“Sempre quisemos ter uma unidade em Lisboa”
O grupo AP Hotels & Resorts terá a sua primeira unidade na capital no primeiro semestre de 2024.
Carla Nunes
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A chegada do grupo AP Hotels & Resorts à capital está marcada para o primeiro semestre de 2024, através da construção do hotel AP Lisboa. Até lá, o grupo prepara-se para a abertura do AP Dona Aninhas em Viana do Castelo em março deste ano, naquela que é a primeira unidade do grupo fora do Algarve. Em entrevista à Publituris Hotelaria, Emanuel Freitas, diretor-geral do AP Hotels & Resorts, deslinda os pormenores sobre estas unidades e o que motivou a expansão do grupo fora da região do Algarve, além de dar conta dos planos do grupo para o futuro.
Texto: Carla Nunes | Fotografia: Frame It
O AP Dona Aninhas, com abertura prevista para março deste ano, e o AP Lisboa, que deverá abrir em 2024, marcam a expansão do AP Hotels & Resorts fora da região do Algarve. O que motivou o crescimento do grupo para estes locais?
O grupo tem estado em desenvolvimento e em crescimento. Os resultados que têm acontecido, principalmente em 2022, que foram extraordinários, fazem com que o grupo queira fazer a sua expansão. Para sair da área geográfica do Algarve, naturalmente Lisboa é um ponto importante. Já Viana do Castelo é um projeto muito ambicioso, de um edifício também ele antigo, que foi recuperado de uma unidade hoteleira que estava fechada há cerca de 16 anos. Este projeto é também um sonho de António Parente, que é de Viana do Castelo e sempre quis dar à cidade uma unidade hoteleira.
O turismo em Portugal está com índices de qualidade e de satisfação de cliente muito elevados, [sendo procurado] por vários mercados. A diversidade desses mercados faz com que também nós procuremos outros locais de negócio para ter mais clientes. Em Lisboa, por exemplo, os mercados americano e brasileiro já estão muitos consolidados, enquanto no Algarve começaram a chegar há relativamente pouco tempo. Isso faz com que também procuremos novos mercados e segmentos de negócio.
A nova unidade do grupo em Viana do Castelo surge da conversão do antigo Viana Sol, num hotel de charme com 64 quartos. A que públicos se destina este hotel e, já agora, de onde surgiu o nome para a unidade?
O AP Dona Aninhas é uma homenagem feita à mãe de António Parente. [Agora], porquê e quais são os mercados que vamos atingir em Viana? Viana ainda é uma cidade em desenvolvimento em termos de turismo. O parque hoteleiro está a ser revitalizado e em melhorias, [sendo que] a área histórica está completamente renovada. O hotel fica em plena zona histórica, a uma distância a andar da cultura, gastronomia, dos eventos e serviços. Vamos atingir garantidamente a parte do lazer, fins-de-semana e do público que vêm conhecer Viana e a sua gastronomia. Mas também vamos chegar à parte corporativa – Viana tem um parque industrial muito forte e contamos atingir [este público]. [Além disso], este é um ano especial em Viana do Castelo, [com a celebração] do Ano Europeu do Desporto, pelo que vamos também ter [essa vertente].
As idades vão ser díspares, entre famílias, casais…. [Contamos ter] algum mercado espanhol, devido à proximidade geográfica e por ser um mercado que procura bastante [o turismo em Portugal]. Já começam a chegar os mercados americano e brasileiro, muito ligados à questão da cultura, da história dos monumentos, mas também por motivos religiosos. E o mercado europeu, claro. Com o up do Porto e do aeroporto, [acabam por se gerar] alternativas à cidade do Porto, na região Norte e Minho.
Dada esta ligação à cultura, vão dinamizar alguma atividade no Dona Aninhas nesse sentido?
Vamos ter dentro dos nossos programas de aconselhamento e apoio [opções de] fim-de-semana, [em que os clientes] podem fazer uma visita a pé à cidade com guia, dependendo da dimensão, em pontos-chave de Viana do Castelo.
Mas aqui também têm expetativas de atrair o mercado MICE?
Sim, embora a unidade só tenha uma sala de reuniões para cerca de dez pessoas. Já temos alguns pedidos de negócio ligados à parte de evento no hotel, seguido por [momentos] de cultura para conhecer a região. Importante também a ligação aos caminhos de Santiago – estamos praticamente a fechar uma parceria com a Associação dos Caminhos de Santiago na certificação do hotel e de toda esta componente cultural eclética que está à volta.
Já conseguem adiantar taxas de ocupação para este hotel?
Ainda não, mas estimamos que no primeiro ano podemos atingir [valores] na casa dos 50%. Depois, é natural o amadurecimento da marca, do hotel e de crescimento.
Como pretendem promover a unidade junto dos vossos futuros clientes?
Já começámos a promover a unidade através de parceiros comerciais, de operadores e DMC’s. Internamente, temos feito promoção junto dos nossos clientes através das nossas bases de dados de CRM. Temos feito esses contactos para mostrar mais uma propriedade do universo do grupo AP, [além da] divulgação nas redes sociais.
Passando para a capital, como surgiu a oportunidade para abrir o primeiro hotel do grupo na cidade, neste caso, o AP Lisboa?
Sempre quisemos ter uma unidade em Lisboa e deixarmos uma regionalização do grupo ao Algarve. A oportunidade surgiu junto com a Pujol Invest Properties, portanto, estamos a desenvolver um projeto para uma unidade de 4 estrelas com cerca de 60 quartos, aproximadamente, com a assinatura da Nini Andrade Silva. Foi um investimento. Lisboa está numa fase de crescimento, pelo que naturalmente estava no nosso radar e vai acontecer no primeiro semestre de 2024.
O AP Lisboa ficará situado num edifício histórico na Praça da Figueira, o mesmo onde se encontra a Confeitaria Nacional, e será composto por 62 quartos. Que outras valências podemos esperar deste hotel?
Um hotel clássico, moderno. A ligação à história com a modernidade no centro histórico de Lisboa. O edifício em si, de área protegida, tem algumas limitações em termos de espaços, mas estamos neste momento [no processo de] organização e maximização de espaços dentro do hotel.
A Confeitaria Nacional manterá a sua atividade, mesmo com a operação do hotel? Se for o caso, vão criar alguma dinâmica com este espaço comercial?
Vai ser mantida a atividade e vai haver uma ligação entre o hotel e a Confeitaria Nacional. Estando no mesmo edifício, e sendo a própria Confeitaria Nacional um espaço histórico, não tinha como não haver uma parceria – em termos de clientes, de pequeno-almoço…. Vai haver uma ligação no primeiro piso entre o hotel e a confeitaria. Será onde teremos uma pequena área de refeições, que ainda não está 100% fechada, sendo que o core das refeições [ficará a cargo] da própria Confeitaria Nacional.
Que públicos esperam atrair para esta unidade na capital e como pretendem fazê-lo?
Sabemos que Lisboa recebe clientes de vários mercados. Como referi há pouco, o mercado brasileiro já [está] consolidado, mas em crescimento, o americano em forte crescimento, e com as ligações aéreas do aeroporto de Lisboa, naturalmente vamos ter clientes não só da Europa mas de outros cantos do mundo que vêm visitar Lisboa, quer em negócio, quer em lazer. A nível de idades, o que esperamos é que seja um pouco transversal: jovens de 30 a 40 anos e algumas pessoas mais seniores à procura da tal cultura e centro histórico da Baixa Pombalina.
Tendo em conta os problemas que o aeroporto de Lisboa está a passar neste momento, bem como o impasse na escolha da localização do próximo aeroporto, antevê que esta questão possa trazer constrangimentos para o futuro AP Lisboa?
É claro que Lisboa está a crescer e há a necessidade de termos um novo aeroporto para todo este crescimento continuar a ser muito consolidado. Vejo que ainda não haverá um constrangimento – as pessoas vão continuar a procurar [Portugal e vamos continuar a ser] uma porta de entrada na Europa. Não acho que seja algo que venha a inviabilizar algum tipo de negócio que venha a acontecer.
Com duas novas aberturas e duas renovações nas unidades do grupo, diria que tem sido fácil ou difícil encontrar recursos humanos para trabalhar nestes novos hotéis?
A nossa política de recursos humanos tem sido desafiante. Acho que quem está no mercado hoteleiro tem tido esse desafio. [No entanto], temos um programa interno, o AP Family Benefits, para colaboradores do grupo AP, e temos conseguido segurar e fidelizar as nossas equipas. A alegria de trabalhar no grupo com estas inovações, unidades muito bem cuidadas, com uma forte capacitação das pessoas em termos de formação e com um espírito muito positivo faz com que as pessoas acabem por gostar de trabalhar connosco.
O ano passado trouxemos pessoas do Brasil, em que fizemos todo o processo de visto, avião e de alojamento, oferecemos lugares para as pessoas ficarem connosco. Temos apostado em ir buscar pessoas ao estrangeiro para trabalhar connosco de uma forma consolidada, para que as pessoas também se sintam bem connosco.
Este ano a tendência vai ser igual, vão ter de ir buscar pessoas ao estrangeiro?
Vamos. O projeto que fizemos o ano passado correu muito bem. Temos um protocolo com o SENAC no Brasil, em que as pessoas que vêm têm certificações de trabalho em hotelaria, e vamos continuar a manter esta dinâmica de reforço de equipas com pessoas que vêm do estrangeiro.
Existe alguma área específica em que tenham mais dificuldade em contratar?
Hoje o mercado está muito dinâmico em termos de contratação de pessoal, com várias unidades a abrir. Temos tido, como toda a gente, algumas dificuldades, mas temos conseguido cumprir com as nossas equipas. Temos uma fidelização das pessoas que trabalham connosco, inclusivamente pessoas que já completaram 50 anos [de trabalho] em unidades hoteleiras. Para nós, a questão da idade não é uma situação que inviabilize a contratação.
Quantos postos de trabalho conseguiram criar até agora?
Na nova unidade [em Viana do Castelo criámos] cerca de 30 postos de trabalho diretos. Indiretos, provavelmente 50 a 60 postos de trabalho. [De momento], já temos a equipa completa [para esta unidade].
Muito se tem falado que a pandemia veio acelerar a digitalização no setor hoteleiro. Como é o que o grupo se posicionou nesta matéria? Fizeram algum investimento no digital?
Temos feito vários investimentos na parte digital. Ainda durante a pandemia o desenvolvimento digital no grupo AP não parou e já vinha a acontecer, [através da implementação de] Power BI – um serviço de análise de dados e negócios desenvolvido pela Microsoft – CRM, um novo website, o nosso motor de reservas…. Fizemos esse trabalho durante a pandemia e estamos agora a colher os frutos do trabalho que foi feito.
Outra temática muito abordada no setor prende-se com a sustentabilidade. Sente que esta é motivada pelas exigências do cliente, que esperam que os hotéis cumpram com determinados parâmetros?
Os clientes de hoje já esperam [certos cuidados] na questão ambiental, não só na parte hoteleira, mas também noutras áreas de negócio do mundo. Além de trazer benefícios económicos, a nível da energia, por exemplo, os próprios clientes já aderem a programas internos nos hotéis para equilibrarem os seus consumos.
Nesse sentido, que cuidados é que o grupo AP Hotels & Resorts tem no campo da sustentabilidade, principalmente agora com a previsão de abertura de dois novos hotéis?
Em termos da unidade Cabanas, por exemplo, que tem uma certificação A+, posso dar alguns exemplos: reaproveitamos a água dos duches para a parte sanitária ou rega do hotel e utilizamos tecnologias em termos de consumos energéticos de ponta, como bombas de calor, LEDS e equipamentos de baixo consumo. Nas nossas unidades mais antigas estamos a desenvolver a recuperação da parte energética, com um objetivo a 2030 de sermos carbono zero. Temos também em todas as unidades a questão da mobilidade elétrica, com área para os clientes poderem carregar os seus carros elétricos.
Neste momento vemo-nos a braços não só com a guerra na Ucrânia, mas também com a inflação, que tem prejudicado o rendimento disponível. Neste contexto, que impacto acha que estes fatores vão ter no turismo e na operação dos vossos hotéis?
Os custos naturalmente com a inflação aumentam. Quanto à questão da guerra na Ucrânia, já vivemos com ela há cerca de um ano e verificamos que 2022 foi um ano excelente em termos de negócio de turismo para as unidades AP e para Portugal. O que sentimos é que há uma procura por mercados do sul da Europa, [pelo que] vemos isso como uma oportunidade de poder atrair mais clientes. Além de que, como o produto que oferecemos é um produto 4 estrelas superior, os clientes acabam por aderir, comprar e estarem connosco.
Quais os planos para o futuro?
Este ano abrimos o Dona Aninhas, em 2024, o AP Lisboa. Provavelmente haverá crescimento do grupo, com outras unidades, mas de uma forma consolidada, em locais estratégicos. Estamos a ver outras localizações, em áreas chave do negócio para Portugal, mas ainda estamos em estudos acerca disso.