Há 45 anos a partilhar experiências
Inovação e sofisticação foi algo que o Sheraton Lisboa Hotel & Spa trouxe até à cidade quando abriu portas, em 1972. O 45.º aniversário da unidade deu o mote à entrevista a António Pereira, director-geral do cinco estrelas.
Patricia Afonso
“O cliente português é mais exigente que o espanhol”, admite José Luis Lucas (Hyatt Inclusive Collection)
EPHTL junta alunos e profissionais para debater perspectivas no setor
Cinco hotéis da AP Hotels & Resorts distinguidos com o selo Save Water
Vila Galé cria parceria com a VilacomVida para promover inclusão e diversidade laboral
Alunos das Escolas do Turismo de Portugal ganham medalhas internacionais
Minor Hotels abre oficialmente as portas do NH Collection Gent
Porto Business School e NOVA IMS lançam novo programa executivo “Business Analytics in Tourism”
ESHTE regista aumento de 25% em estágios internacionais
Eurostars Hotel Company chega ao País Basco com dois hotéis
Ariana Rodrigues debate desafios da liderança no “Be Our Guest” da ADHP
Fazem 45 anos, nos quais houve mudanças de regime, vários ciclos económicos e um crescimento exponencial do Turismo em Portugal, que atingiu uma maturidade como nunca. Que balanço fazem destas décadas?
Os 45 anos do Sheraton são uma data muito importante para todos nós, não só pela sua actividade e pelo crescimento constante que, felizmente, temos vindo a evidenciar, mas, principalmente, pela história deste hotel e ainda pelos 45 anos da presença da Sheraton no mercado nacional. Além da história da própria unidade, também o local onde está edificado tem uma história muito interessante, porque antes da sua implementação, este jardim já tinha uma história muito bonita: tinha sido construído neste local uma casa apalaçada que era propriedade do dono e director-geral do jornal O Século, na época, e, depois, mais tarde, foi transformado no famoso Hotel Avis. Este foi o hotel mais importante da cidade, e do País, na altura, por onde passou muita gente importante. Um dos últimos que viveu aqui aproximadamente dez anos foi Calouste Gulbenkian, que todos conhecemos pelo seu legado ao nosso País.
Depois, nasceu o Sheraton, que começou a ser construído em 1970 e abriu portas ao público em 1972. Foi um momento muito importante para a marca e para a cidade, com a ITT Sheraton a construir vários hotéis nos diferentes mercados europeus e a incluir Lisboa no seu plano internacional de expansão. Foi a primeira marca internacional a gerir um hotel na cidade, trouxe para Portugal o conceito de arranha-ceús, tendo o hotel sido considerado na época o edificio mais alto do País. Foi, também, uma das primeiras unidades hoteleiras com 400 quartos e capacidade para 1500 pessoas em sala de reunião em simultâneo, mantendo-se, ainda hoje, entre os edificios mais altos da cidade, sendo apelidado carinhosamente a oitava colina de Lisboa.
São um dos ícones da cidade e nacionais. É difícil manter este estatuto nos dias de hoje?
Não é fácil porque obriga a uma renovação constante, não só na vertente da qualidade dos serviços, inovação através das novas tecnologias e produtos, mas, também, da adaptação da própria estrutura e do hotel às necessidades dos seus clientes, que mudam de forma constante. Hoje em dia, os hoteis não são somente um local para pernoitar, mas, principalmente um local para partilha de experiências, o que nos estimula a uma criatividade constante.
O cliente, mesmo no luxo, quer a experiência, mas já não dispensa as novas tecnologias. Como é que tem sido a adaptação a esta nova era do Turismo?
Quando abrimos ao público em 1972, como é de imaginar, as tecnologias eram bem diferentes, apesar de termos trazido conceitos inovadores para Portugal. O Sheraton continua a ser sinónimo de serviço de excelência, mantendo como maior benefício a fiabilidade de uma marca como a Marriott International e a qualidade comprovada ao logo destes 45 anos, no detalhe do serviço ao cliente. Acompanhamos a evolução das novas tecnologias, permitindo aos nossos clientes o melhor programa de fidelização a nível mundial e ainda a possibilidade de efectuar o seu check-in e check-out através de uma aplicação instalada no seu telemóvel. As tradicionais chaves de quarto estão a ser gradualmente descontinuadas, podendo o cliente usar o seu smartphone para aceder ao quarto. Embora com 45 anos de idade, o Sheraton mantém-se a par das tendências, privilegiando o marketing digital quer através do próprio website, redes sociais ou plataformas de reserva online.
É a tecnologia de ponta que temos, com a vantagem de pertencer a uma multinacional.
Em 1972, ainda antes de abrirem, o director-geral na altura, Mendes Leal, disse que a portugalidade era um dos focos do hotel. Ainda mantêm este foco?
Há uma preocupação muito grande em sentir a essência portuguesa, essa portugalidade, quer seja através do serviço, produtos, a arte de bem receber tão tradicional na nossa cultura, muito reflectida, também, nas experiências gastronómicas que oferecemos ao nosso cliente.
Operação hoteleira
Qual é o perfil do cliente do Sheraton Lisboa hoje em dia?
O nosso segmento mais importante é o de negócios, seguido pelo segmento de lazer (city breaks), tanto nacional como europeu.
Quais são os principais mercados emissores que procuram o Sheraton Lisboa?
Para o Sheraton, e para o destino Lisboa, de forma geral, o mais importante é e será sempre pela sua proximidade o mercado europeu. O mercado brasileiro e norte-americano estão de regresso e em força, revitalizando a economia da cidade. Devo realçar também os importantes mercado emergentes: China, Rússia e países árabes, que cada vez mais procuram o destino Portugal.
Estamos a falar de mercados ligados às novas apostas da TAP e do Turismo de Portugal?
São mercados que estão muito ligados às acções que o Turismo de Portugal tem feito no sentido de promover o nosso destino. Não há dúvida que há aqui um conjunto de situações que favoreceram este panorama actual, esse boom turístico. Não é só da promoção, mas esta ajudou muito. Outra situação que nos beneficiou, diria de forma significativa, foi a estratégia da companhia de bandeira, TAP, e da proximidade do próprio aeroporto, o qual, sem dúvida, nos dá algumas vantagens competitivas na captação de novos negócios. Este, apesar de ser pequeno, consegue funcionar como hub e há cada vez mais pessoas a utilizar Lisboa como ponto de distribuição: vêm dos diferentes continentes, passam por Lisboa, aproveitam e ficam uma, duas ou três noites. Com este modelo conseguimos ajudar o desenvolvimento turístico da cidade. Por forma a continuarmos a crescer de uma forma sustentada, e até que o novo aeroporto seja uma realidade, devemos todos fazer um esforço maior para munir o existente com as ferramentas e meios humanos necessários para fazer face às crescentes necessidades e volume de passageiros. É também necessário que o processo definitivo da escolha do local e implementação do novo aeroporto seja acelerado, sendo igualmente de extrema importância adaptar o destino às necessidades dos congressos de média e grande dimensão, com o investimento necessário para a contrução de um centro de congressos moderno, que acomode eventos de maior dimensão de uma forma mais moderna e confortável.
Quais são os indicadores de operação do Sheraton Lisboa?
Começaria pela cidade de Lisboa, em que, num passado recente, a ocupação média no segmento cinco estrelas andava pouco acima dos 68%. Hoje, é previsível fechar o ano de 2017 com ocupações muito próximas dos 75%, um crescimento de 8% a 10%, o que é significativo. Mas, mais importante, é o crescimento no preço, que cresce muito mais em termos percentuais, o que dá uma receita por quarto disponível já dentro daquilo que o mercado merece. Mas ainda há muito espaço de crescimento. O Sheraton está um pouco acima dessa linha.
Qual é o peso da facturação do vosso F&B?
Hoje em dia, pelas exigências dos clientes que nos visitam, os hotéis adaptaram-se como espaços modernos e eficientes, de forma a proporcionarem a quem os visita experiências, no sentido do conforto, da tecnologia e da gastronomia. Cada vez mais os clientes usufruem das opções proporcionadas pelos hotéis em que se alojam, proporcionando novas experiências e contribuindo para que cada vez mais a receita proveniente da àrea de F&B tenha um peso significativo na receita total da operação, tendo, por vezes e em unidades específicas, um impacto superior à receita proveniente de alojamento.
E a vossa receita geral anda em que valores?
Temos um nível de faturação significativo, o que faz com que este hotel seja considerado um dos hotéis com maior índice de percentagem de GOP na região para a Marriott International.
Futuro
A última remodelação da unidade aconteceu em 2006/2007, têm planos para obras em breve?
Depois da profunda renovação efectuada em 2007, o que fez com que o hotel ficasse como um dos mais modernos da cidade, indo ao encontro das necessidades dos seus clientes, daremos agora continuidade e refrescaremos algumas das áreas do hotel, com uma maior profundidade no SPA e àreas publicas.
Será uma remodelação não tão profunda como a de 2006, mas uma actualização da imagem. Será uma obra gradual, que durará uns anos, poucos, vamos delinear um plano e dar início aos trabalhos.
Já se pode falar em investimento?
Este é um plano de reabilitação a ter início no final do próximo ano e, por essa razão, ainda não temos o conceito totalmente fechado, bem como os quartos modelo para avaliar o investimento.
Turismo e desafios
Como vê o Turismo nos dias de hoje?
Felizmente, e com muita satisfação, vejo uma situação excelente para quem trabalha no Turismo.
O crescimento foi mais acelerado do que se poderia imaginar, fomos, de alguma forma, ajudados por uma série de circunstâncias, não só ao nível do País, que ficou na moda por diversas situações, mas, também, por situações internacionais.
Mas o facto é que o Turismo veio e mostrámos ao visitante não somente a tradicional gastronomia, costumes e hábitos, mas, também, o nosso dinamismo e a capacidade de fazer coisas novas e diferentes.
Ao superar as expectativas e demonstrar a modernidade do País, conseguimos colocar Portugal a ser comentado pelas pessoas e pelos meios de comunicação internacionais, contribuindo, assim, para a promoção indirecta do destino.
Devemos, no entanto, ter o cuidado de repensar e alinhar as estruturas existentes de forma a não defraudarmos as expetativas dos nossos visitantes, e, assim, projectar esta tendência nos próximos anos.
Lisboa, bem como a sua oferta hoteleira, tem ainda algum espaço ocioso que poderá ser preenchido. Para isso, será necessário trabalhar os meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro, considerados como o período de menor ocupação no destino.
Mas, felizmente, vejo que o nosso País está na moda e vai continuar, porque temos tudo o que um turista gosta de ver, experimentar, não vejo razão para que não se encare isso de forma positiva. Claro que temos que ter as preocupações que já referi e saber que isto é cíclico e outros destinos vão acalmar a sua situação actual, melhorar e querer dividir connosco parte deste turismo.
Como vê a concorrência dentro do alojamento nos dias de hoje, entre os hotéis e os diversos tipos de alojamento?
O alojamento alternativo é uma realidade, não podemos querer ‘tapar o sol com a peneira’, está aí e veio para ficar.
Era impensável há três ou quatro anos que a maior companhia de transportes do mundo (UBER) teria essa dimensão sem ser proprietária do equipamento. O mesmo se aplica ao Airbnb, que é hoje o maior concorrente da hotelaria tradicional.
Deverá ser exigido pelas entidades competentes que os organismos oficiais regularizem e legislem essas situações. A concorrência é desleal, considerando as responsabilidades fiscais e normativas bem como a empregabilidade de ambos os mundos.
Na situação actual, o Airbnb e o Alojamento Local já representam uma capacidade superior à da hotelaria tradicional. Além da regularização necessária, é, também, importante assegurar que a oferta tenha a qualidade necessária para não defraudar as expectativas dos clientes que usam estes meios alternativos de alojamento.
Quais são os principais desafios da hotelaria hoje em dia?
Além dos que já falámos, é também importante olhar para as entidades formadoras, adaptá-las às necessidades da hotelaria moderna e formar cada vez mais profissionais em todas as áreas, por forma a podermos dar continuidade à oferta de um produto com a qualidade e serviços compatíveis com os preços que pretendemos continuar a praticar nos anos vindouros e a surpreender quem nos visita.
Como vão comemorar os 45 anos?
Durante todo o ano temos desenvolvido junto dos nossos parceiros acções promocionais alusivas a este acontecimento.
Fechámos este ciclo de comemorações com a nossa gala do 45.º aniversário, no dia 6 de Dezembro, onde contámos com clientes, parceiros, amigos e colaboradores nesta ocasião festiva, terminando o evento com uma actuação de Herman José e entretenimento alusivo às várias décadas pelas quais o hotel tem passado.