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Opinião: A crescente importância da tecnologia para os operadores hoteleiros

Leia a opinião de Karina Simões, Head of Hotel Advisory na JLL Portugal.

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Opinião: A crescente importância da tecnologia para os operadores hoteleiros

Leia a opinião de Karina Simões, Head of Hotel Advisory na JLL Portugal.

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Pesquisas recentes indicam que a tecnologia é a principal prioridade dos operadores hoteleiros para 2024. Imagine entrar no lobby de um hotel e fazer um check-in com tecnologia de reconhecimento facial, e de seguida conseguir, através da utilização de uma app, solicitar serviço de quartos, e o mesmo ser prontamente entregue no seu quarto por um robô?

Em alguns hotéis o acima descrito é já uma realidade. Por exemplo, os hóspedes do resort Marina Bay Sands, em Singapura, podem evitar filas e fazer o check-in recorrendo à utilização de tecnologia, fazendo scan dos seus rostos e desbloqueando os quartos que lhe estão atribuídos, tudo recorrendo apenas ao telemóvel na palma da sua mão. No Rolling Hills Hotel, nos arredores de Seul, os hóspedes do hotel podem fazer pedidos de serviço de quarto por meio do Kakao Talk, uma app de mensagens, e acompanhar a entrega por um robô em tempo real. Em Portugal temos já também hotéis que aderiram a estas inovações tecnológicas, tais como o Yotel no Porto, onde os hóspedes podem fazer o check-in através de uma aplicação e o serviço de quartos é feito por robôs. Estas tecnologias não estão apenas a melhorar a experiência do hóspede, estando também a contribuir para atenuar as dificuldades sentidas no recrutamento de recursos humanos para hotelaria.

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À medida que a procura se torna mais sólida no período pós-Covid, é opinião generalizada que a crescente dificuldade em recrutar colaboradores precisa de ser resolvida com urgência, estando desta forma os hotéis a focar-se crescentemente na implementação de tecnologias viáveis para atenuar esses desafios no curto prazo. Assim, o recurso a tecnologia é nesta fase uma das principais prioridades dos operadores hoteleiros em 2024, sendo as principais funções onde os hotéis lutam para encontrar talentos as áreas de Alimentação e Bebidas, além de Recepção, onde a adoção das novas tecnologias está a ser mais evidente.

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Dito isto, estamos num contexto em que os operadores hoteleiros estão a aumentar as suas alocações em termos de budget, para implementar soluções tecnológicas que lhes permitam adotar soluções de inteligência artificial, tecnologia móvel, proporcionar experiências personalizadas para os seus hóspedes, bem como adotar práticas sustentáveis, com o objetivo de melhorar eficiências operacionais, potenciar os níveis de satisfação dos hóspedes, personalizar serviços e melhorar os níveis de competitividade num contexto de rápidas alterações no contexto tecnológico. Desta forma, estão a ir ao encontro das expectativas dos hóspedes, bem como a promover o crescimento.

Karina Simões
Head of Hotel Advisory na JLL Portugal

*Artigo de opinião publicado na edição 214 da Publituris Hotelaria

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Opinião: “Pressão Turística – o Papel dos Hoteleiros”

Leia aqui o artigo de opinião de Luís Pedro Carmo Costa, sócio da Neouturis.

Não vale a pena escamotear que em Lisboa, no Porto e no Algarve, em alguns períodos do ano, existe uma pressão turística que impacta na qualidade de vida dos residentes e no caso do Algarve na qualidade ambiental do destino. Pressão turística não é “Overtourism” e é, pois, importante, passar esta mensagem para a opinião pública.

É evidente que, pelo menos a curto prazo, uma maior pressão turística afeta positivamente as receitas e resultados da hotelaria, e a hotelaria é, para todos os efeitos, uma atividade económica de forte investimento com o objetivo (legítimo) do lucro. A hotelaria torna-se, pois, um alvo fácil para quem não concorda com o modelo capitalista e que veem no lucro a ganância.

Por outro lado, e todos já vimos este fenómeno em vários destinos, demasiada pressão turística pode levar à degradação do destino, a este “passar de moda” com consequências nefastas para a rentabilidade da hotelaria. Julgamos, pois, que o setor tem de antecipar esta situação e agir através de várias formas.

1. Promoção de estadas mais longas: Um turista que fica quatro noites no mesmo hotel dá tanta receita de quartos como dois turistas que ficam duas noites e tem maior possibilidade de gerar mais receita nos restantes serviços do hotel. Os custos de um turista que fica quatro noites são também mais baixos para uma unidade hoteleira; basta pensar na limpeza dos quartos. Assim, a promoção do slow travel por parte da hotelaria, por exemplo através de tarifas mais elevadas para quem só fique uma ou duas noites e decrescentes a partir da terceira, pode contribuir para aliviar a pressão turística;

2. Promoção do off-peak travel: Neste ponto, para além de tarifas mais reduzidas, cabe também à hotelaria informar o potencial cliente das vantagens de vir fora da época alta, promovendo as atividades que existem no destino ou mesmo desenvolvendo atividades na unidade hoteleira;

3. Promoção de destinos menos conhecidos: Um cliente que se aloja num hotel do Porto, pode, depois de visitar o Porto, visitar num dia Guimarães, Braga, Aveiro ou a Régua, num comboio confortável. Ou as cadeias hoteleiras podem promover a estadia nestas cidades, com uma visita ao Porto. A hotelaria de Lisboa também pode incentivar a visita a Setúbal, a Santarém ou aos enoturismos que rodeiam a cidade;

4. Coordenação de esforços com as entidades públicas: A hotelaria tem um papel vital, não somente de exigência, mas de ajuda às entidades públicas envolvidas no setor do turismo; refletir sobre um novo modelo de taxa turística (mais elevada nas primeiras noites e substancialmente mais baixa a partir da terceira), a promoção conjunta de destinos e atividades menos conhecidas ou de eventos, a criação de pacotes de descontos para estadas longas.

Poderíamos elencar mais medidas, como a educação dos hóspedes sobre hábitos e costumes locais ou mesmo a manifestação do setor contra cruzeiristas que não dormem no destino. Julgamos, pois, que o mais importante é não ignorar o problema (porque o é) e tomar medidas para o minimizar; só assim será possível manter a qualidade dos destinos e consequentemente a qualidade e rentabilidade do setor.

Luís Pedro Carmo Costa
Sócio da Neouturis

*Artigo de opinião publicado originalmente na edição 218 da Publituris Hotelaria

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Opinião: “O Turismo pet friendly e a hotelaria”

Leia aqui a opinião de Maria João Pavão Serra, Pet Friendly Travel Expert.

Ser pet friendly, mais que uma moda, é uma realidade que veio para ficar. Longe vão os tempos em que os cães serviam para guardar as casas; atualmente fazem parte do conceito das novas famílias, as multiespécie!

Em Portugal, segundo o Sistema de Informação de Animais de Companhia (SIAC), os animais de companhia registados já ultrapassam os quatro milhões. Alguns relatórios de pesquisa apontam que um número significativo dos millennials preferem adotar animais de estimação a ter filhos, e tratam-nos como se fossem seus filhos, com direito a seguros de saúde, alimentação cuidada, brinquedos e até creches, entre outros mimos.

E este laço transporta-se também para o turismo. Cada vez há mais pessoas que se recusam a viajar sem os seus familiares de quatro patas. Muitos deixam de ir a um lugar que não os aceita. Há bastantes estrangeiros que deixam de voltar a Portugal, pois consideram que o país não é pet friendly.

Numa época em que a palavra inclusão faz parte da ordem do dia, o turismo deveria seguir também esse rumo. Apesar de haver cada vez mais estabelecimentos hoteleiros e de restauração a receber clientes de quatro patas, estamos longe de ser um país pet friendly!

O que é ser pet friendly?

É a expressão adotada mundialmente para informar que um lugar ou estabelecimento é “amigo dos animais domésticos”, que naquele lugar os pets são bem-vindos.

Infelizmente há profissionais de turismo que não entendem este significado. Já recebi respostas tão absurdas como: “Sim, somos pet friendly, mas não aceitamos animais”; “Sim, somos pet friendly, o seu cão pode ficar numa casota que temos na rua”; “Somos pet friendly só na época baixa”.

De qualquer forma é um facto que, cada vez mais, o setor hoteleiro está atento a esta oportunidade de negócio e cada dia é maior o número de estabelecimentos que abrem as portas aos animais de estimação.

Política pet friendly

Para quem aceita clientes de quatro patas é fundamental que tenha uma política pet friendly clara e legível no seu website, uma vez que não há regras definidas, e variam caso a caso. Isso ajudará o hóspede a saber o que o espera e a não ter agradáveis ou desagradáveis surpresas à chegada. É fundamental especificar se: aceitam só cães, ou também gatos e coelhos (ou mesmo outros animais domésticos, como furões); se há número limite de animais por quarto; se cobram taxa extra; se impõem limite de peso; se pode ficar sozinho no quarto; quais as áreas que pode frequentar; outras exigências, como uma caução ou apresentação do boletim de vacinação.

Pet amenities

Permitir a presença dos pets não é o bastante para agradar ao público pet friendly, que está cada vez mais exigente. Fidelize os seus hóspedes com mimos para os clientes de quatro patas. Forneça cama, comedouro, bebedouro e sacos para os dejectos. Receba o animal com um welcome snack. Tenha uma lista de pet sitters, espaços de grooming, veterinários, parques e restaurantes pet friendly nas proximidades. Tenha um “Cãocierge”, um simpático funcionário de quatro patas.

Tudo isto ajuda a fidelizar o cliente, que voltará e passará a palavra. Conquiste esse público cada vez maior que considera os seus animais como parte da família!

Maria João Pavão Serra
Pet Friendly Travel Expert
Instagram: @petfriendly_pt
www.petfriendlyportugal.com

*Artigo de opinião publicado originalmente na edição 218 da Publituris Hotelaria

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Opinião: “Será que compensa ser sustentável?”

Leia aqui a opinião de Graham Miller, professor de negócios sustentáveis e diretor académico do Westmont Institute of Tourism and Hospitality Nova School of Business and Economics.

Uma das questões frequentemente colocadas pelos empresários sobre a sustentabilidade é se compensa ser sustentável. Este é o “Santo Graal” para os investigadores que se dedicam a estudar as empresas sustentáveis. Se pudéssemos provar que é rentável ser sustentável, não haveria discussão sobre o dever ou a responsabilidade das empresas e não haveria necessidade de legislação. Em vez disso, as empresas seriam sustentáveis porque seria financeiramente vantajoso fazê-lo. Há mais de 50 anos, Milton Friedman, economista galardoado com o Prémio Nobel, defendeu que a responsabilidade social das empresas consiste em maximizar os lucros para os acionistas. No entanto, até Friedman defendia que, se fosse rentável para uma empresa apoiar projetos sociais e ambientais, então deveria fazê-lo.

O mundo de hoje é muito diferente daquele em que Friedman viveu. Os desafios ambientais e sociais que enfrentamos são agora muito mais óbvios, embora os sinais de aviso estivessem à vista de Friedman. No entanto, as empresas continuam a mostrar-se relutantes em efetuar mudanças significativas no seu modo de funcionamento, a menos que haja provas de que é rentável fazê-lo. Eis, portanto, alguns argumentos a favor da mudança.

A forma tradicional que as empresas encontraram para ganhar dinheiro com a sustentabilidade foi distinguirem-se da concorrência e depois cobrarem aos clientes um prémio pelo seu produto. Este era o modelo dos gelados Ben & Jerry’s ou da Body Shop. O problema desta estratégia foi que, quando cada vez mais empresas decidiram optar pela sustentabilidade, o ponto de diferenciação desapareceu. No mês passado, a Body Shop declarou falência no Reino Unido.

Em vez disso, os meios de comunicação social alimentaram o risco de boicotes dos consumidores às empresas que NÃO estão a abordar a respetiva sustentabilidade. O consumidor deixa de ser uma fonte de incentivo positivo para se tornar um risco considerável.

Está provado que ser sustentável reduz o risco que a empresa enfrenta, o que traz alguns benefícios muito reais. Durante a pandemia de COVID-19, as empresas com os níveis de risco mais baixos foram as que sobreviveram melhor e demonstraram um desempenho financeiro mais sólido. Isto é atrativo para os investidores que sabem que a forma de ganhar dinheiro com investimentos financeiros é ao adotar uma abordagem lenta e constante em vez de tentar apostar tudo na próxima grande novidade! Um sinal interessante do que está para vir é o facto de a ExxonMobil ter desafiado um grupo dos seus acionistas a impedir uma proposta de resolução dos acionistas que exorta a Exxon a estabelecer objetivos mais ambiciosos de redução das emissões de carbono. A Exxon argumenta que isto constitui uma “agenda extrema” que está a forçar a “ExxonMobil a mudar a natureza da sua atividade normal ou a cessar completamente a sua atividade” . Neste caso, os acionistas estão a dizer explicitamente à Exxon-Mobil que querem que a empresa melhore significativamente as suas ações no domínio do clima como uma prioridade em relação à maximização dos lucros. O financiamento verde tem vindo a crescer consideravelmente, com muitos bancos a oferecerem agora melhores condições de empréstimo se a empresa investir em projetos de sustentabilidade e procurar alinhar-se com os objetivos globais em matéria de alterações climáticas e biodiversidade.

Outra forma de a sustentabilidade trazer benefícios financeiros é através da capacidade de contratar e manter os melhores funcionários. Digo aos meus alunos que só lhes darei uma referência para um emprego se a empresa for uma boa empresa que está a levar a sério os seus esforços para ser sustentável. Os alunos que se formam hoje investiram significativamente na sua educação, por isso não quero que desperdicem esse investimento ao trabalhar com uma empresa que não merece os seus talentos. À medida que se torna cada vez mais difícil encontrar pessoas qualificadas e motivadas, a reputação de uma empresa determinará quem é bem-sucedido no recrutamento e manutenção dos melhores profissionais.

O último aspeto da questão de saber se compensa ser sustentável está relacionado com a quantidade crescente de legislação da União Europeia (UE) relativa à medição e comunicação de impactos através da Diretiva de Reporte de Sustentabilidade Corporativa (CRSD ou Corporate Sustainability Reporting Directive). Esta legislação, que obriga as empresas a revelarem com exatidão os impactos da sua atividade, inclui não só as grandes empresas, mas também todos os que se encontram na sua cadeia produtiva. Há um número crescente de processos judiciais que estão a ser travados e ganhos com base no facto de as empresas não divulgarem com exatidão os seus impactos ou não tomarem medidas suficientes para cumprirem as suas pretensões de serem sustentáveis. Os procuradores franceses foram convidados a considerar a acusação de “homicídio involuntário” contra o CEO da TotalEnergies devido às mortes causadas pelas alterações climáticas e ao papel que a empresa de energia desempenhou conscientemente na crise climática.

Uma última reflexão é que poderíamos simplesmente tornar as nossas empresas sustentáveis porque é o que deve ser feito. Olhar para trás, no futuro, e argumentar que não fizemos tudo o que podíamos para proteger o clima e a biodiversidade porque não conseguimos encontrar uma forma de ganhar dinheiro com isso, não me parece um argumento forte!

Será que compensa ser sustentável? Há dinheiro a ganhar, especialmente para as empresas que agem de forma sincera e eficaz, mas ser sustentável também parece muito melhor do que todas as outras alternativas!

Graham Miller
Professor de Negócios Sustentáveis e diretor académico do Westmont Institute of Tourism and Hospitality Nova School of Business and Economics

*Artigo de opinião publicado originalmente na edição 217 da Publituris Hotelaria

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Opinião: “Cocriar Sustentabilidade no Turismo!”

Leia aqui a opinião de Rodrigo Borges de Freitas, diretor-geral de operações no Vila Petra e delegado da ADHP na região do Algarve.

As pessoas são o pilar do desenvolvimento económico de Portugal. Identificadas as tendências do nosso setor, é tempo de ajustar a realidade social e das infraestruturas para que:

  • A globalização e a importância dos mercados tradicionais e emergentes se possam converter numa oportunidade;
  • A regulamentação e a adequação da oferta de alojamento se possam concretizar;
  • A acessibilidade e a capacidade aeroportuária se possam fortalecer;
  • O poder da oferta low cost se possa fazer entender;
  • Em conjunto, o flight shame no destino se possa evitar;
  • As experiências lúdicas e culturais correspondam à sofisticação da procura.

Cocriar é partilhar na origem, é criar em conjunto, ao mesmo ritmo e no momento certo. É um processo integrado, colaborativo e exigente, em que organismos públicos, reguladores e empresas geram valor através da sua interação com outras pessoas.

O retorno, a recomendação e a promoção oferecem insights sobre tradições e culturas, promovendo a interculturalidade e consolidando o processo de cocriação, pensado para as pessoas com base nas suas tradições, visando fidelizar pessoas a locais.

Experiências exclusivas e personalizadas atendem às demandas do vício de viajar e explorar novos lugares. Nada nos é garantido, nem sucesso, nem satisfação, portanto, empresas atentas aos cenários são, hoje, mais competitivas. A não regulamentação de alguns “nichos”, tal como a omnipresente conectividade entre a necessidade, a procura e os interesses, apressam decisões, fazendo de cada viagem uma competição pela adaptação às expectativas das pessoas. Hoje esmagam-se lucros, e receitas tradicionais como a redução de custos e a reengenharia das operações, embora importantes, já não resolvem os problemas das pessoas.

Assim, é urgente que o setor público crie infraestruturas essenciais, que fiscalize, humanize e não reduza “pessoas” à sua condição “desgraçada” por viverem em zonas turísticas.

É urgente capacitar e garantir oportunidades, proporcionar qualidade de vida, trabalho digno, colaborativo e equitativo, privilegiando competências e tradições, exigindo aos reguladores a adaptação das realidades às necessidades das pessoas. Transportes públicos, combustíveis, impostos, taxas, alimentação, saúde, educação, acesso à informação, habitação e cultura não podem ser, no século XXI, motivo de exclusão entre pessoas. Antes, de inclusão! A hospitalidade deve salvaguardar a qualidade do destino!

O saber ser e estar, criar e respeitar, envolver e potenciar, medir e avaliar, fazendo diferente e respeitando a cultura, faz da cocriação uma ferramenta poderosa que, impulsionada em conjunto, garante que as experiências turísticas são autênticas, significativas e responsáveis, também pela preservação das condições das pessoas, dos recursos naturais, da cultura e das suas tradições.

Se “cocriarmos”, o nosso setor servirá, sempre, para acelerar a criação de valor, acrescentando-o onde é mais necessário, em benefício das pessoas e da sustentabilidade do turismo em Portugal.

Rodrigo Borges de Freitas
Diretor-geral de operações no Vila Petra e delegado da ADHP na região do Algarve

*Artigo de opinião publicado originalmente na edição 217 da Publituris Hotelaria

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Opinião: “Não há turismo sem sustentabilidade cultural”

Leia aqui a opinião de Diogo Laranjo, diretor-geral dos Hotéis Heritage Lisboa.

Num mundo cada vez mais globalizado, onde as fronteiras se tornam ténues e as culturas se misturam, a hotelaria emerge como um bastião da identidade local, especialmente numa cidade repleta de história e cultura como Lisboa. A ligação dos hotéis à cultura e ao património de Lisboa não é apenas uma questão de preservação; é uma narrativa vibrante que enriquece a experiência de cada visitante, enquanto contribui para o desenvolvimento sustentável do turismo.

Lisboa, com as suas sete colinas, a luz única que se reflete no Tejo, os azulejos que adornam as fachadas e os recantos que contam histórias de séculos, oferece um cenário ímpar para a hotelaria que deseja mais do que proporcionar uma estadia; deseja oferecer uma experiência. Os Hotéis Heritage Lisboa são um exemplo emblemático desta integração, posicionando-se não apenas como locais de hospedagem, mas como espaços vivos de cultura e história. Instalados em edifícios históricos, cada um desses hotéis conta uma parte da história da cidade, oferecendo aos hóspedes uma janela para o passado, enquanto desfrutam do conforto e da hospitalidade portuguesa.

A preservação do património arquitetónico e a promoção das artes e ofícios tradicionais são aspetos que estes hotéis cuidadosamente integram, criando uma ponte entre o passado e o presente. Esta abordagem não só enriquece a experiência do turista, proporcionando-lhe uma imersão na essência lisboeta, mas também contribui para a sustentabilidade cultural e económica da cidade. Ao valorizar o que é autêntico e único em Lisboa, estes hotéis desempenham um papel vital na diferenciação do destino num mercado turístico cada vez mais competitivo.

Além disso, a integração da cultura e do património na oferta hoteleira contribui para uma consciencialização mais ampla acerca da importância da preservação cultural. Os hóspedes, ao vivenciarem a história e a cultura de forma tão íntima, tornam-se embaixadores da cidade, partilhando as suas experiências e, indiretamente, promovendo a conservação do património.

Contudo, esta missão requer um compromisso contínuo e uma sensibilidade para não apenas conservar, mas também revitalizar a herança cultural, garantindo que ela se mantenha relevante para as gerações futuras. Isto significa colaborar estreitamente com a comunidade local, autoridades de conservação e artistas, para assegurar que o desenvolvimento turístico se faça de forma responsável e benéfica para todos.

A ligação dos hotéis à cultura e ao património de Lisboa não é meramente um diferencial competitivo; é um compromisso com a preservação da identidade e da história da cidade. Ao investirem nesta relação, os hotéis não só enriquecem a experiência dos seus hóspedes, como também contribuem para o tecido cultural e social de Lisboa. Assim, a hotelaria assume um papel de destaque na promoção de um turismo sustentável, responsável e profundamente enriquecedor, tanto para quem visita como para quem reside na cidade.

Diogo Laranjo
Diretor-geral dos Hotéis Heritage Lisboa

*Artigo de opinião publicado originalmente na edição 217 da Publituris Hotelaria

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Opinião: “O Novo Investimento”

Leia aqui a opinião de Francisco Jaime Quesado, economista e gestor – especialista em inovação e competitividade.

Portugal tem agora – com o PRR e o novo Portugal 2030 – um novo ciclo de Investimento. O Investimento é a chave central para uma Nova Agenda de Crescimento. Mas tem que ser um Novo Investimento. Os tempos mudaram e o paradigma hoje impõe a aposta no reforço de clusters centrados na competitividade, aposta na inovação e desenvolvimento, formação qualificada de muitas pessoas. Vivem-se tempos de profunda crise internacional e no contexto da intensa competição entre regiões e mercados a urgência de um sentido estratégico mais do que se impõe. A manutenção e captação de Investimento é fundamental para o sucesso económico do país. Por isso, vai ser preciso apostar em novas plataformas abertas de dinamização de redes globais geradoras de valor.

O Novo Investimento não é só a plataforma de desenvolvimento económico do país mas é também a base de uma nova aposta na inovação e criatividade, nas competências, nos talentos e novas oportunidades. A dinamização da criação de valor e reforço da inovação tecnológica terá muito a ganhar com este Novo Investimento. Por isso, em tempos de crise e de aposta num novo Paradigma para o futuro, o Novo Investimento deve constituir o verdadeiro centro de uma convergência estratégica entre o Estado, a Empresa e todos os que se relacionam com a sua dinâmica. O Novo Investimento tem de se assumir como a referência da aposta num novo modelo de desenvolvimento estratégico para o país. O Turismo e a Hotelaria têm neste contexto grandes desafios pela frente.

O Novo Investimento desempenha um papel de alavancagem da mudança único. Portugal precisa de forma clara de conseguir entrar com sucesso no roteiro do investimento de inovação associado à captação de empresas e centros de I&D identificados com os sectores mais dinâmicos da economia – Tecnologias de Informação e Comunicação, Biotecnologia, Automóvel e Aeronática, entre outros. Trata-se duma abordagem distinta, protagonizada por redes ativas de atuação nos mercados globais envolvendo os principais protagonistas sectoriais (Empresas Líderes, Universidades, Centros I&D), cabendo às agências públicas um papel importante de contextualização das condições de sucesso de abordagem dos clientes. Esta é a agenda que se impõe para a nossa economia e todos devemos estar mobilizados para os seus resultados e impactos.

Francisco Jaime Quesado
Economista e gestor – especialista em inovação e competitividade

*Artigo de opinião publicado originalmente na edição 217 da Publituris Hotelaria

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Opinião: “Excesso de Inteligência Artificial ou escassez de Inteligência Natural na formação em turismo”

Leia aqui a opinião de Nuno Abranja, diretor do Departamento de Turismo no ISCE–Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo.

A Inteligência Artificial (IA) tem sido objeto de estudo há décadas, mas só a partir de 2023 é que começou a chamar à atenção das sociedades globais. O próprio Papa Francisco afirmou que a AI “tem o potencial de contribuir de forma positiva para o futuro da humanidade”, antes de dedicar o Dia Mundial da Paz de 2023 ao uso da IA.

A IA é desenvolvida por meio de algoritmos e modelos matemáticos, baseados na capacidade de sistemas computacionais em realizar tarefas que normalmente se exigiriam à inteligência humana. Por outro lado, a Inteligência Natural (IN), ou inteligência humana, é inerente aos seres humanos e está associada à nossa capacidade de raciocínio, de aprendizagem, de compreensão, de resolução de problemas e de adaptação.

A IN é incrivelmente versátil e adaptável tendo em conta que os seres humanos têm a capacidade de aprender a lidar com situações imprevistas e fazer neuroassociações complexas entre diferentes áreas de conhecimento, recorrendo a emoções, intuição e criatividade, aspetos ainda muito limitados à IA. O problema da IN reside no facto de que a sua utilização depende muito das nossas experiências, das interações sociais, da educação formal e não formal, além da compreensão do mundo de forma holística que a geração atual, no geral, não tem, o que os limita e impede de acrescentar valor acrescentado ao serviço que se pratica no setor do turismo.

Em 2023, uma pesquisa global realizada em 34 países pela Randstad revelou que, entre 7 mil colaboradores de empresas de diferentes tamanhos, apenas 13% tinham recebido algum tipo de formação em IA nos últimos 12 meses. Não deixa de ser um resultado preocupante, considerando que no mesmo estudo a Randstad registou, em 2023, um aumento de 20 vezes no número de vagas de emprego em todos os setores que exigiam competências em IA. O mesmo estudo também indicou que a formação em IA foi classificada como a terceira mais solicitada pelos trabalhadores (após liderança e bem-estar).

Neste sentido, é importante para as empresas turísticas seguirem a recomendação da multinacional de formação Skillsoft, que afirmou ser vital investir na reciclagem e no aperfeiçoamento das capacidades de IA para garantir que todos beneficiem desta tecnologia. Para assegurar isso, esta empresa argumentou que as organizações devem adotar uma postura mais forte na capacitação dos funcionários para o uso da IA de forma estratégica e responsável. Deste modo, as empresas turísticas têm a imperativa necessidade de se adaptar aos grandes desafios da IA e começar a formar os seus ativos, de modo a prepará-los para trabalhar de braço dado com a IA em vez de gerarem seres dependentes das tecnologias de última geração e não absorverem as reais vantagens destas ferramentas.

Como players da maior atividade económica do mundo que somos, é crucial que compreendamos as oportunidades e desafios desta tecnologia transformadora e aprendamos a trabalhar com ela.

Nuno Abranja
Diretor do Departamento de Turismo, ISCE–Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo
CEO, OMelhorDoTurismo – Consultora de Formação

*Artigo de opinião publicado originalmente na edição 216 da Publituris Hotelaria

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Opinião | “Lifestyle Hotels: Crescimento e performance”

Leia aqui a opinião de Karina Simões, Head of Hotel Advisory na JLL Portugal.

É já uma tendência identificada o considerável crescimento dos hotéis lifestyle, com desempenho acelerado, que supera os hotéis não lifestyle em dois parâmetros-chave: aumento dos preços-médios por quarto/noite (ADR) e preço mais alto por unidade no momento da venda.

Na última década, nos Estados Unidos e no Reino Unido, os preços-médios diários (ADR) dos hotéis lifestyle, cujas marcas fazem parte integrante de grupos hoteleiros, alcançaram um prémio de 33,60 dólares em relação aos hotéis não lifestyle, o que sustenta uma receita por quarto disponível (RevPAR) que fica em média 125% acima do RevPAR de todos os outros hotéis de marca. Isso indica uma procura robusta por hotéis lifestyle, que gerarão retornos superiores sobre o investimento e margens de lucro mais fortes.

Diversas fontes de receita, especialmente dos serviços de alimentação e bebidas, levam a receitas totais mais altas, acelerando desta forma o crescimento anual. Na última década, a taxa de crescimento anual composta (CAGR) do RevPAR para hotéis lifestyle superou em 30 pontos-base a CAGR verificada na generalidade dos hotéis de marca, com tendência para um continuado crescimento. Nos últimos cinco anos, a CAGR na receita por quarto disponível para hotéis lifestyle ultrapassou a de todos os outros hotéis integrados em cadeias hoteleiras, em cerca de 50 pontos-base.

Estes KPI’s favoráveis em termos operacionais têm feito com que os hotéis lifestyle se estejam a valorizar mais rapidamente do que os hotéis não lifestyle. O preço médio por unidade (por quarto) dos hotéis lifestyle registou um crescimento anual composto (CAGR) de 3,2% nos últimos dez anos a nível global, com um prémio de 120 pontos-base em relação aos hotéis não lifestyle no mesmo segmento. Devido a esse prémio, espera-se que os hotéis lifestyle continuem a demonstrar um forte apelo para investidores, com um crescimento significativo esperado em localizações urbanas e resorts populares, além de mercados emergentes, como China, Índia e Médio Oriente.

O grupo Accor-Ennismore, que possui no seu portfolio propriedades lifestyle, lidera o segmento na zona EMEA (Europa, Médio Oriente e África). No entanto, existem também grupos privados ou familiares em países como França, Itália, Espanha e Alemanha que tiveram a capacidade de desenvolver marcas lifestyle de sucesso, ainda que com menor expressão.

Outra das vantagens deste tipo de hotéis é o facto de não dependerem de standards muito padronizados. Assim, são adequados para edifícios já existentes, nomeadamente edifícios históricos. Oferecem a oportunidade de incorporar a história local na sua identidade, aumentando a autenticidade da experiência. Dado a tendência crescente de reutilizar imóveis subutilizados na criação de espaços mistos e regenerativos, há bastante espaço para o setor de hotéis lifestyle expandir por meio da conversão de ativos como centros comerciais e prédios de escritórios.

Karina Simões
Head of Hotel Advisory na JLL Portugal

*Artigo de opinião originalmente publicado na edição 216 da Publituris Hotelaria

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Alexandra Ventura, Executive Director no Nova SBE Westmont Institute of Tourism & Hospitality

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Opinião: “O legado dos megaeventos”

Leia aqui a opinião de Alexandra Ventura, Executive Director do Nova SBE Westmont Institute of Tourism & Hospitality.

O turismo de eventos pode ser entendido como o conjunto de atividades exercidas por pessoas que viajam para participar em diversos tipos de eventos – profissionais, corporativos, culturais, sociais, musicais, científicos, desportivos, religiosos, entre outros.

Segundo o relatório publicado pela Allied Market Research, o turismo de eventos atingirá 2.5 biliões de dólares em 2032 a uma taxa de crescimento anual composta de 4.6%, entre 2023 e 2032. Tal também é confirmado pelo relatório do Future Market Insights. Este crescimento é impulsionado pela globalização dos eventos, evolução do turismo experiencial, interesse crescente em eventos desportivos e musicais, investimento governamental na transformação dos destinos anfitriões, emergência de novos destinos, aumento de eventos híbridos, integração de tecnologia e criação de redes de colaboração.

Alguns impactos do turismo de eventos são de curto prazo. No entanto, quando realizados de forma sistemática e sustentável geram desenvolvimento do turismo a longo prazo. Importa, porém, considerar o possível displacement e efeitos negativos nos destinos, tais como diminuição de turistas regulares, aumento de preços, preocupações com segurança, dificuldade de reserva de alojamento e transportes e congestionamento de tráfego.

Do futebol à Fórmula 1 e ao surf, os fãs do desporto viajam mais para desfrutar da emoção de assistir a eventos ao vivo, prolongam as férias e usufruem de uma viagem diferente. No caso dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, estima-se que Paris receba 15 milhões de turistas, bem como o início de um programa de renovação da cidade, com a limpeza do Sena no valor de 1,4 mil milhões de euros.

Portugal vai organizar o Mundial de Futebol de 2030 com Espanha e Marrocos. É mais um megaevento a realizar-se no País depois da Expo 98, do Euro 2004 e das Jornadas Mundiais da Juventude. Importa refletir como estes eventos influenciam a atividade turística e os seus potenciais impactos.

A cobertura mediática e a visibilidade aumentarão a notoriedade turística e a imagem do país. Os fãs de futebol de todo o mundo terão mais um motivo para visitar Portugal. O turismo de eventos impacta o posicionamento de um destino tornando-o, por vezes, num ícone associado a um evento (exemplo de Idanha-a-Nova, palco do Boom Festival, classificada pela UNESCO como Cidade Criativa da Música).

O aumento das chegadas de turistas internacionais gera receitas na cadeia de valor, desde as empresas de turismo e eventos, até aos prestadores de serviços essenciais, com impacto económico na população, através da criação de novos postos de trabalho.

Por outro lado, preparar o país para o Mundial de Futebol requer investimento em infraestruturas. Além da renovação de estádios e centros desportivos, poderá ser necessário investir em estradas, transportes, aeroportos, parques e alojamentos, cruciais para o sucesso do campeonato e para a qualidade de vida dos cidadãos, beneficiários a longo prazo. É, por isso, essencial envolver as comunidades locais, promovendo a coesão social, a inclusão e o espírito de pertença. O evento pode mesmo apoiar causas e projetos locais, incentivar o voluntariado e ser um íman para imersão cultural, entretenimento e interação social. Acolher este megaevento espoleta o sentimento de orgulho nacional, reforçando o patriotismo, criando oportunidade de mostrar ao mundo a paixão pelo futebol e a distinta hospitalidade.

Adaptar eventos às preferências individuais permite aos participantes criarem a sua jornada personalizada. Festivais como o Rock in Rio organizam experiências únicas, com vários palcos de diferentes géneros musicais, instalações artísticas e opções culinárias. A personalização aumenta a satisfação e a fidelização, promovendo uma maior ligação entre evento e participantes.

Os grandes eventos estimulam debates, aprendizagens, colaboração entre os players do turismo, incentivam a troca de experiências entre locais e visitantes, enriquecem a cultura local, preservando-a e revitalizando-a. Artesãos, artistas e profissionais da cultura partilham assim o seu talento com uma audiência mais vasta.

O ambiente é um dos temas na agenda global – são geradas toneladas de lixo, tanto orgânico quanto seco, devido à quantidade de objetos descartáveis e aumenta a emissão de gases poluentes, resultado da maior utilização de transportes. Mas existem oportunidades – investimento em transportes alternativos, utilização de energias renováveis, melhorias na gestão de resíduos e encorajamento de práticas e comportamentos sustentáveis por turistas e por toda a cadeia de valor da organização de eventos (exemplo do Chefs on Fire).

Os avanços tecnológicos revolucionam a indústria – plataformas avançadas de software de gestão, aplicações móveis personalizadas, blockchain, AR, VR, chatbots, assistentes virtuais e data analytics com IA melhoram a experiência dos turistas, fornecem informação e recomendações personalizadas em tempo real, mapas interativos, garantem transparência e segurança nas reservas e pagamentos e ajudam os organizadores de eventos a recolher insights sobre preferências e comportamentos.

Em resumo, o turismo de eventos tem peso na economia e na promoção de destinos, mas requer planeamento cuidado e abordagens sustentáveis para maximizar os benefícios a longo prazo.

Alexandra Ventura
Executive Director do Nova SBE Westmont Institute of Tourism & Hospitality

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Opinião: “Os pilares do valor na hotelaria e o futuro do setor”

Leia aqui a opinião de João Serrano, membro da direção da ADHP e diretor de operações da Fundação Inatel

Nos últimos anos, moldada, entre outras coisas, por novas tecnologias, a indústria hoteleira tem estado em constante evolução, sobretudo para conseguir responder e superar as expectativas do cliente, cada vez mais conhecedor, dinâmico, exigente, num cenário global em constante transformação.

Tendo em conta que as tendências emergentes e a interconexão vital com a aviação – uma boa conectividade aérea é essencial para atrair turistas e aumentar a ocupação dos hotéis – continuarão a moldar o cenário da indústria hoteleira, para prosperar neste ambiente dinâmico os hoteleiros de hoje precisam de se concentrar em quatro pilares de valor.

Para experiências memoráveis, esses pilares são fundamentais, proporcionando um serviço de excelência que, quando devidamente articulado com a qualidade das instalações e a autenticidade cultural, eleva a experiência dos clientes a outros patamares. Quem priorize esses pilares irá garantir a satisfação do cliente, reforçar a reputação do produto hoteleiro e, consequentemente, a fidelização ao mesmo.

Experiência do hóspede
Para se destacar da concorrência, oferecer algo personalizado e memorável é fundamental. Entre outras coisas, isso significa investir em tecnologia para facilitar processos de reserva e check-in, proporcionando um serviço de pormenor e criando ambientes únicos. Através da inteligência artificial e outras tecnologias, a personalização da experiência do hóspede será uma realidade ainda mais vincada. Atividades de fitness, alimentação saudável e opções de spa enriquecem esta experiência e ilustram o foco do cliente no bem-estar.

Localização
Fator crucial na decisão do hóspede. Escolher um local estratégico, com fácil acesso a atrações, transporte público e outros pontos de interesse continua a ser fulcral para o sucesso do produto hoteleiro.

Sustentabilidade
Opções que minimizem o impacto ambiental são cada vez mais importantes para o hóspede, pelo que a sustentabilidade assume um papel preponderante na nossa atividade. Conservação de água e energia, reciclagem e a utilização de materiais ecológicos, bem como outras práticas sustentáveis, são fatores competitivos e diferenciáveis.

Recursos Humanos
Investir na formação e desenvolvimento dos colaboradores é fundamental. Equipas motivadas são essenciais para o sucesso de qualquer hotel e a garantia de um serviço com elevados índices qualitativos, em ambientes laborais favoráveis. Com a globalização, a formação desempenha um papel crucial na capacitação dos líderes hoteleiros. Inteligência cultural, liderança adaptativa e idiomas são essenciais para o sucesso, sobretudo num ambiente internacional. Investir na formação não só melhora a eficiência operacional, mas também impulsiona a inovação e a competitividade.

Em suma, se nos concentrarmos nos pilares de valor da hotelaria e da hospitalidade, superficialmente abordados nas últimas linhas, poderemos todos preparar um futuro promissor, baseado em avanços tecnológicos e preocupações ambientais.

João Serrano
Membro da direção da ADHP e diretor de operações da Fundação Inatel

*Artigo de opinião publicado no n.º 215 da Publituris Hotelaria

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