Banca ‘amiga’ dos hotéis
São diversas as soluções que as instituições bancárias a operar no mercado português disponibilizam aos investidores do sector hoteleiro.
Patricia Afonso
“O cliente português é mais exigente que o espanhol”, admite José Luis Lucas (Hyatt Inclusive Collection)
EPHTL junta alunos e profissionais para debater perspectivas no setor
Cinco hotéis da AP Hotels & Resorts distinguidos com o selo Save Water
Vila Galé cria parceria com a VilacomVida para promover inclusão e diversidade laboral
Alunos das Escolas do Turismo de Portugal ganham medalhas internacionais
Minor Hotels abre oficialmente as portas do NH Collection Gent
Porto Business School e NOVA IMS lançam novo programa executivo “Business Analytics in Tourism”
ESHTE regista aumento de 25% em estágios internacionais
Eurostars Hotel Company chega ao País Basco com dois hotéis
Ariana Rodrigues debate desafios da liderança no “Be Our Guest” da ADHP
O investimento na indústria Hoteleira está num dos seus ciclos mais favoráveis, apesar dos preços inflacionados do imobiliário em Portugal, e as instituições bancárias não são alheias a esta realidade. Como tal, são diversos os produtos desenvolvidos nos últimos anos para apoiar a actividade turística, em particular o sector dedicado à Hotelaria.
A banca é, aliás, um dos principais parceiros dos investidores do sector, um panorama que se tem mantido inalterado ao longo dos anos e que se deverá manter nos próximos. Contactamos as diversas instituições a actuar no mercado financeiro português e damos a conhecer os diversos apoios dos bancos que responderam até ao fecho desta edição.
Millennium BCP
“O Millennium BCP, através da sua direcção de Marketing Operacional de Empresas, desenvolveu uma estratégia de abordagem Sectorial às Empresas, tendo sido criada para o Turismo a Solução TURISMO INVESTE”, explica o banco, indicando que “apoia a forte dinâmica do sector, tendo criado parcerias com a Confederação do Turismo Português (CTP) e o Turismo de Portugal (TdP), disponibilizando produtos e serviços específicos, com soluções inovadoras de tesouraria, linhas de apoio ao investimento e à internacionalização, bem como uma oferta diversificada de seguros”. Esta solução assenta em três eixos principais: a Linha de Apoio à Qualificação da Oferta, num protocolo com o TdP; o COMPETE 2020; e o IFRRU 2020.
O primeiro produto mencionado contempla, por um lado, financiamentos de médio e longo prazo de projectos de requalificação de empreendimentos turísticos, criação de empreendimentos turísticos inovadores, projectos na área da animação turística, restauração e empreendedorismo turístico. No que respeita o valor máximo por projecto, o financiamento não pode exceder 75% do investimento elegível e o limite de participação do Turismo de Portugal é de 2M€. No que respeita a taxa de juro, a parcela do TdP não vence juros e na do Millennium BCP é a que resultar da análise de risco.
No COMPETE 2020 – Apoio ao Sector do Turismo (Portugal 2020), o Millennium BCP conta “com mais de 740 mil euros de financiamento, contratado em mais de 1.750 operações de financiamento a projectos Portugal 2020, “tratando-se da Instituição de crédito que mais financia projectos neste âmbito (segundo dados divulgados pela DATA-E)”.
“O Millennium adequou a sua Solução Financeira Portugal 2020 às especificidades dos projectos do sector turístico, por se tratarem de projectos com uma duração diferenciada e com variantes em função da região onde se enquadram”, explica a instituição, referindo que com soluções de financiamento “desde o momento da candidatura do projecto até à sua fase de encerramento, procura ser parceiro dos promotores durante toda a vida dos projectos”.
Desta forma, o Millennium garante a segurança no financiamento através de adiantamento de incentivos, financiamento de capitais alheios do projecto, emissão de garantias bancárias e leasing de equipamentos.
Na solução IFRRU 2020, Instrumento Financeiro para a Reabilitação e Revitalização Urbanas, o banco dispõe de um Linha de financiamento com um valor global de 269 M€. Este valor é dirigido a projectos de reabilitação integral de edifícios destinados a habitação, actividades económicas e equipamentos de utilização colectiva; melhoria da eficiência energética; e revitalização das cidades em todo o território nacional.
O financiamento nesta solução divide-se entre cerca de 50% do Millennium BCP e cerca de 45% do IFRRU 2020, aqui com spread máximo de 0,41% (spread máximo definido pela Entidade Gestora do IFRRU2020 e aplicável a contratos até 31 de Janeiro de 2019). O montante mínimo para entidades públicas e privadas é de cem mil euros e para particulares dez mil euros.
Novo Banco
“As PME, e em particular as do sector do Turismo, são um foco particularmente relevante na actividade do Novo Banco”, começa por dizer a instituição bancária, justificando que “se o sector não pára de ganhar peso na economia nacional, quer ao nível do VAB, do emprego e do seu peso nas exportações, então o apoio também não pode faltar. E não faltará, pois as empresas estão continuamente a inovar e investir e criar riqueza, cada vez mais profissionalizadas e capitalizadas e com projectos sustentáveis, merecendo todo o nosso apoio”.
Neste sentido, a instituição bancária “dispõe de uma vasta oferta que cobre, na sua globalidade, as necessidades das empresas turísticas, quer ao nível do apoio ao investimento, quer ao nível do apoio à tesouraria”.
Pela sua especificidade e relevância, o banco destaca “a Linha de Apoio à Qualificação da Oferta, protocolada com o Turismo de Portugal” e que consiste numa linha de crédito para apoio, “primordialmente, ao investimento na qualificação e/ou ampliação de empreendimentos turísticos já existentes, bem como a promoção de novos empreendimentos ou actividades turísticas inovadoras ou que supram carências de oferta em determinadas regiões do País”.
Através desta solução, refere o Novo banco, “as PME podem recorrer a financiamento até, aproximadamente, 3,3M€, em condições financeiras muito vantajosas e com maturidade ajustada à capacidade de geração de cash-flow decorrente da implementação dos seus projectos”.
“O banco, só na actividade de alojamento e restauração, mantém apoios em financiamento de valor superior a 500 milhões de euros”, salienta a instituição.
Caixa Geral de Depósitos
Na Caixa Geral de Depósitos, a principal solução indicada foi a linha de crédito de apoio à qualificação da oferta para empresas do sector do Turismo, “gerida pelo Turismo de Portugal, sendo os montantes de financiamento assegurados por esta entidade e a Caixa”.
Esta linha está dotada de um montante de 75M€ + 15M€, provenientes de um Fundo de capital de risco FCR Turismo Crescimento a ser gerido pela Portugal Ventures. Estes valores são destinados a meios para qualificar a oferta turística nacional, “criando ou requalificando empreendimentos turísticos, actividades de animação ou estabelecimentos de restauração”. Neste espectro são incluídos projectos de “requalificação de empreendimentos turísticos existentes; “criação de empreendimentos turísticos que demonstrem uma procura turística actual ou potencial; supram carências de oferta e que se diferenciem da oferta existente na região”; criação e requalificação de estabelecimentos de restauração, “desde que revelem interesse para o Turismo”; criação e requalificação de empreendimentos ou actividades de animação, “com interesse para o Turismo e que se diferenciem da oferta existente na região”; e desenvolvimento de projectos de empreendedorismo no sector do Turismo “com um investimento elegível máximo de 500 mil euros e que sejam promovidos por pequenas ou médias empresas a criar ou com, no máximo, dois anos de actividade completos”.
Os candidatos deverão ter como capitais próprios um mínimo de 25% do investimento elegível, sendo o financiamento máximo por operação até 75% do valor total de investimento elegível com o limite máximo, na parte do TdP, de dois milhões de euros.
BPI
Esta instituição tem verificado uma “crescente procura de crédito para investimento por parte das empresas do sector do Turismo, desde grandes grupos hoteleiros até às pequenas empresas e negócios” e coloca à disposição destes investidores “soluções competitivas e equipas especializadas na análise de projectos de investimento para diversos segmentos de negócio: hotéis, alojamento local, animação turística e restauração”.
São algumas as condições genéricas que estas empresas necessitam para aceder à oferta do BPI: estar legalmente constituída e cumprir as condições legais necessárias ao exercício da respectiva actividade; ter a situação regularizada perante a Administração Fiscal (AF) e a Segurança Social (SS); uma situação económico-financeira equilibrada; não ter incidentes não justificados ou incumprimentos junto do banco; e conta aberta nesta instituição bancária.
A oferta às empresas turísticas inclui linhas de apoio específicas e adaptadas a projectos turísticos, tais como: Linha de Apoio à Qualificação da Oferta, protocolada com o Turismo de Portugal, no montante de 75 milhões de euros, para financiar a criação ou requalificação de empreendimentos turísticos ou actividades de animação turística. Nesta, o BPI lidera o financiamento de projectos enquadrados nesta linha de crédito, correspondendo a 33% do financiamento total e 32% do número de projectos.
A solução BPI/IFRRU 2020 – Reabilitação Urbana consiste numa linha de crédito no valor global de 400 milhões de euros para apoiar a revitalização dos centros urbanos em todo o território nacional; enquanto a Linha Capitalizar 2017 é igualmente uma linha de crédito, mas destinada a apoiar investimento em activos fixos corpóreos e incorpóreos, reforço de fundo de maneio.
O banco disponibiliza, ainda, a Linha Capitalizar Mais, destinada a apoiar investimento em ativos fixos corpóreos e incorpóreos, reforço de fundo de maneio associado a esse investimento; a Linha BPI P2020, para financiamento de projetos submetidos ao Portugal 2020 em dois momentos, após a submissão da candidatura, ainda sem haver decisão de atribuição de incentivo, ou após a respetiva decisão; e a Linha BPI/FEI Inovação III, também uma linha de crédito, no montante de 200 milhões de euros, destinada a projectos inovadores, lançada no âmbito da assinatura do acordo de garantia entre o BPI e o Fundo Europeu de Investimento (FEI) ao abrigo do InnovFin SME Guarantee – instrumento financeiro do Horizonte 2020 e do Fundo Europeu de Investimentos Estratégicos.
“Além desta oferta, o BPI disponibiliza soluções de apoio à Tesouraria e Cobertura de Risco.”
Bankiter
Vítor Pereira, director de Desenvolvimento de Negócio, Produtos, CRM e Marketing da Bankinter Portugal, revela que o banco tem “como aposta estratégica o crescimento no segmento de empresas”. Para tal, “temos como objectivo para 2018 conceder mais de 1.000 milhões de euros de financiamento a empresas. O Turismo, e em particular a Hotelaria, dado a expressão cada vez maior que tem na economia portuguesa, deverá ter cada vez mais relevo na nossa carteira de crédito, dado o nosso foco em apoiar as empresas bem geridas e com bons projectos”.
Em termos de soluções, “o Bankinter disponibiliza, na sua oferta, os vários instrumentos de crédito protocolado – linhas de crédito associadas à Linha Capitalizar e Linha Capitalizar Mais -, assim como soluções de financiamento próprias, incluindo Banca de Investimento para projectos de maior envergadura”. Sobre os limites dos produtos, o banco explica que os “limites existentes ao financiamento são apenas os referidos nas linhas protocoladas e consoante o protocolo em questão, sendo definidos de acordo com as garantias exigidas pelas Sociedades de Garantia Mutua”. “Nos restantes financiamentos, não existe limite, sendo avaliada a natureza específica do projecto ou necessidade da empresa”.
No que respeita as condições de acesso, o responsável refere que “em função da necessidade específica, o Bankinter efetua a análise do projecto e da empresa, de forma a garantir o enquadramento correcto nas linhas e produtos de crédito disponíveis, de forma individual e criteriosa, procurando a solução que aporte maior benefício”.
“Os financiamentos atribuídos à área de hotelaria têm sido destinados maioritariamente a necessidades de tesouraria, fruto do aumento da actividade operacional das empresas neste sector”, acrescenta Vítor Pereira, referindo que, “em paralelo, há crescentes necessidades de investimento, em diferentes tipos de activos, e que têm sido igualmente objecto de apoio de crédito”.