A restauração nunca foi um setor estático. Pelo contrário, está em constante mutação, acompanhando mudanças nos hábitos de consumo, avanços tecnológicos e novas formas de trabalho. Mas há um ponto que continua a ser inegociável: a experiência do cliente depende diretamente da equipa. E é aí que entra um dos maiores desafios do setor — atrair, gerir e reter talento num mercado cada vez mais exigente.

Captar bons profissionais para a restauração é quase uma arte. O ritmo acelerado, os horários flexíveis e as exigências operacionais tornam a seleção ainda mais desafiante. E já não basta apenas preencher vagas: é preciso encontrar profissionais que se identifiquem com os valores da empresa e se sintam motivados a dar o seu melhor.

As redes sociais, o employer branding e parcerias estratégicas com escolas de hotelaria têm vindo a ganhar destaque como estratégias eficazes. Mais do que isso, os programas de on-the-job training são essenciais para integrar novos talentos de forma ágil e envolvente. Afinal, aprender na prática e sentir-se parte de algo maior pode ser o fator decisivo para que um profissional escolha ficar.

Se há algo que distingue uma operação bem-sucedida de uma operação mediana é a gestão de equipas. Comunicar de forma eficaz, dar feedback atempado e criar um ambiente de trabalho positivo não são meros detalhes, são peças fundamentais para garantir equipas comprometidas e alinhadas. E, a tecnologia tem um papel crescente neste campo. Plataformas digitais quer de identificação, quer de gestão de staff, permitem agilizar escalas, gerir turnos e garantir que as equipas estão sempre no número certo para responder à procura. Além disso, a formação contínua e planos de desenvolvimento profissional são investimentos que pagam dividendos a longo prazo.

A automatização e a inteligência artificial já estão a transformar processos operacionais na restauração, mas há algo que nunca será substituído: o toque humano. A empatia, a atenção ao detalhe e a capacidade de criar uma experiência memorável são competências essenciais que continuarão a ser altamente valorizadas.

Ao mesmo tempo, o modelo da gig economy está a redefinir a forma como o trabalho na restauração é encarado. A possibilidade de escolher quando e onde trabalhar está a tornar-se cada vez mais apelativa, permitindo um equilíbrio entre vida pessoal e profissional que antes era impensável no sector.

Atrair, gerir e reter talento exige uma abordagem moderna e holística. A restauração do futuro será um setor que combina tecnologia, formação e flexibilidade para responder às exigências de um mundo em rápida mudança. O segredo do sucesso estará nas empresas que conseguirem criar um ambiente onde os profissionais se sintam valorizados e onde o crescimento pessoal e profissional seja incentivado. Afinal, uma equipa bem estruturada não é apenas um ativo, é o coração pulsante de qualquer operação de sucesso no sector.

*A Publituris Hotelaria manteve a grafia original do artigo.

**Artigo de opinião publicado originalmente na edição 224 da revista Publituris Hotelaria