“Falta ter no Porto hotéis de nicho”
Mário Ferreira vai voltar à hotelaria com a abertura, em 2017, do hotel de cinco estrelas Monumental Palace Hotel, na Avenida dos Aliados. Mas há mais novidades, o presidente da Mystic Invest prepara a abertura de um projecto com mais de 12 anos no Douro e uma unidade de cinco estrelas em Gaia.
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Mário Ferreira vai voltar à hotelaria com a abertura, em 2017, do hotel de cinco estrelas Monumental Palace Hotel, na Avenida dos Aliados. Mas há mais novidades, o presidente da Mystic Invest prepara a abertura de um projecto com mais de 12 anos no Douro e uma unidade de cinco estrelas em Gaia.
O investimento no Monumental Palace Hotel completa a actividade da Mystic Invest, da qual a DouroAzul é a marca com maior notoriedade. De que forma a abertura do hotel encaixa na estratégia do grupo?
A Douro Azul, no passado, já teve hotéis: o Solar do Beira e o Vintage House Hotel. O que temos agora é uma estratégia que engloba mais do que um hotel. Temos o Monumental Palace Hotel, já em construção, com 78 quartos e 20 apartamentos, mas temos mais dois hotéis para serem anunciados brevemente, um será na Ribeira de Gaia e o outro será em Mesão Frio, no Douro.
Disse que o objectivo da abertura do Monumental Palace Hotel é aumentar o tempo de permanência do turista na região, uma vez que 50% dos clientes da Douro Azul são norte-americanos e quando fazem um cruzeiro entram por Lisboa e ficam dois, três dias, e seguem para o Douro. O que pretendem é que eles fiquem também dois, três dias no Porto. Isso não acontece hoje em dia?
Notámos que muitos dos nossos clientes queixam-se que às vezes não têm tempo suficiente para ficar no Porto, nós vamos dar essa opção. Já há alguns que ficam na hotelaria existente e agora vamos tentar motivá-los a ficar mais tempo na cidade. O hotel não vai depender essencialmente da clientela da Douro Azul. Inicialmente é benéfico ter acesso a estes mercados para poder mais confortavelmente lançar o hotel, mas depois, dada a sua localização e qualidade do produto, vai facilmente atrair a sua própria clientela.
Quer transformar este hotel numa referência na cidade. Falta este tipo de oferta à cidade?
Falta ter no Porto hotéis de nicho, bem localizados, na Baixa, em sítios históricos, bem centralizados. Ao mesmo tempo, sendo uma reabilitação, como é o caso do Monumental Palace Hotel, é necessário que essa reabilitação seja feita com a qualidade e com o luxo que o próprio edifício já tem de origem. Chamava-se Monumental pela sua imponência, pela qualidade do edifício. O interior tem de ser compatível com a fachada do edifício, e contratámos decoradores que são conhecidos por criar ambientes de grande qualidade e Luxo, a empresa OITOEMPONTO que tem feito espaços de grande luxo na cidade.
Qual é a sua opinião sobre o negócio hoteleiro em Portugal? De difícil rentabilidade pelos preços que se praticam?
O negócio da hotelaria não é igual em todo o País, tem diferentes características, consoante a região, seja Algarve, Madeira, Lisboa ou Porto e Norte. Estas regiões têm um ponto em comum: o negócio têm melhorado, as ocupações e o preço médio tem subido. Aqui o grande segredo é conseguir subir a taxa de ocupação e o preço. Em especial no Porto e Norte de Portugal isso tem acontecido. Considero que vai continuar a subir, fruto do que tem acontecido na cidade. O Porto está na moda. Agora há muitos factores: a localização é fundamental. Durante muitos anos, o hotel mais caro da cidade do Porto nem sequer era um cinco estrelas, o que conseguia vender mais caro era um quatro estrelas, pela sua localização.
Considera que esta unidade, com 80 quartos, tem o número ideal de quartos para obter rentabilidade?
Para fazer um hotel de nicho, 80 quartos é o número máximo possível. Não pode ter 20 ou 30 quartos, porque não é viável em termos económicos. Para ter um bom chefe, um bom director e todas aquelas funções necessárias para um bom cinco estrelas, o hotel tem que ter um número mínimo de quartos e este é um número perfeito.
Equacionaram trabalhar com uma marca internacional no Monumental Palace Hotel?
Não, por se tratar de um hotel pequeno. Tivemos vários contactos, de várias marcas, mas considerámos que o número de quartos é relativamente pequeno para precisarmos da força de uma marca internacional. Acima dos 120 quartos sim.
Considera que faltam marcas internacionais no Porto e em Portugal? O problema é que o Porto até há bem pouco tempo não era um destino demasiado atraente para as marcas, pelo preço de venda dos quartos, agora começa a ser. Mas ainda há um problema. Para os projectos bons, ou seja, bem localizados, normalmente as marcas querem fazer contratos com os proprietários, mas para que a margem chegue para o proprietário e para a cadeia internacional que quer fazer o management, é muito difícil, ainda não estamos bem nesse ponto. Por isso, para um empresário que conheça o sector, que tenha capacidade de gestão na área hoteleira e de promoção internacional, é muito mais fácil conseguir colocar o produto lá fora e ter melhores margens. Se tiver que dividir com uma marca, aí ainda não estamos com preços suficientemente elevados para que seja confortável para todas as partes.
Foi contactado ou analisou alguma proposta de hotéis existentes no mercado, nomeadamente de Fundos de Investimento?
Não, porque os Fundos não querem vender hotéis, estão contentes com a posição deles, porque é uma posição fantástica. Se os Fundos fizessem a asneira de andar a vender as unidades, deixavam de ter as rendas que recebem para aquela gestão. É uma questão sensível, porque foram criados para resolver o problema e para colocarem no mercado as unidades. Mas isso tem um efeito perverso, porque se as colocam, deixam de ter o seu o próprio negócio. O seu negócio é aguentar ao máximo aqueles activos, enquanto os bancos lhes vão pagando pela sua gestão. Por isso, não vejo grande vontade e, julgo que ninguém na indústria vê, grande vontade desses fundos de vender os hotéis. Estão numa posição muito boa, até em termos de concorrência, têm uma posição privilegiada em relação a toda a gente, porque obtiveram os activos de forma muito barata. Por isso, para eles é relativamente fácil poder gerir tantas unidades.
“O negócio da hotelaria não é igual em todo o País, tem diferentes características, consoante a região, seja Algarve, Madeira, Lisboa ou Porto e Norte. Estas regiões têm um ponto em comum: o negócio têm melhorado, as ocupações e o preço médio tem subido.”
DOURO
Como surgiu o negócio do Douro Marina Hotel, em Mesão Frio, no Douro?
Este projecto já existe há mais de 12 anos. Na altura surgiu no seguimento do Plano de Desenvolvimento Turístico do Vale do Douro (PDTVD), encomendado pela Agência Portuguesa de Investimentos (API), que fez um estudo aprofundado do que seriam as necessidades e a estratégia para o desenvolvimento turístico e hoteleiro da Região do Douro. Esse estudo identificou que a oferta existente na região não teria sucesso por não ter número de camas mínimo para se promover. Seriam precisos três grandes resorts: um no Baixo Douro, outro no Centro e outro do Alto Douro, que serviriam de âncoras para a restante oferta. Quase como o modelo de um Centro Comercial, que tem uma ou duas lojas âncora, que atrair clientes a outras lojas mais pequenas. Foi daí que surgiu a ideia, comprei o terreno para construir um dos três resorts previstos no plano que foi lançado na altura.
Em que fase se encontra o projecto?
Está numa fase bastante avançada. O projecto já está aprovado pelo Turismo de Portugal e está na fase final de aprovação pela Câmara Municipal de Mesão Frio. No dia 19 de Fevereiro terminou o prazo de resposta da Câmara Municipal para aprovação do projecto de arquitectura.
O que está planeado?
São 180 quartos, um auditório para 500 pessoas, de forma a atrair clientes no Inverno. O Douro tem este problema de sazonalidade, como a maior parte das regiões portuguesas. No Inverno é muito difícil encher as unidades. A melhor forma de fazê-lo é captando pequenos congressos e conferências até 500/600 pessoas. É para isso que nos estamos a preparar, porque conseguimos entrar nesse mercado com alguma facilidade, especialmente com as características que desenhámos para o local.
O projecto continua a ser válido, mesmo após terem surgido mais unidades no Douro?
Sim, porque essas unidades não têm dimensão, não se vê grande promoção dessas unidades lá fora.
Neste caso em concreto, vão trabalhar com outra marca?
Sim, poderá ser uma marca nacional ou internacional, tenho estado em conversações.
Vai construir mais hotéis em Portugal?
Continuo a ter interesse em construir um hotel na baixa de Lisboa, quando aparecer o edifício com as características certas e no local certo, gostaria de fazer um hotel até 80 quartos.
Apenas em Lisboa?
Sim, e na Baixa. O nosso perfil de clientela é assente em clientes cujos interesses são a cultura, paisagem, gastronomia, história e arquitectura.
NOVO PROJECTO EM GAIA
O que está previsto para o hotel de Gaia?
Vai ser um hotel de cinco estrelas em Gaia virado para a Ponte de São Luís, com 86 quartos, e vai ser o único hotel em Portugal com uma entrada em cima da água. A parede vertical do hotel está em cima do Rio Douro. Encomendámos um táxi de madeira em Veneza para fazer o transporte da Ribeira do Porto até ao hotel. Temos também um bloco de 22 apartamentos que serão assistidos pelo hotel. Será o primeiro hotel cujo nome terá uma marca centenária do Vinho do Porto.
O investimento no Monumental Palace Hotel completa a actividade do grupo Mystic Invest, que já tem cruzeiros no Rio Douro, empresa de helicópteros, frota de autocarros panorâmicos, museu. Ainda faz sentido chamar à Douro Azul um empresa de cruzeiros?
Faz pela facturação. O negócio da hotelaria nunca igualará os cruzeiros. Este ano temos uma previsão de facturar mais de 100 milhões de euros em navios, não há hotelaria que se aproxime disso. A Douro Azul continua a ser uma empresa de cruzeiros, porque os cruzeiros ainda representam 98% da nossa facturação e vão continuar.