Uma (calma) histórica que perdura há 400 anos
É na Estrada Nacional 10, entre Setúbal e Azeitão, que encontramos o Hotel Casa Palmela, inserido numa casa que remonta ao século XVII em pleno Parque Natural da Serra da Arrábida. Calma, muita calma, história, luxo, natureza e requinte caracterizam o único hotel de 5 estrelas da Arrábida.
Victor Jorge
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É na Estrada Nacional 10, entre Setúbal e Azeitão, que encontramos o Hotel Casa Palmela, inserido numa casa que remonta ao século XVII em pleno Parque Natural da Serra da Arrábida. Calma, muita calma, história, luxo, natureza e requinte caracterizam o único hotel de 5 estrelas da Arrábida.
Texto: Victor Jorge | Fotos: DR
É a 40 minutos de Lisboa que encontramos o Hotel Casa Palmela, situado a apenas seis quilómetros da Reserva Natural do Estuário do Sado, em pleno coração do Parque Natural da Arrábida.
De resto, este é o único hotel de 5 estrelas que podemos encontrar na Arrábida, inaugurado em 2016 e pertencente ao grupo Once Upon a House, que detém também a Casa do Alecrim, localizado no coração da Lisboa antiga, em pleno bairro do Chiado.
Deixemos, contudo, a “agitação” da cidade e regressemos à calma da Arrábida e ao Hotel Casa Palmela. De facto, é disso que se trata: calma, muita calma. Ao passar o grande portão da entrada, um longo caminho ladeado de vinhas dá as boas-vindas a quem visita esta casa cujos primeiros documentos a datam de 1640.
Salvador Holstein, Chief Communication Officer (CCO) do Grupo Once Upon a House (OUH), refere que no início, “uma das primeiras preocupações passou por encontrar um conceito para a casa”, salientando que “não basta estarmos no meio da serra, no meio do Parque Natural da Arrábida para dizer que temos um hotel natureza, um hotel vínico ou um hotel rural. A nossa primeira preocupação passou, efetivamente, por conhecermos a história da casa, história essa que encanta e desperta interesse a quem nos visita”.
Recuando no tempo, trata-se de uma propriedade que em tempos longínquos tinha 2.000 hectares e que atualmente possui 70 hectares e que, segundo conta a história da Quinta do Esteval, nome antigo da propriedade, pertenceu, entre os séculos XVII e XVIII, à Companhia de Jesus. Os documentos colocam a quinta, posteriormente, nas mãos da coroa, tendo sido arrematada, em hasta pública, no início do século XIX, pelo 1.º Conde da Póvoa, Henrique Teixeira de Sampaio. Resumindo a história, há mais de 200 anos que a quinta e respetiva casa entram para a família Holstein Beck, onde Domingos de Sousa Holstein Beck, bisavô de Salvador Holstein, chegou a viver com os seus 10 filhos, sendo, igualmente, a casa que mais trabalhadores rurais empregava no Vale da Rocha.
Com a chegada do 25 de abril, a casa degradou-se e chegou a ser colocada no mercado para venda, tendo aparecido algumas propostas para a compra, mas que Salvador Holstein admite, na altura, “serem autênticas facadas, já que a nossa família passou aqui muito tempo e todos temos muitas e boas memórias deste espaço”.
É então que é decidido que a casa ficará na família e torná-la no atual hotel, inserida, desde 2020, nos Small Luxury Hotels of the World.
Entre quartos e villas
No total, contabilizam-se 34 quartos, divididos entre os 21 quartos do hotel (casa principal) e cinco villas, três com capacidade para seis pessoas, e duas para quatro pessoas.
Tudo isto, envolvido numa paisagem que transmite a tal calma, e em que os quartos amplos “Arrábida”, com áreas superiores a 20 m2 com casa de banho com duche, cama de casal e vista para o jardim, se situam no rés-do-chão do edifício principal.
Também localizados no edifício principal, ficam os quartos “Premium”, com áreas superiores a 25 m2, todos com casa de banho com duche e com varanda ou terraço privativo, com cerca de 12m2, virados para os jardins da casa.
As três “Junior Suites”, localizadas igualmente no edifício principal, nos antigos salões nobre da casa, têm áreas superiores a 30 m2, e oferecem aos hóspedes todo o conforto de um quarto 5 estrelas e ainda um espaço social ou de trabalho ideal para quem pretende ainda mais privacidade.
A antiga sala de charme da casa, no edifício principal, dá lugar a um espaçoso quarto com quase 50 m2: “Junior Suite Romance”. Tetos trabalhados, soalho de madeira maciça e uma lareira em mármore preto, dão a este quarto o toque de charme e elegância que, aliado à dimensão surpreende também pela estética, transformando a suite numa zona de estar que complementa o ambiente e privacidade que se pretende oferecer.
Para completar a oferta de quartos no edifício principal da Casa Palmela, o quarto mais emblemático – Master Suite – possui uma zona de estar interna separada do quarto e varanda. Este quarto foi o quarto dos donos da casa e, como tal, é o quarto mais nobre, com uma zona social interna e varanda para os jardins e Serra da Arrábida.
As villas, contíguas ao Hotel Casa Plamela, assumem nomes de castas que se podem encontrar na vinha que rodeia a unidade: Moscatel, Syrah e Touriga.
A Villa Moscatel é a maior das três villas e inclui três quartos, com duas casas de banho (uma na suite) e tem uma capacidade para seis pessoas. Os quartos têm camas que podem ser montados em casal ou solteiro, disponibilizando ainda uma sala completa com televisão, lareira e telefone. Para quem pretende não usufruir do restaurante do hotel, a villa disponibiliza uma cozinha completa e equipada com frigorifico máquina de lavar loiça, forno e micro-ondas.
A Villa Syrah, por sua vez, tem dois quartos, com duas casas de banho (suite) onde poderão ficar alojadas quatro pessoas e, tal como a anterior, possui sala completa com televisão, lareira e telefone. A cozinha aberta completa está equipada com frigorifico máquina de lavar loiça forno/ micro-ondas.
Por fim, a Villa Touriga tem, tal como a Moscatel, capacidade para seis pessoas, que poderão ficar nos três quartos (uma suite), possuindo ainda mais uma casa de banho. Também na “Touriga”, a sala está completa com televisão, lareira e telefone, encontrando-se a cozinha completa equipada com frigorifico máquina de lavar loiça forno e micro-ondas.
Mais do que simples natureza
Com os edifícios a estarem classificados, o que leva a que nada possa ser alterado, Salvador Holstein não destaca somente a beleza do que pode ser encontrado na propriedade de 70 hectares, com 20 deles a estarem plantados com vinha explorada pela casa José Maria da Fonseca.
De resto, é dos muitos hectares da quinta que muitos dos produtos são encaminhados para o restaurante Zimbral, chefiado por Mauro Alison, e que também ao pequeno-almoço preenchem as mesas localizadas na varanda e com vista deslumbrante para a Serra da Arrábida e a vasta natureza verde da Casa Palmela.
“Quando há uns anos colocava esta região num qualquer motor de busca, o que aparecia era somente Setúbal. Hoje, a história já é outra. Atualmente, a Serra da Arrábida é um dos pontos de destaque. Temos das praias selvagens mais bonitas, temos uma gastronomia fabulosa, um parque marinho a 30 km de uma capital europeia, o que não é habitual”.
O CCO do grupo salienta, de resto, o papel que toda a Margem Sul tem vindo a ganhar na oferta turística que Portugal tem para oferecer e que se vem notando na procura que a Casa Palmela tem tido junto de turistas nacionais e internacionais.
De resto, a pandemia não foi nefasta para a Casa Palmela, já que, devido à sua localização e “isolamento”, criou uma forte procura pelo espaço. Com 50 funcionários, o hotel tem, quase, um funcionário por hóspede, o que garante um serviço e uma atenção muito bem recebida por quem fica aqui hospedado.
“Temos um grande foco no cliente e conhecemos quem nos visita pelo nome”, frisa Salvador Holstein. “É esta atenção que o cliente gosta, chegar à receção ou ao restaurante e ser tratado pelo nome. Os hotéis não podem ser todos iguais e esse é a desafio. Aqui, tivemos a sorte e o trabalho de pôr isso em prática. Mas também há muito trabalho interno, de saber o que podemos oferecer de diferente, que experiências poderemos colocar à disposição do nosso hóspede que que não só oferece um serviço diferente, mas uma mais-valia para a estadia do nosso cliente. Todos esses detalhes contam e a própria equipa participa e opina”.
E neste ponto regressamos ao conceito definido para a Casa Palmela. “Quem gosta da cidade, quem pretende festa, a agitação da noite, da confusão das pessoas, pois não é aqui que vai encontrar isso”, diz Salvador Holstein. E foi, desde a primeira hora, esse o conceito que se quis implementar na Casa Palmela. Mas não se pense que, por causa deste posicionamento, a Casa Palmela tem como clientela pessoas com uma média de idade alta. “Naturalmente, que não temos uma oferta como existe na cidade, não encontrará aqui locais com Playstation, grande agitação no bar. Mas mesmo os mais jovens já querem esta paz e calma que transmitimos. Este contacto com a natureza, as experiências que oferecemos, seja passeios a cavalo, provas de vinho, passeios de bicicleta, sessões de ioga ou a tranquilidade do nosso espaço ‘wellness’”. E se a média de idades tem vindo a baixar junto dos hóspedes, a estadia média tem vindo a aumentar, “pois é natural que as pessoas fiquem mais tempo do que na cidade”, admite Salvador Holstein.
Em termos de hóspedes, o CCO do grupo OUH aponta para o mercado nacional, mas também norte-americano (EUA e Canadá), britânico, neerlandês, francês, embora distinga, quem fica somente ao fim de semana e quem pretenda ficar mais tempo, apontando, naturalmente, para quem viaja de mais longe.
Em termos de recursos humanos, afirmando que a equipa é binária (equilíbrio entre colaboradores masculinos e femininos), Salvador Holstein admite que não é fácil recrutar pessoal para a hotelaria, “ainda por cima para uma unidade que fica afastada dos grandes centros”, indicando a ajuda que a Talenter [empresa de recursos humanos] tem dado no recrutamento de pessoal mais novo, mas também, na chamada “velha guarda, com muita experiência e que tem ‘história’ em hotelaria”, tem levado a que os recursos humanos não tenham sido de difícil gestão.
Entre as novidades a apresentar pela Casa Palmela em termos de experiências, está o “Arrábida Sound Scape” – Paisagem Sonora da Arrábida. O projeto consiste em 50 pontos espalhados pela propriedade, em que o hóspede, munido de um smartphone e com o bluetooth ligado, tem a possibilidade de ouvir e descobrir todos os sons da quinta, previamente gravados pelo guia de caminhadas que é biólogo, desde o barulho dos carros da estrada, o bater da porta, o barulho dos pratos, das pessoas a conversar, o barulho de um pássaro, as diferenças entre os sons de determinado local no Inverno e no Verão, com a possibilidade de aceder ao link que explica o que se está a ouvir. “No fundo, foi trazer um pouco de tecnologia para a calma que transmitimos aqui, mas que as pessoas valorizam”.
Quanto a mais novidades, Salvador Holstein não avança muito, mas garante que elas “irão surgir em devido tempo, sempre com o objetivo de melhorar serviço, experiências e a qualidade que a Casa de Palmela oferece”.
Porque, afinal, uma história com 400 anos tem ainda muito por contar!