“Queremos dar aos hotéis uma solução para ter o melhor desempenho possível online”
A plataforma HyperCommerce agrega vários tipos de dados que permitem aos hotéis tomar as melhores decisões para o seu negócio. Em entrevista à Publituris Hotelaria, Pedro Colaço, CEO da Guestcentric, da a conhecer melhor esta plataforma e as suas potencialidades para o setor.
Carla Nunes
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A plataforma HyperCommerce agrega vários tipos de dados que permitem aos hotéis tomar as melhores decisões para o seu negócio.
Texto: Carla Nunes | Fotografia: DR
A Guestcentric, uma empresa que fornece software e serviços de marketing digital baseados na nuvem para hoteleiros, aproveitou a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) para lançar uma nova plataforma, a HyperCommerce. Esta agrega vários tipos de dados que permitem aos hotéis a oferta de experiências personalizadas consoante o cliente, aplicar uma estratégia de preços baseados nos atributos da unidade hoteleira, gerar receita adicional em vários canais e momentos e ainda adaptar a comunicação do hotel aos canais utilizados pelos seus clientes para pesquisa e reserva – sejam redes sociais ou interfaces conversacionais.
Em entrevista à Publituris Hotelaria, Pedro Colaço, CEO da Guestcentric, da a conhecer melhor esta plataforma e as suas potencialidades para o setor.
Em que consiste a plataforma HyperCommerce?
Mais ou menos a meio do ano passado chegámos à conclusão de que a indústria está em franca transformação. Por um lado, a pandemia deu um grande boost à nossa tecnologia, por outro, criou problemas a nível de staff para os hotéis. Os recursos tecnológicos dos hotéis têm-se complicado, são muitas ferramentas a fazer várias coisas, o que se vai complicar nos próximos dez anos. Uma coisa que era relativamente simples está a transformar-se numa coisa difícil de gerir. A visão do HyperCommerce vem desta necessidade de reorganizar, certificar, criar uma solução que seja fácil de usar, que esteja completamente integrada e que permita aos hoteleiros chegar onde pretendem. Queremos dar os hotéis uma solução para ter o melhor desempenho possível online, atraindo os hóspedes o mais cedo possível no funil de vendas. Isso está alavancado em quatro quadrantes. Primeiro, o que chamamos boosters – formas de comunicar com os clientes finais por forma a motivar a reserva direta. Depois, a ligação com os canais de distribuição, que tem de ser uma coisa inteligente, na perspetiva em que, se estou na época alta preciso menos deles, se for na época baixa preciso mais deles. Por outro lado, achamos que esta nova geração vai andar por outros sítios – e já não é o Instagram, é o Tik Tok – [pelo que] a mensagem tem de ser mais curta e incisiva, temos de estar nestes novos canais de venda, de pesquisa e reserva. Finalmente, a questão da personalização. Os consumidores hoje não estão à espera de ver coisas que não lhes interessem, pelo que [é necessário] personalizar as interações com o cliente final, oferecer exatamente o que procura.
[Em suma, a plataforma pretende]: criar mensagens para maximizar a conversão; uma ligação a canais inteligente; estar em mais pontos de venda e descomplicar as interações – tudo isto alavancado em inteligência, com dados.
De onde surgiu a necessidade de criar esta plataforma? Foram os vossos clientes que pediram esta ferramenta, ou decidiram criá-la com base nos dados que já tinham na vossa empresa?
As duas coisas. Ao longo de dez anos fomos desenvolvendo a ferramenta e obviamente esta foi evoluindo. [No entanto, demos conta de] que os clientes, apesar de terem muitas funcionalidades na ferramenta, não as estavam a utilizar. Uma das motivações que nos pôs a pensar nisto foi: se há tanta coisa, porque é que clientes não estão a usar? Se calhar porque não era fácil ir lá, não era evidente quais eram os benefícios e, portanto, destruturámos e reorganizámos a forma como a nossa plataforma funciona por forma a dar informação contextual, para que as pessoas possam tomar decisões. Os hoteleiros na verdade têm pouco tempo para explorar tudo o que é possível fazer com a nossa plataforma. Para lhes simplificar a vida, criámos uma área onde essas ferramentas permitem verdadeiramente um bom desempenho, com base em dados. Na realidade, já tínhamos muitos destes serviços, estamos é a acrescentar mais inteligência. A base estava lá, mas se calhar era para ser usado por experts.
Que serviços reuniram nesta ferramenta?
Temos serviços para melhorar a performance direta, desde shopping cart recovery a shopping activation, com mensagens personalizadas para criar urgência ou confiança no mercado direto. Depois temos uma outra área que é a de ligação aos canais meta, nomeadamente Google, com os Google Free Booking Links, Google Ads, TripAdvisor mas também a capacidade de os próprios hotéis poderem criar os seus canais meta – com motor de reservas à medida e uma oferta, preços e condições de compra específicas. Ou seja, a noção de que posso otimizar a oferta para um evento específico, por exemplo. Ou de que [é possível ter] muitos pontos de venda, criados muito facilmente, e que geram receita para os hotéis. Num segundo é colocar a marca no maior número de pontos de venda possível. No terceiro pontos temos a gestão de canais, com ferramentas como a de reservar os últimos quartos só para a venda direta, ferramentas de market para os canais para garantir que temos preços no mínimo em paridade mas preferencialmente melhor no canal direto do que noutros canais. Depois temos um quarto elemento para a personalização da interação, como o Click to Book, com a capacidade de gerar um link personalizado para fazer a reserva, um Messenger que permite aos hotéis interagirem com os clientes antes da estadia para poder fazer upselling ou upgrades, entre outras ferramentas para personalizar a oferta aos clientes.
Quantas pessoas são necessárias para operar esta ferramenta? Vocês disponibilizam esse serviço ou apenas a plataforma, que deve ser operada pelos hoteleiros?
A nossa visão é que os hoteleiros devem ser autónomos, portanto, têm de conseguir operar a plataforma. Por outro lado, temos um apoio ao cliente muito forte, dando indicações sobre a estratégia a seguir.
Quantas pessoas seriam necessárias, no seu entender, para operar a ferramenta?
Depende muito da dimensão dos hotéis. Acho que no máximo três a quatro pessoas, [mas] a maior parte dos hotéis tem uma ou duas pessoas, [já que] unimos o revenue e o marketing.
Quem opera a ferramenta tem de ter formação na área? Ou qualquer pessoa pode utilizar?
Temos vários perfis de clientes, [desde] o hotel Ritz em Paris a casas de campo. [Por isso], temos dois níveis de serviço que propomos ao nosso cliente. Um é o essential, para quem quer ter uma presença forte, mas não muito diversificada, e depois temos solução chamada advanced. Muitas pessoas que entram pelo essentials começam a perceber os conceitos, o valor que aportamos e depois fazem o upgrade para advanced. Acho que a mesma coisa vai acontecer com o HyperCommerce. Creio que temos uma oferta que dá para ambos: quem quer uma coisa mais simples, capaz de ligar e deixa andar, e depois uma que é mais para ir trabalhando e otimizando.
Esta é uma boa ferramenta para os hotéis que só estão a entrar agora no processo de digitalização? Ou serve mais como um complemento a outras ferramentas?
Temos clientes que escolhem a nossa empresa ainda antes do hotel abrir, para garantir que a abertura a nível digital corre bem. Tanto funciona para esses como para hotéis muito bem estabelecidos.
Afirmam que esta ferramenta permite otimizar os resultados das reservas diretas. Conseguem estabelecer uma estimativa de que aumento é que os hoteleiros podem perspetivar ao usar a vossa ferramenta?
Temos muitos hotéis que têm mais de 50% de reservas diretas sem gastar um cêntimo com a Google. Esse é o benchmarket onde queremos estar. Agora, há hotéis que vêm ter connosco e têm 5% de vendas diretas – ou seja, na realidade podem aumentar 10 vezes – e há hotéis que vêm ter connosco e têm 25% a 30%, por isso podem duplicar. Agora, isto também não é uma solução mágica – se não tiver o preço e a oferta certos, uma boa história para contar ao cliente final, o cliente marca onde tiver o preço mais barato. Isso são coisas que não controlamos. Nós podemos alertar, mas não somos um revenue management system, não fazemos a formação do preço. Se não adotarem uma estratégia para ter bons resultados diretos, não vão ter. A mesma coisa com hotéis que não têm uma boa oferta.
Referem que esta solução “permite uma hiper-personalização dos clientes”. Em que campos conseguem esta personalização e o que permite para o negócio?
Começa pela capacidade de ter uma mensagem personalizada, de poder criar um pacote à medida da pessoa. Pode ser tão simples como a língua do utilizador, até tão complexo como o utilizador fazer o login e identificar-se. Temos uma funcionalidade em que temos todas as férias escolares e feriados dos maiores países na plataforma – posso, para pessoas que vêm dos Estados Unidos, escolher os feriados, por exemplo. Por outro lado, é dizer ao limite de ter uma interação, quase em chat, com o cliente, que depois de explicar tudo o que quer fazer uma oferta completamente à medida para aquele cliente e mandar o link só para aquela oferta. Poder ser uma coisa muito básica, baseado na nacionalidade, ou algo completamente feito à medida para o cliente.
Estão a desenvolver outras ferramentas na Guestcentric?
Estamos sempre a desenvolver ferramentas. Há muita coisa a acontecer na área dos pagamentos. Também estamos a fazer um grande investimento em sintetizar a utilização da plataforma, portanto temos trabalhado muito com os nossos clientes finais para garantir que entram e conseguem fazer as coisas de uma forma fácil e rápida.