que, entre 7 mil colaboradores de empresas de diferentes tamanhos, apenas 13% tinham recebido algum tipo de formação em IA nos últimos 12 meses. Não deixa de ser um resultado preocupante, considerando que no mesmo estudo a Randstad registou, em 2023, um aumento de 20 vezes no número de vagas de emprego em todos os setores que exigiam competências em IA. O mesmo estudo também indicou que a formação em IA foi classificada como a terceira mais solicitada pelos trabalhadores (após liderança e bem-estar).
Neste sentido, é importante para as empresas turísticas seguirem a recomendação da multinacional de formação Skillsoft, que afirmou ser vital investir na reciclagem e no aperfeiçoamento das capacidades de IA para garantir que todos beneficiem desta tecnologia. Para assegurar isso, esta empresa argumentou que as organizações devem adotar uma postura mais forte na capacitação dos funcionários para o uso da IA de forma estratégica e responsável. Deste modo, as empresas turísticas têm a imperativa necessidade de se adaptar aos grandes desafios da IA e começar a formar os seus ativos, de modo a prepará-los para trabalhar de braço dado com a IA em vez de gerarem seres dependentes das tecnologias de última geração e não absorverem as reais vantagens destas ferramentas.
Como players da maior atividade económica do mundo que somos, é crucial que compreendamos as oportunidades e desafios desta tecnologia transformadora e aprendamos a trabalhar com ela.
Nuno Abranja
Diretor do Departamento de Turismo, ISCE–Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo
CEO, OMelhorDoTurismo – Consultora de Formação
*Artigo de opinião publicado originalmente na edição 216 da Publituris Hotelaria