“Percebemos facilmente que Sines pode servir como um hub de distribuição na região”
Pedro Santos, diretor do Sines Sea View Business & Leisure, dá conta do balanço destes últimos meses de atividade e dos planos para o futuro do hotel.
Carla Nunes
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O Sines Sea View Business & Leisure abriu em novembro do ano passado e tem captado o mercado espanhol e do Reino Unido no segmento corporate.
Texto: Carla Nunes | Fotografia: DR
Em novembro de 2022 Sines ganhou uma nova unidade de quatro estrelas, o Sines Sea View Business & Leisure, que pretende reunir as vertentes profissional e de lazer num único espaço. Se, por um lado, o auditório e as duas salas de reuniões do hotel são colocadas à disposição das empresas para que possam dinamizar reuniões, a localização do hotel em Sines é vista pelo diretor da unidade, Pedro Santos, como um ponto estratégico para conhecer a região numa lógica de lazer. Em entrevista à Publituris Hotelaria, Pedro Santos dá conta do balanço destes últimos meses de atividade e dos planos para o futuro do hotel.
O hotel foi inaugurado em novembro do ano passado. Que balanço fazem destes últimos meses de atividade?
Abrimos a 25 de novembro e o mês de dezembro foi bastante interessante porque captámos clientes rapidamente. Já tínhamos vindo a fazer trabalho de promoção do hotel na região antes de abrir, [pelo que] captámos muitos jantares de Natal, essencialmente de empresas para balanços do ano, mas também grupos de amigos e reuniões. Tivemos entre 20 a 25 eventos, uns mais pequenos, com 10 a 15 pessoas, outros com 50 a 90 pessoas. Captámos também rapidamente algum alojamento, porque a cidade é bastante dinâmica a nível de negócios e do corporate. Preparámos dois programas de Natal com ceia e almoço de Natal e depois preparámos um programa para o Fim de Ano, em que ficámos no limite da nossa capacidade ao nível das refeições. Em janeiro, as primeiras duas semanas foram mais ou menos tranquilas, depois, a partir da terceira semana de janeiro tem corrido bastante bem, com bastante procura de clientes de empresas que vêm em negócios. Sines é essencialmente o porto e a refinaria e isto capta muitas pessoas que se deslocam à região, ou porque vêm fazer manutenção e instalação de equipamentos, ou porque vêm fazer negócio, então tem uma dinâmica interessante.
Têm presente a taxa de ocupação média destes três meses e a receita por quarto?
Podemos apontar com facilidade para os 45%, com os 40 e os 55 quartos ocupados por dia. Essencialmente captamos singles, então tivemos uma receita por quarto a rondar os 100 e os 150 euros, ou seja, englobando alojamento e outros serviços – F&B, bar, SPA. Já o valor médio por quarto, só do valor por quarto, estamos a falar de um pouco menos.
Qual tem sido o vosso principal canal de reservas?
Há vários. Como disse há pouco, estamos a fazer o trabalho de promoção e distribuição do hotel nos vários canais existentes já há alguns meses e, como tal, é variável. Temos alguma contratação direta com empresas, algumas reservas através do nosso site, algumas pelo Booking, algumas pela Expedia. Podemos dizer que estes são os quatro principais. Não há nenhum destaque efetivo, há aqui um equilíbrio, porque como estivemos alguns meses a trabalhar na promoção há algumas empresas que fazem a reserva diretamente connosco.
Aquando da comunicação do hotel, referiram que este pretende juntar a vertente profissional ao lazer, numa lógica de bleisure. Como pretendem fazê-lo e que tipo de eventos querem captar?
Quando nos colocamos dessa forma há uma componente muito importante para nós que é a questão corporate, a questão MICE. Temos um auditório com 220 metros quadrados que pode dividir para ficar com 150 metros quadrados de um lado e 70 do outro. Além disso, temos duas salas mais pequenas com 40 a 50 metros quadrados cada uma. É nessa vertente de apoiar as empresas que vêm para a região [que queremos atuar], para terem um espaço onde possam reunir, sejam reuniões mais pequenas ou maiores. Temos feito essencialmente coisas médias a pequenas, com reuniões na ordem das 10 a 15 por mês. Mas depois também queremos que as pessoas conheçam melhor a região e aí vem a componente de lazer. Percebemos facilmente que Sines pode servir como um hub de distribuição aqui na região. É fácil chegar a Sines a partir de Lisboa e conhecer a costa . A cidade de Sines fica mais ou menos a meio desta costa Atlântica e é fácil a partir daqui fazer Santo André, Melides, que está muito na moda, Carvalhal, Comporta, Tróia e regressar à cidade. Além da costa temos facilidade em chegar a Odemira ou até o Alentejo mais interior, como Beja e por aí adiante. É essa a nossa ideia: por um lado, apoiar bastante quem vem à cidade à procura de negócio ou em trabalho e, por outro, distribuir ou criar capacidade para que as pessoas que cá vêm em lazer ou negócio possam ter uma componente de explorar e conhecer a região. A cidade, além disso, tem história, tem cultura.
Já conseguem ter uma ideia de que forma é que os eventos contribuem para o alojamento na vossa unidade?
Depende um bocadinho. No Natal, uma parte considerável que do que fizemos foram jantares com empresas aqui da zona, o que alavancou bastante o conhecimento de que a região passou a ter do restaurante do hotel. Nessa componente, é quase zero de alojamento, porque as pessoas são da zona. Relativamente ao Natal e ao Fim de Ano, no Natal tivemos algum alojamento, no Fim de Ano tivemos bastante. Os outros eventos captam alojamento, sem dúvida. Há empresas que se juntam aqui, como é o exemplo de empresas que já acolhemos que têm escritórios no Algarve e em Lisboa, e que juntam os colaboradores aqui. E isso gera receitas.
Que eventos já têm programados para os próximos tempos?
Temos sido contactados pelo sistema de saúde da região: o hospital privado de Sines tem algumas coisas agendadas connosco, o hospital de Santiago do Cacém também. Vão acontecer alguns eventos este ano que vão ser aqui no hotel ou nos quais o hotel está envolvido com tarifas especiais para alojamento. Durante este ano vamos captar essa componente da saúde que envolve laboratórios, hospitais, médicos, até porque a região não tinha nenhum hotel, nenhum espaço em que se pudessem fazer congressos de especialidades. Depois há sempre eventos desportivos na cidade e na região. Por exemplo, estamos a apoiar um evento de BTT, o Alvalade Porto Côvo, sendo que a cidade também costuma receber finais e semifinais de basquete e futsal, portanto, temos a vertente de empresa privada, tudo o que é ligado à saúde e ao desporto.
Tinha falado há pouco sobre promoção da unidade – como é que esta é feita e como pretendem promover o hotel junto dos vossos clientes?
Dividimos isto mais ou menos entre a região, o próximo, e o mais distante. Na região, tivemos contactos diretos com as empresas, essencialmente, e com as entidades. Depois avançámos com a colocação do hotel nos canais online e a nível de contratação com todos os canais que nos interessavam, como agências e operadores nacionais e internacionais. Com as empresas da região, dentro das que estavam interessadas, fizemos contratação direta. Depois, fizemos comunicação com quem trabalha dentro do MICE, ou seja, contacto direto com organizadores de eventos. Também contactámos com empresas nacionais porque há bastantes empresas que vêm para a região, então fizemos ou contratação direta, ou contratação através de agências que trabalham com eles. Através do apoio da nossa agência de comunicação estamos no online a nível de redes sociais e relações-públicas.
A nível da captação de públicos, qual o público-alvo da vossa unidade quanto a idades e nacionalidades?
O nosso foco é essencialmente corporate, [uma vez que] durante sete a nove meses por ano a região vive da dinâmica das empresas. Obviamente não vêm só em negócios – se passarem cá três ou quatro dias vão aos restaurantes; se ficarem no fim-de-semana vão à praia ou conhecer outras localidades aqui à volta. O que tenho visto é [uma tendência dos mercados de] Espanha e Reino Unido, claramente, entre os 35 e 50 anos, isto no corporate. Depois, temos captado nichos como [entusiastas de] caminhadas e BTT, numa faixa etária um bocadinho superior, e um mercado interessante de pessoas que vêm pela costa a caminhar e a explorar o bird watching. Há aqui nichos interessantes e já são pessoas numa faixa etária superior, mais da Europa Central, ou seja, Holanda, Bélgica, alguns nórdicos também. É um mercado, talvez por ser janeiro, fevereiro, ainda com pouca relevância.
Qual perspetiva serem as taxas de ocupação médias para este ano?
Estimamos conseguirmos durante este mês, e entre abril e maio, chegar rapidamente aos 55%, 60% de taxa média de ocupação. Depois, quanto mais próximo da época alta, [a expetativa é de] subirmos claramente para 70%, 75%, 80%. Em agosto e início de setembro, vamos estar muito próximos de estar cheios quase todos os dias.
Têm em vista aumentar o preço médio?
Claro. Dependendo da época. Agora captamos muitos singles e obviamente o preço médio do quarto em relação ao duplo é sempre inferior, portanto, vai depender um bocadinho das épocas e da evolução entre o duplo e o single. Nos meses que tivemos muitos singles, obviamente que o preço médio do quarto vai ser mais baixo. Em abril, com a Páscoa, vamos ter aqui uma mescla e em agosto vamos ter muito provavelmente mais twins e duplos do que singles. Cada mês vai depender um pouco disso. O que temos definido para a época alta é de o duplo chegar aos 170, 180 euros. Também temos oito suites, essas vão para os 270, 280, 300 euros, à volta disso. Nas restantes épocas, vai depender da taxa média de ocupação: em alguns dias poderá estar mais alta, outros dias um pouco mais baixo, mas estamos a falar do twin e do duplo à volta dos 130, 135, 140 euros e o single um pouco mais baixo.
Ainda estão a contratar? Em caso afirmativo, para que áreas sentem mais falta?
Essa foi uma agradável surpresa que tivemos porque rapidamente conseguimos captar as pessoas que necessitávamos. Neste momento por vezes contratamos ou porque os contratos terminaram, ou porque os colaboradores quiseram sair. Por acaso agora também estamos a contratar para o housekeeping, porque estamos com mais ocupação e a equipa que temos não é suficiente.
Que planos têm para o futuro desta unidade?
O nosso objetivo é [manter] o serviço que temos garantido, a qualidade e a satisfação dos clientes que têm vindo, para conseguir aumentar a taxa média de ocupação e estabilizar os números – ou seja, criarmos uma dinâmica de termos o hotel com quase sempre 70% a 80% de quartos ocupados, porque isso é possível e região tem essa dinâmica.