“Queremos fazer a gestão de hotéis em Lisboa e no Porto”
Esta é a primeira entrevista do mais recente director geral de operações do Grupo Altis, Diogo Fonseca e Silva, que assumiu o cargo em Março deste ano. O profissional explica quais são as propriedades e desafios do grupo e revela que está em curso um plano de expansão através de contratos de management.
Patricia Afonso
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Esta é a primeira entrevista do mais recente director geral de operações do Grupo Altis, Diogo Fonseca e Silva, que assumiu o cargo em Março deste ano. O profissional explica quais são as propriedades e desafios do grupo e revela que está em curso um plano de expansão através de contratos de management.
Como encara este novo desafio?
Vejo como uma oportunidade de progressão e continuidade da minha carreira já de alguns anos na hotelaria. Já estive numa posição onde tinha a responsabilidade de dois hotéis e que também tinha as áreas centrais, de marketing e vendas. Mas num grupo com esta dimensão, neste momento, com seis hotéis, acaba por ser um desafio novo. Por ser um grupo que tem todos os seus hotéis na cidade de Lisboa, também é muito aliciante. A cidade tem estado com uma dinâmica fantástica nos últimos anos e, portanto, há muito para fazer e senti isso quando me foi proposto este lugar. Também senti que realmente havia muita vontade de desenvolver as unidades e espaço para melhoria. É isso que me motiva.
O que elege como prioridades?
A parte das vendas, como é lógico. Temos um objectivo muito bem definido de aumento da RevPar, principalmente por via da subida do preço médio.
Tão importante como as vendas, é a parte de desenvolvimento da área de Recursos Humanos. Já criei um projecto este ano com objectivos bem definidos que passa por uma série de iniciativas. Vai desde a melhoria da comunicação interna, formação, redefinição de toda a estratégia dos prémios por objectivos e melhorar todo o espírito de pertença ao grupo Altis.
Um terceiro objectivo é fazer o grupo crescer por via do management. Estamos a analisar, neste momento, várias propostas. Queremos fazer a gestão de hotéis em Lisboa e no Porto.
Mas já têm algum negócio em concreto?
Ainda não temos nada fechado, mas esperamos poder fazê-lo em breve. Não depende só de nós, por isso é difícil avançar datas. Há a possibilidade de ser até ao final do ano. Primeiro, em Lisboa.
Em que zona?
Sempre no Centro.
Desafios
Como vê a hotelaria no dia de hoje e, em concreto, na cidade de Lisboa?
Como é sabido, estamos num ciclo muito favorável para o Turismo, com um aumento da procura pelo nosso País e realmente nota-se mais nas áreas habituais, Lisboa, Algarve e Porto. Estamos ainda a sentir esse aumento e a tentar posicionar-nos na questão de perceber qual é esse volume e até onde é que podemos ir na definição de preço.
Vemos com muito optimismo este momento, queremos aproveitá-lo de duas formas: primeiro, tentar vender o melhor possível, ao melhor preço; e prestar o melhor serviço possível a todos os nossos clientes. Temos esse objectivo muito bem definido, queremos aumentar preço, mas também queremos prestar um serviço de qualidade para fidelizar todas as pessoas que visitam os nossos hotéis. Essa é uma preocupação que temos neste momento de forma a que as pessoas sintam que o ‘value for money’ realmente existe e voltem.
Prevemos que os próximos anos sejam tão bons ou melhores que 2016, portanto estamos bastante optimistas.
Tendo em conta este contexto, que obstáculos é que um grupo como o Altis enfrenta?
Os principais são sempre o desafio de ir buscar as melhores pessoas para trabalhar connosco. Há, muitas vezes, falta de trabalhadores qualificados, principalmente nalgumas áreas da hotelaria, como os quartos e a restauração.
Mas é uma questão de formação?
Também. Acho que a formação não está a acompanhar realmente o desenvolvimento e o crescimento de novas unidades, e não falo só de hotéis, mas também do alojamento local. Se toda a gente, hoje em dia, trabalha para a hotelaria ou Turismo, depois é difícil ter pessoas qualificadas como precisamos.
Se os nossos hotéis são de quatro e cinco estrelas, precisamos de pessoas com qualificação e este aumento de ocupação causa-nos, como é lógico, esse desafio de ir buscar as melhores pessoas. Daí também estarmos a apostar e a investir na formação interna, para fazer crescer os que estão connosco e prestar o melhor serviço.
Outro, e do qual já falei, é o crescer pela via do management. Aproveitar este ciclo favorável para fazer crescer a empresa, mas sem impor um esforço financeiro muito elevado e, por essa razão, preferimos esta opção. Temos um know-how muito grande na cidade de Lisboa e queremos usá-lo para explorar outras unidades e dar, pela primeira vez, o salto para fora de Lisboa, preferencialmente para o Porto.
Analisam outras localizações?
Já tivemos outras propostas para estudar, nomeadamente no Algarve, mas faz mais sentido, pelo tipo de cliente que temos no momento e pelo nosso know how, dar o passo para o Porto.
Performance
Em Março deste ano, o presidente do grupo perspectivou fechar 2016 com um volume de vendas de 30 milhões de euros, um aumento de 20% face a 2015, e um GOP de 11 milhões de euros. Como está a correr o ano?
Muito bem, um pouco acima do que estava previsto. Os primeiros três meses do ano não previam que fosse assim tão bom, começámos um pouco mais lentos do que o suposto e agora, no terceiro trimestre, conseguimos recuperar e já estarmos um pouco acima do orçamentado.
Consegue concretizar valores?
Rondam os 21% de aumento no volume de vendas.
E o que explica esta reviravolta?
Deve-se muito à conjuntura.
Mas que já era expectável…
Penso que não era tão optimista como foi na realidade. Junta-se a isto termos investido na área do revenue management. Criámos um novo departamento de revenue management que foi fundamental para alavancar e dar corpo a esta oportunidade de procura. O objectivo é sempre tentar vender o máximo possível e ao melhor preço e a aposta neste departamento foi fundamental para conseguir estes objectivos.
Como estão a perspectivar fechar 2016?
Estamos com um RevPar de grupo de 88 euros, o crescimento ronda os 16%. A ocupação deverá aumentar 20%, vamos fechar, no grupo, com uma taxa de 76%. Por exemplo, fechámos o mês de Agosto num dos hotéis com 98% de ocupação.
Em termos de ocupação, foi recorde.
E já estamos a sentir, neste momento, muita procura para o próximo ano.
Como vêem 2017?
Com muito optimismo, estamos a prever crescimentos de cerca de 10%. E, como é lógico, tem que ser mais pela via do preço médio, porque já estamos com ocupações muito elevadas. E sentimos, também, que já há procura para eventos grandes, para o ano já vão existir alguns congressos, o que ainda vai trazer mais volume e alavancar ocupação e preço.
Quais são as unidades com melhor performance?
Dividem-se um pouco entre unidades que facturam mais, como é lógico, se temos unidades com 300 quartos e outras com 50. É engraçado o que muda. Por exemplo, o Altis Avenida, que é mais limitado em termos de oferta de F&B, assim como o Altis Prime, mas conseguem GOP superiores, são mais rentáveis percentualmente.
Em termos de volume de vendas, é o Altis Grand, que tem 300 quartos, o que factura mais. Destaco, por outro lado, o Altis Belém, um hotel com 50 quartos que factura tanto em alojamento, como em F&B. Tem o Feitoria, que é um restaurante com estrela Michelin; o Mensagem; e o deck exterior, com um bar que também serve refeições ligeiras. É um hotel que é um orgulho ter uma estrela Michelin e, ao mesmo tempo, toda a operação F&B ser muito rentável.
O F&B é uma aposta nas unidades Altis?
Estamos a apostar cada vez mais. Há três meses contratámos um novo chefe executivo, o Ricardo Mourão, que ficou com a responsabilidade do Altis Grand, do Prime e do Avenida. Isto para também subirmos o nível, que estava desfasado em relação ao Altis Belém. A ideia é trabalharem mais em conjunto e elevar ainda mais o nível da gastronomia no grupo.
Projectos
Na altura que foram reveladas as estimativas para 2016, Raul Martins revelou que já tinham vendido 65% dos 78 apartamentos do Altis Prime e previa vender os restantes até ao final do ano. Em que patamar é que estão as vendas?
Neste momento, penso que estão seis por vender.
Como é que está a correr este negócio?
Muito bem. Tem tido muita procura este ano, venderam-se bastantes apartamentos. Em termos de operação, também. Este ano, vamos conseguir dar uma rentabilidade superior a 4% a quem investiu, o que é muito bom.
E ponderam expandir este negócio?
Procuramos essa oportunidade. Se existir uma boa oportunidade para investir, claro que é um modelo que correu bem e gostaríamos de continuar.
Em Lisboa ou outro lado do País?
Em Lisboa.
Quando é que têm início as obras de ampliação do Altis Avenida?
Já começaram [em meados de Novembro, pouco antes da realização desta entrevista]. É o edifício ao lado do actual Altis Avenida. Prevemos acabar as obras em Julho do próximo ano e começar a vender em Setembro. Nesse mês esperamos já ter mais 46 quartos, um rooftop com bar e vista para o Rio Tejo, ginásio e uma sala para massagens.
De quanto é o investimento?
Sete milhões de euros.
Que outros projectos tem para o grupo? Qual é a estratégia da Altis para 2017?
Os nossos pilares são investir nos Recursos Humanos, no desenvolvimento dos nossos colaboradores. Acreditamos realmente que ao investir neles conseguimos dar um serviço de mais qualidade e reter mais os clientes.
O outro pilar é continuar a investir nas nossas unidades, na melhoria que vai desde a área tecnológica, também na estruturação da oferta e poder ter alguma inovação na própria oferta e na forma como temos o produto no mercado.
Criámos um novo site, já online, e no próximo ano vamos investir na promoção dessa plataforma, com o objectivo de trazer mais reservas directas. Sentimos que o volume e todo este crescimento está a vir muito pelo online. Isso é bom, é uma oportunidade, mas também traz muitas comissões. É uma nova realidade à qual temos que nos adaptar, não baixamos o braços e tentamos sempre atrair os clientes para o nosso site, que é mais rentável. Daí o investimento nessa área.
Em termos de estrutura do grupo, muda alguma coisa?
Não. Há as duas áreas importantes onde investimos, mas que já começámos este ano. Temos um consultor na área dos Recursos Humanos e, no Revenue Management, também temos uma pessoa a colaborar na parte do desenvolvimento. Em 2017, também vamos apostar em mais formação e reestruturação do nosso departamento de reservas, de forma a sermos mais eficazes na venda e dar melhor resposta. O volume de reservas, quer individuais, quer de grupos, aumentou muito. Nos grupos, por exemplo, quadruplicou, embora a confirmação nem sempre se traduza no mesmo. Mas o aumento é um desafio e queremos dar respostas em prazos aceitáveis, que são as 24 horas, no máximo. Isto é fundamental hoje em dia.