“A prioridade nos próximos três anos é a criação de uma oferta de luxo [em Nice]”
A cidade prevê que 62% da sua oferta hoteleira será constituída por hotéis de quatro e cinco estrelas, dado os planos de acrescentar 3.000 quartos de luxo nos próximos três anos.
Carla Nunes
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A cidade prevê que 62% da sua oferta hoteleira será constituída por hotéis de quatro e cinco estrelas, dado os planos de acrescentar 3.000 quartos de luxo nos próximos três anos.
Texto: Carla Nunes | Fotografia: DR
A Agência de Desenvolvimento do Turismo da França, Atout France, dinamizou um workshop do destino Nice em Lisboa no passado mês de abril, com o intuito de captar a atenção do mercado nacional. Em entrevista à Publituris Hotelaria, Lauriano Azinheirinha, diretor do gabinete de turismo e congressos de Nice Cote d’Azur, deu conta do estado do atual parque hoteleiro da cidade, no qual pretendem reforçar a oferta de luxo.
Que tipo de oferta têm em Nice em termos de unidades hoteleiras?
A oferta é um parque de hotéis que vão desde os três estrelas até aos cinco estrelas, com hotéis à beira-mar, como o Negresco, o Mèridian, mas também com oferta nas aldeias próximas das montanhas, de pequenas estruturas mais típicas. A prioridade no nosso esquema hoteleiro nos próximos três anos é a criação de uma oferta de luxo, que hoje não é boa. Por essa razão, vamos construir 3.000 quartos suplementares de luxo, de quatro a cinco estrelas, que vão constituir 62% da nossa oferta hoteleira. Temos um programa para o ano, no centro histórico da velha cidade de Nice, onde existia um convento que está agora reabilitado para oferecer um hotel de cinco estrelas. Vamos ter também um Mama Shelter, de três estrelas, que vai abrir para o ano, um Moxy e outros hotéis independentes. A oferta vai crescer.
O que diferencia estes hotéis de Nice em relação a outros destinos franceses?
O sítio onde estão construídos [risos]. É a acessibilidade destes hotéis, com as ofertas turísticas disponíveis à volta destas unidades. São mesmo no centro turístico, à beira-mar, entre dez a 20 minutos do aeroporto, com uma rede de transportes elétricos que ligam todos estes hotéis.
O que é que estes hóspedes procuram nos vossos hotéis? Quais são as novas tendências?
Um dos segmentos que estamos a desenvolver é o segmento de luxo. O nosso destino vai ter daqui a um ano 12 hotéis, além dos 12 restaurantes com estrelas Michelin. Isso é hoje procurado por uma clientela particular, de luxo, que quando chega a Nice, onde temos o aeroporto internacional, vai ao Mónaco ou vai a Cannes e não fica em Nice, porque não temos essa oferta. Outra oferta é a marca de sustentabilidade Green Key, com hotéis que estão comprometidos com preocupações ambientais.
No entanto, para criar uma oferta de luxo, são necessários recursos humanos. Como é que têm enfrentado esta questão? Também tem sido um problema em Nice?
É realmente um problema. A diferença é que hoje os hotéis oferecem a possibilidade de os colaboradores se alojarem na cidade onde trabalham. Os responsáveis pelos hotéis reservam casas inteiras para o pessoal que vem na temporada de verão, e isto faz a diferença. Também temos hoje um instituto de turismo que forma os empregados da fileira do turismo em Nice, ou seja, podem ficar em Nice, estudar em Nice, ter o diploma em Nice e ter trabalho. O facto de terem um trabalho certo amanhã é uma vantagem.
A oferta hoteleira está preparada para receber o segmento MICE? Ou precisa de melhorias?
Penso que tem de ser melhorada, nomeadamente nas salas de congressos. Quando construíram os hotéis não pensaram em reservar espaços para o MICE, o que pode ser uma complicação. Hoje o MICE está à procura de um local onde possa dormir, jantar, trabalhar, onde tenha uma sala de congressos plenária e salas de reuniões. Atualmente não temos esses estabelecimentos. Temos de combinar soluções para que essa oferta exista. Os novos hotéis pensam nessas novas construções, pelo menos quando são pequenos seminários de 100 a 300 pessoas. O máximo que podemos acolher num só estabelecimento são 300 pessoas. Não é suficiente. Outra constatação é a de que não temos hotéis com mais de 500 camas, não temos grandes hotéis. Também pode ser um problema quando acolhemos grandes congressos.
Que outros segmentos pretendem atingir?
Quando estudámos as tendências dos turistas de hoje chegámos a cinco segmentos: o luxo, a gastronomia, o shopping, a oferta cultural, mas também o turismo verde, o ecoturismo. O shopping é importante. O turista gosta de ir a um museu, de descobrir o património de uma cidade, mas no dia seguinte gosta de ir às compras. Temos de ter a presença de personal shoppers, mas também de um turismo de compras artesanal, em que se podem descobrir os artesãos locais. A parte da gastronomia é realmente um segmento prioritário na nossa estratégia de turismo. A Itália é um exemplo de um destino gastronómico. Portugal também pode ter essa característica culinária. Nós, que temos esta marca, temos de trabalhar este segmento. Pode ser organizar um evento gastronómico, por exemplo. A inscrição de Nice no património cultural da Unesco data só de apenas dois anos. Todas as cidades que foram inscritas no património mundial da Unesco tiveram um aumento na economia local de 20%. Temos de trabalhar nesse segmento.
Com tantos hotéis a abrir em Nice, há a possibilidade de autenticidade do destino ficar comprometida?
Estamos a falar de hotéis que vão ser construídos numa zona que é virtuosa na produção de calor e nos materiais que são utilizados, por exemplo. Estamos a falar de hotéis que vão ser reabilitados, não são só construções novas. Portanto, não podemos perder a nossa alma. Também temos projetos arquitetónicos importantes. Por exemplo, na estação de comboio de Nice vamos ter um Hilton, numa construção espetacular em termos de arquitetura, o Iconik, um monumento que foi desenhado pelo arquiteto norte-americano Daniel Lipskin que tem a forma de um diamante. Também se pode pensar que vai destruir a imagem e a autenticidade da cidade. [No entanto], a autenticidade não tem de deixar de lado a imaginação da arquitetura de amanhã, também se pode combinar com a arquitetura de ontem.
Mais 11 novos hotéis em Nice até 2025, entre os quais:
- DoubleTree by Hilton, 4 estrelas (120 quartos);
- Sonder Yelo Promenade (28 quartos);
- Sonder Yelo Victor Hugo (40 quartos);
- Le Victoria, do grupo Maison Albar, 5 estrelas (140 quartos);
- Hotel de 4 estrelas junto ao mercado Libération (90 quartos);
- Palais Ségurane, 4 estrelas (43 quartos);
- Boutique Hotel Site Garibaldi, 4 estrelas (100 quartos);
- Mama Shelter Nice, 3 estrelas (102 quartos);
- Hotel Moxy com 112 quartos;
- Hotel de 4 estrelas da Neho Group (230 quartos);
- Hotel de 5 estrelas no antigo convento (Couvent de la Visitation) com 88 quartos.