“Portugal está a começar a praticar preços mais de acordo com a oferta de qualidade que tem”
Vencedor da categoria de “Melhor Hotel de Cidade” nos últimos PUBLITURIS Portugal Travel Awards 2023, a história do Bairro Alto Hotel começa há 18 anos, quando, em 2005, abre o primeiro boutique hotel de 5 estrelas de Lisboa. A PUBLITURIS HOTELARIA foi conhecer um pouco da história deste hotel e conversou com Marta Tavares da Silva, CEO e proprietária do Bairro Alto Hotel.
Victor Jorge
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Vencedor da categoria de “Melhor Hotel de Cidade” nos últimos PUBLITURIS Portugal Travel Awards 2023, a história do Bairro Alto Hotel começa há 18 anos, quando, em 2005, abre o primeiro boutique hotel de 5 estrelas de Lisboa. A PUBLITURIS HOTELARIA foi conhecer um pouco da história deste hotel e conversou com Marta Tavares da Silva, CEO e proprietária do Bairro Alto Hotel.
Situado em pleno centro histórico, ancorado entre dois bairros emblemáticos de Lisboa – Chiado e Bairro Alto – o edifício secular que alberga o coração do Bairro Alto Hotel foi erigido no rescaldo do terramoto de 1755. Antes foi Grand Hôtel de l’Europe e Hotel Europa até que, em 2005, renasce com novos proprietários e com um novo conceito, tornando-se no primeiro boutique hotel de 5 estrelas da capital.
De 2017 a 2019, pelas mãos de Souto de Moura, vencedor do Pritzker Prize em 2011, no exterior, e os interiores a cargo do Atelier Bastir, que trabalha com o Bairro Alto Hotel desde 2005, o hotel é renovado e, “mantendo a identidade e o mesmo espírito de sempre, [as obras] trouxeram uma unidade mais contemporânea, adaptada aos dias de hoje”, refere Marta Tavares da Silva, CEO e proprietária do Bairro Alto Hotel.
Texto: Victor Jorge | Fotografia: Manuel Manso
Aberto há 18 anos, o que levou ao lançamento do primeiro boutique hotel de 5 estrelas de Lisboa?
Àquela data o Chiado estava a ser revitalizado – após o grande incêndio de 1988 – e esta zona histórica e cultural da cidade recomeçava a ganhar vida. O meu pai e o sócio de então tiveram a visão de perceber o potencial desta localização única na cidade para desenvolver um projecto hoteleiro diferenciador, de charme e de qualidade superior, inexistente em Portugal à época.
O que define o Bairro Alto Hotel? Ou melhor, o que definia o Bairro Alto Hotel em 2005 e o que define o Bairro Alto Hotel na atualidade?
O que definia o Bairro Alto Hotel em 2005 e o que o define hoje é o mesmo: um boutique hotel de 5 estrelas com um serviço próximo do cliente e atento aos detalhes, que tenta antecipar e responder às exigências e tendências do mercado, a cada momento, sem desvirtuar a sua identidade.
Mesmo antes de haver hotel
Quais foram os maiores desafios no projeto do Bairro Alto Hotel e porquê lançar um Boutique Hotel em Lisboa?
O Bairro Alto Hotel tem passado por vários desafios ao longo dos seus 18 anos de existência, mas são três os decisivos. Logo inicialmente, após a decisão de compra do edifício original, foram o desenvolvimento do conceito e a consequente pesquisa e contratação dos melhores profissionais da área, para responder à exigência que se pretendia do projecto, as maiores preocupações. Precisamente por ser um conceito pioneiro em Portugal, recorreu-se a uma consultora francesa de notoriedade reconhecida internacionalmente – a entretanto extinta GLA, da hoteleira Grace Leo Andriéu – que nos apoiou no desenvolvimento de todo o conceito, orientação artística e estratégia comercial.
Em segundo lugar, desde muito cedo nos apercebemos do potencial de crescimento da zona e da necessidade de ganhar escala, pelo que logo dois anos após a abertura começámos a adquirir os três edifícios do quarteirão, adjacentes ao original, virado para a praça. Todo este processo de negociação, com os então inquilinos, de realojamento, desocupação e respectivas indemnizações foi extremamente delicado e moroso.
Por último, o início do projeto de expansão e reabilitação para o que é hoje o Bairro Alto Hotel, uma unidade composta por quatro edifícios do Séc. XVIII, que ocupa um quarteirão inteiro numa das zonas mais nobres da cidade e todas as dificuldades que um projeto dessa envergadura acarreta, como a obtenção das respectivas licenças, a dificuldade em unir quatro edifícios distintos, todos com cotas diferentes, conseguir responder às necessidades da exploração hoteleira e, tendo três edifícios totalmente reconstruídos de raiz – apenas se mantiveram as fachadas – e um edifício que apenas sofreu uma reabilitação (o original do hotel), não se perdesse a identidade do hotel, que, desde o inicio foi o seu factor diferenciador. Só um grande arquitecto, gabinete de engenharia e empreiteiro é que poderiam fazer um trabalho desta exigência e minúcia.
A genialidade do arquiteto Souto de Moura, aliado à Bastir – design de interiores -, com quem trabalhámos logo em 2005, assim como o thestudio – design do restaurante BAHR – e todos os restantes projetistas foram determinantes para o sucesso do projecto. Foi um desafio enorme liderar uma equipa tão vasta de intervenientes, mas estamos extremamente satisfeitos com o resultado obtido.
A localização do Bairro Alto Hotel foi e é um dos fatores-chave do hotel?
É, sem dúvida, um dos fatores-chave, mas não é o único. Todo o esforço e investimento que se fez no conceito e respetiva implementação, na escolha da nossa equipa de pessoas, na consolidação da marca, e na constante preocupação em anteciparmos tendências e nos adaptarmos a elas, são igualmente factores- chave.
Ao longo destes 18 anos, deverá muitas histórias por contar. Quer contar-nos algumas?
São tantas que dava para escrever um livro. Essa é uma das partes giras da hotelaria, as coisas que se passam nos hotéis. Mas, posso contar-lhe que há uns anos, imediatamente antes da expansão, tivemos um casal de hóspedes ingleses que tinham ficado hospedados no então Hotel Europa, na altura do Grupo Alexandre de Almeida, na década de 60, e, por ocasião de uma celebração do seu aniversário de casamento (não me lembro quantos anos eram, mas eram muitos) quiseram voltar a ficar hospedados no “mesmo” hotel. Os senhores, já muito velhinhos, estavam visivelmente emocionados e para a equipa do hotel foi um prazer recebê-los.
Hotel gastronómico
Um dos aspetos que definiu o Bairro Alto Hotel foi, desde sempre, a sua ligação à gastronomia e o seu restaurante. Que importância teve e tem esse fator?
Até à expansão foi difícil destacarmo-nos enquanto hotel com uma forte vertente gastronómica, não pela qualidade dos vários chefs que passaram pelo hotel e pela oferta gastronómica, mas pelas dificuldades impostas pelo próprio edifício.
Quem conheceu o que era a antiga cozinha do hotel – pré-ampliação – sabe que se fizeram verdadeiros milagres naquele espaço! No entanto, sempre quisemos distanciar-nos daquele estigma de restaurante de hotel e, desde o início, que abrimos as portas à comunidade local. Com a ampliação da unidade, e com outras condições, quisemo-lo fomentar ainda mais e apostámos muito na vertente gastronómica. Não só pelo nosso histórico de procura como pelo crescente interesse da população em geral por esta área.
E que evolução houve na oferta gastronómica?
Houve uma evolução muito grande nesta área. Pensámos o projecto de raiz por forma a poder responder àquilo que nos propusemos fazer. Com base na procura anterior, decidimos manter o rooftop original e abrir um novo restaurante no 5.º piso do hotel, também ele com um terraço com uma vista maravilhosa para o rio e para o casario lisboeta. Criámos cinco espaços diferentes de restauração, todos eles com conceitos distintos, mas complementares, e com base na gastronomia portuguesa.
Neste momento contamos com a Pastelaria no piso térreo, com porta directa para a Rua do Alecrim, com alguma oferta da clássica pastelaria portuguesa e que conta ainda com uma Mezzanine – que é onde o edifício original se une com os novos – que está aberta ao longo do dia, como espaço de apoio à pastelaria e perfeito para pequenas reuniões e eventos. É um espaço muito intimista e um dos meus preferidos do hotel após a remodelação.
Temos o restaurante BAHR no quinto piso, aberto para pequenos-almoços, almoços e jantares, com cartas adequadas a cada momento. Sendo que ao almoço temos uma oferta de pratos mais clássicos da gastronomia portuguesa e ao jantar uma experiência mais de alta cozinha. Não lhe quero chamar de fine dining porque não é disso que se trata. É uma experiência extremamente criativa e de alto rigor técnico, num espaço acolhedor e despretensioso.
No rooftop, no 6.º piso, servimos snacks e refeições ligeiras, desde as 12h30 até à 1h e temos ainda o 18.68 – um bar com uma oferta gastronómica muito eclética e singular -, nas antigas instalações do quartel da Associação dos Bombeiros Voluntários de Lisboa e cujo nome lhes presta homenagem, tendo sido esta a data da sua fundação.
Ou seja, apostámos na contratação originalmente do chef Nuno Mendes que em conjunto com o nosso chef executivo – Bruno Rocha – desenvolveram e implementaram toda a operação de restauração, desde o desenho das cozinhas aos conceitos para cada um dos espaços.
Renovações e novas tendências
De que forma é que as obras de expansão, que começaram em 2017 e terminaram em agosto de 2019, quando o hotel voltou a abrir as portas ainda em regime de soft opening, transformaram o hotel? O que é que essas obras trouxeram de novo ou diferente à oferta já existente?
Mantendo a identidade e o mesmo espírito de sempre, trouxeram uma unidade mais contemporânea, adaptada aos dias de hoje, maior capacidade de alojamento e uma aposta em categorias de quartos superiores, para responder aos nossos principais mercados emissores, uma vertente gastronómica forte, uma oferta de salas de reunião com capacidade até 140 pessoas e um novo wellness & fitness center.
As obras fizeram com que o hotel passasse de 55 quartos para 87 (4 individuais, 65 duplos e 22 suites), divididos entre duas alas: a ala original virada para o Chiado e a ala nova virada para o rio Tejo. Estas obras foram para dar uma resposta à procura que havia na altura?
A decisão de ampliação foi para dar escala ao projecto e para responder ao nosso histórico de procura, sim.
Ao longo destes 18 anos, quais as principais alterações notadas nos vossos hóspedes? Há exigências, preocupações, necessidades que existem atualmente que não eram tema há 18 anos?
Sim, há muitas alterações. Diria que existe uma exigência muito maior em relação a tudo o que diz respeito à alimentação (quase uma obsessão!), seja por uma maior preocupação com a saúde e bem-estar, seja por questões de sustentabilidade, o que a pandemia só veio acelerar, mas a tendência começou antes.
Regra geral, o viajante de hoje, principalmente no segmento em que nos posicionamos, é muito mais informado e exigente do que há 18 anos. A velocidade e a quantidade de informação a que estamos todos sujeitos hoje veio alterar drasticamente – para o bem e para o mal – os nossos comportamentos. Vemos isso, por exemplo, nas cartas de todos os restaurantes. De repente somos obrigados a colocar uma panóplia de iconografia que muitas vezes nem se percebe bem o que é: sem glúten, sem lactose, vegetariano, vegan, bio, etc. etc.. Hoje em dia toda a gente se tornou intolerante à lactose ou ao glúten.
Deveremos ter essas preocupações, claro, eu também as tenho, mas temos de continuar a ter também o outro tipo de oferta, a não ser que nos queiramos posicionar apenas em determinado segmento. São muitas as alterações de comportamentos nestas duas últimas décadas, principalmente devido à rápida evolução tecnológica.
Quais são, efetivamente, as novas tendências na hotelaria?
Segmento de saúde e bem-estar, projectos sustentáveis e unidades pensadas para os nómadas digitais.
Portugal está a seguir essas tendências internacionais na hotelaria?
Sim, está a adaptar-se. E temos alguns bons exemplos de empresários que conseguiram antecipar estas tendências. O problema em Portugal é que desde a concepção da ideia até à sua efectiva implementação, são criadas demasiadas entropias e tudo demora muito tempo. É preciso ser-se muito perseverante e ter uma boa capacidade de investimento para se levar para a frente projetos inovadores e diferenciadores, que acrescentem valor ao nosso país.
O que trouxe a pandemia de novo ou diferente?
A pandemia trouxe um maior interesse pelo turismo doméstico, primeiro por necessidade e, posteriormente, porque acho que muitas pessoas desconheciam muitas zonas do país e a sua oferta de qualidade e começaram a dar mais valor ao que é nosso.
Houve também uma maior procura por destinos mais recônditos e que proporcionem bem-estar. Houve um aumento exponencial das viagens em família e por mais tempo. E há novamente um planeamento de viagens com maior antecedência.
Acredito que grande parte destas tendências se vão manter, as pessoas passaram a valorizar mais o seu tempo e redefiniram prioridades e com as adaptações que as unidades hoteleiras fizeram, hoje é perfeitamente possível aliar lazer e trabalho. Ou seja, o surgimento do segmento bleisure.
Quais os principais mercados para o Bairro Alto Hotel em termos de hóspedes? Houve alguma mudança significativa na origem de quem vos visita?
Um dos nossos principais mercados sempre foi os EUA, pois somos membros da The Leading Hotels of the World – a maior afiliação de hotéis de luxo independentes do mundo, que tem sede nos EUA. Ou seja, antes do recente boom de americanos em Portugal, em especial em Lisboa, esse já era o nosso principal mercado, pois desde 2005 que temos vindo a trabalhá-lo.
Neste momento, temos uma panóplia muito maior de nacionalidades do que tínhamos antes da pandemia. Há uma maior predisposição para viajar hoje – pós-pandemia – do que havia antes, transversal a vários mercados.
E em termos de faixa etária. Houve alguma alteração?
Sim, com a ampliação conseguimos atrair também uma faixa etária mais baixa e hoje a maior incidência será entre os 40 e os 65.
Sustentabilidade e digitalização são dois aspetos que foram acelerados com a pandemia. Como é que o Bairro Alto Hotel segue estas temáticas?
Estes são dois temas que nós já vínhamos a desenvolver previamente à pandemia. Em termos de digitalização, temos praticamente todas as ferramentas, não as querendo substituir ao contacto humano, que tanto valorizamos para o nosso produto.
Em relação à sustentabilidade, sempre tentámos actuar de acordo com a nossa consciência e responsabilidade social, em tudo o que fazemos. Ou seja, não temos algumas ações ad-hoc, mas tentamos, naquilo que é possível e economicamente sustentável (passo a redundância), ter uma abordagem 360º. Ou seja, a sustentabilidade foi tida em conta na ampliação e reabilitação do hotel, seja em soluções e equipamentos que promovam a eficiência e monitorização energética.
Por exemplo, utilizamos todo o calor produzido pelos equipamentos de produção alimentar para aquecer as águas sanitárias. Sempre que possível escolhemos produtores nacionais e locais, mais uma vez, tanto na seleção dos materiais – revestimentos – escolhidos para a obra, como na curadoria de obras de arte, na seleção de todos os nossos fornecedores, tanto de alojamento como de restauração.
Estamos neste momento a implementar o programa de ESG – Environmental, Social and Gonvernance – como hotel-piloto de cidade, a convite do Turismo de Portugal, em parceria com a ABC Consulting e a CLEVER Hospitality Analytics.
Este é um projeto ad continuum, que vai sofrendo melhorias e alterações, à medida que se vão mudando, também, alguns padrões de comportamentos e consciencialização para o tema. É irreal (e incomportável) querer fazer tudo de um momento para o outro.
Também os recursos humanos, ou melhor, a escassez dos mesmos no setor da hotelaria têm sido desafiantes. Tem sido fácil recrutar para o Bairro Alto Hotel?
Tem sido extremamente desafiante e este é um tema que deveria ser estratégico para qualquer Governo, uma vez que o setor do turismo é responsável por cerca de um milhão de postos de trabalho em Portugal e, de acordo com dados do Ministério da Economia, em 2022, contribuiu, direta e indiretamente com 19,1% do PIB nacional.
O setor foi severamente afetado pela pandemia, afastando milhares de pessoas para outras atividades e é fulcral que se torne o setor atrativo novamente. Se da parte dos privados, está a ser feito um esforço para se melhorarem os vencimentos dos trabalhadores, desenvolvendo planos de benefícios e incentivos mais apelativos e mais de encontro às necessidades de cada um, da parte do Governo deveria haver uma reflexão a montante e começar por repensar a oferta e qualidade da formação existente. A formação académica em Portugal é desajustada às necessidades dos hotéis e está obsoleta, cada vez afastando mais jovens da área. Infelizmente, quem quer ter uma boa formação em hotelaria vai estudar para fora, o que é inacessível para muitos.
Números crescentes no turismo
Portugal tem vindo a registar números no turismo que, tudo faz crer, que fiquemos acima do ano recorde de 2019. Muito também se tem falado da necessidade de “ter melhor turismo em vez de mais turismo”. Corremos o risco de ter turismo a mais, principalmente, em cidades como Lisboa?
Houve falta de planeamento estratégico e a cidade (Lisboa) não está preparada em termos de infraestruturas para sustentar um aumento de turismo tão abrupto. Sim, deveríamos apostar num turismo mais de qualidade e menos de quantidade.
Deveríamos preocupar-nos com a sustentabilidade da própria cidade e criar condições para residentes e turistas coexistirem, antes que se assista a uma (maior) desertificação de residentes e nos tornemos num sítio onde turistas vêm ver turistas.
O preço na hotelaria, devido ao aumento de custos em diversas áreas tem feito com que os preços apresentados ao consumidor também tenham subido. O Bairro Alto Hotel não terá sido imune a esta realidade. Que ajustes tiveram de realizar em termos de preços?
Os aumentos de preços devem-se, essencialmente a dois fatores: o aumento generalizado de todos os custos de contexto, nomeadamente os custos com pessoal e a energia que têm um peso elevadíssimo em hotelaria, e o preço das matérias-primas, bem como a crescente procura pelo destino.
No que toca ao Bairro Alto Hotel, temos tentado absorver parte desse aumento de custos nos preços dos nossos serviços. No entanto, o aumento das tarifas de alojamento deve-se, em grande parte, ao aumento da procura.
A hotelaria de luxo está a ficar demasiado cara ou este é um processo normal de ajuste, até porque Portugal era tido como um destino barato?
Portugal está a começar a praticar preços mais de acordo com a oferta de qualidade que tem, e não deveremos ter medo de o fazer desde que o produto e serviços prestados acompanhem a proposta de valor e não defraudem expectativas.
No entanto, é preciso também, que haja uma preocupação e atuação por parte das entidades públicas e, neste caso, falo especificamente sobre Lisboa, no que respeita à higiene urbana, segurança das pessoas, estado dos pavimentos e calçada, rede de mendicidade cada vez maior.
Foi feito um investimento enorme por parte dos privados na oferta hoteleira, o Turismo de Portugal tem feito um óptimo trabalho de promoção do destino ao longo da última década, mas se ao chegar ao destino se encontrar uma cidade suja, com uma rede de transportes ineficiente, ruas esburacadas e falta de segurança, toda a experiência fica comprometida.
É preciso agir rapidamente sob pena de virmos a perder competitividade para outros destinos.
O que caracterizará o Bairro Alto Hotel do futuro?
O Bairro Alto Hotel do futuro tem de manter intacta a sua identidade e os seus valores, e adaptar-se às novas exigências e tendências do mercado sempre que se justifique. Ou seja, manter “uma evolução na continuidade”.